Berna prevê garagens para prostituição
A cidade de Berna projeta construção de compartimentos, semelhantes a garagens sem teto, para prostitutas (e prostitutos) dos meios da droga.
O modelo, importado da Holanda, é bastante controvertido.
A cidade de Berna, como outros centros importantes da suíça, Genebra, Basiléia e principalmente Zurique, busca soluções para seus problemas sociais geradores de violência, intervenção da polícia, aborrecimentos e reclamações, como é o caso da prostituição nos meios da droga.
Inspirado no exemplo de Utrecht, na Holanda, surgiu o projeto de construir “boxes” – compartimentos em forma de garagem, mas sem cobertura – onde os clientes de prostitutas (e prostitutos) podem chegar de carro e praticar sexo, dentro do veículo.
De início, de 6 a 8 “boxes”
O problema da segurança seria pelo menos parcialmente“resolvido”. As prostitutas se sentiriam menos ameaçadas pelo fato de sempre haver possibilidade de outras pessoas circularem nas proximidades e de a polícia em missão de patrulha poder aparecer…
Como lembra a coordenadora do projeto, Regula Müller, as prostitutas são muito vulneráveis. Como são toxicodependentes, se prostituem para ganhar o dinheiro para comprar droga. “O cliente pode então pedir tudo e apelar para a violência para o conseguir”.
O projeto é de construir, inicialmente, de seis a oito desses compartimentos, em área isolada, à beira do rio Aar (Marzili). Esses “boxes” seriam provavelmente de madeira, unidos um ao outro. Não se exclui que sejam de cimento.
Para 200 pessoas
Se esses “lugares de trabalho protegidos” derem certo, poderia haver expansão do projeto em outras áreas da cidade, afirma Felix Lerch, da Direção da Segurança Social, de Berna.
A oferta é endereçada a cerca de 200 pessoas que se entregam à prostituição na rua, indicou Lerch. “O objetivo, realça , é a prevenção do crime”, lembrando que no novo local, a polícia teria condições de exercer melhor seu papel de vigilância.
E Regula Müller insiste também que a redução da violência é a finalidade principal do projeto.
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Discrição e maior segurança para os interessados e, também, redução dos dissabores para a polícia e mesmo para os habitantes da cidade, são fatores que parecem orientar o projeto bernês.
Para Helène Lüthi, de uma organização protestante – Verein Kirchliche Gassenarbeit que, em Berna, dá assistência às pessoas envolvidas em droga e prostituição na rua – uma das preocupações das autoridades é “fazer uma limpeza” na cidade. Estariam, no fundo, mais interessadas em retocar a imagem de Berna do que em resolver um problema social grave. Opinião rejeitada pela coordenadora do projeto.
O que Helène Lüthi esqueceu de mencionar é que o atual comércio da droga e do sexo se faz ao lado do Palácio do Governo (Bundeshaus).
Alternativa
A organização Xenia, também de Berna, que é um centro de consulta para prostitutas profissionais, aceitou opinar sobre o projeto, mesmo não estando envolvida. Xênia acha que “esses boxes resolvem em parte o problema da prevenção do crime, mas não bastam”.
Acha também que as prostitutas dos meios da droga não devem ser obrigadas a utilizar o local: “Deve-se deixar-lhes inteira liberdade”. Insiste ainda que não se pode esquecer o cliente das prostitutas nessa busca de solução. A conscientização deve atingir os parceiros sexuais.
Concretização lenta
Xenia estima porém que um bordel com diferentes quartos seria melhor solução que esses “boxes” que o centro de consultas para prostitutas profissionais não tem em alta consideração.
Pode acontecer, porém, que se fale muito de um projeto que pode ficar muito tempo no papel, segundo indicou a coordenadora, Regula Müller. É primeiro necessária uma autorização de construção. E depois podem aparecer oposições de vizinhos que vêm de maus olhos esse projeto que é uma novidade na Suíça.
Swissinfo, J.Gabriel Barbosa
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