Brasileiro não corre “risco sério” de tortura
Wilson dos Santos extraditado para a Argentina não corre risco "sério e concreto" de ser torturado, afirma o Supremo Tribunal suíço que autorizou a extradição do brasileiro considerado testemunha-chave no atentado anti-semina em 1994 que deixou 86 mortos.
O atentado cometido contra um centro judaico na capital argentina em julho de 1994 matou 86 e feriu 300. Até hoje não está elucidado. O brasileiro Wilson Roberto dos Santos, 45 anos, é considerado pela justiça de Buenos Aires uma testemunha essencial para esclarecer o caso.
Wilson estava preso em Zurique desde março, sob mandado internacional expedido pelo juiz argentino Claudio Bonadio e executado pela Interpol, polícia internacional. Ele recorreu ao Supremo suíço contra a extradição, mas sem êxito.
Em meados de dezembro, o tribunal já havia aprovado a medida que foi executada dia 22. Naquele dia, o brasileiro pegou vôo para Buenos Aires acompanhado por 2 policiais argentinos.
Uma semana depois da extradição, o Supremo Tribunal suíço explica por que rejeitou o apelo. Afirma suspeitar que ele tem feito falso testemunho no âmbito da investigação sobre o atentado.
Quanto ao argumento do brasileiros sobre o perigo de ser torturado, não só minimiza o risco, como estima que o simples fato de um Estado praticar a tortura não justificaria a recusa de um pedido de extradição, a não ser que a pessoa envolvida esteja exposta direta e concretamente.
O Supremo indica ainda que Wilson dos Santos poderá receber a qualquer hora visita de representante da embaixada suíça em Buenos Aires.
Resta esclarecer o possível grau de responsabilidade de Wilson Roberto dos Santos. Segundo inquérito policial argentino, ele teria afirmado que advertira o Consulado argentino antes do antentado mas que não teria sido levado a sério. Teria ficado sabendo do atentado por uma cidadã iraniana, sua ex-mulher, entolvida em atentado anti-israelense em 1992.
Acontece que Wilson se retratou em 1998.
Segundo fonte do consulado brasileiro em Zurique, o acusado disse estar investigando o atentado para escrever um livro. O que teria levantado suspeita.
O consulado lembrou também que o Brasil nada poderia fazer contra a extradição, medida que é da área do direito internacional.
swissinfo com agências.
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