Camisinha católica gera polêmica
"Esquecimento é contagioso. Proteja o seu próximo como a ti mesmo" é o lema da campanha de sensibilização à Aids realizada esta semana em Lucerna - cidade majoritariamente católica – que também levantou o debate sobre proteção e abstinência sexual.
Concentrada na situação da Aids na África e na Suíça, a campanha também inclui a distribuição de preservativos.
A distribuição de preservativos é um dos elementos da campanha de prevenção contra a Aids da Igreja Católica em Lucerna, em coordenação com a organização de ajuda Missio que fornece informações no seu centro móvel para jovens interessados.
Como parte da campanha aborda a situação atual da Aids na África e na própria Suíça. Catorze turmas de escolas secundárias se registraram para receber informações sobre o “Aids Truck”, o trailer colorido da campanha intinerante.
Além disso, na ação foram distribuídos preservativos às pessoas que passavam em frente da estação ferroviária de Lucerna, respondendo assim à tarefa de conscientização na Suíça, como indicado no comunicado sobre a campanha publicado no site da Igreja Católica de Lucerna.
“O convite a reflexão pode superar o perigo da indiferença”, diz o chefe da paróquia de St. Johannes, Alois Metz, uma dos oito de Lucerna, cidade majoritariamente católica, com mais de 35 mil fiéis entre os seus cerca de 60 000 habitantes.
“Falei recentemente com um rapaz de 19 anos, que dirige e está terminando sua formação, mas que não sabia como se proteger da Aids, embora já tivesse ouvido algo sobre isso na escola. Só com muita repetição e convite à reflexão é que podemos vencer o perigo da indiferença”, afirmou Metz.
“Temos que abordar o tema”
Metz está ciente de que a questão do preservativo é polêmica: “Devemos falar sobre o perigo de contágio. Nossa Igreja está consciente da necessidade de abordar a questão, informando sobre o que acontece em países como o Quênia, onde devemos agir urgentemente para impedir a morte causada pela Aids”, declarou à swissinfo.ch.
“A abstinência não é a solução. O melhor é para proteger a vida “, disse Metz, um cidadão alemão, que não é padre, mas teólogo da diocese de Lucerna.
Metz disse que os funcionários da igreja e da organização de ajuda Missio, resposável pela campanha, distribuíram mais de 100 preservativos por dia, e que o governo da cidade de Lucerna autorizou a organização da empreitada que “busca simplesmente convidar ao debate sobre as ações de prevenção da Aids”.
“O preservativo não é uma bala de prata na prevenção da Aids, mas uma possibilidade entre outras”, declarou por sua vez, Florian Flohr, porta-voz da Igreja Católica de Lucerna, antes de concluir: “aquele que não aborda a questão da AIDS age de maneira antiética.”
A Igreja Católica sempre enfatizou que o principal objetivo do sexo é a procriação.
Ela se opõe a métodos artificiais de contracepção, tais como preservativos, diafragma e pílula. No entanto, o planejamento familiar chamado de “natural”, baseado na monitoramento do ciclo fértil da mulher, é considerado aceitável.
Na década de 90, o Papa João Paulo II afirmou que, embora os casais tivessem razões muito boas para o planejamento familiar, a interferência artificial era uma violação dos ensinamentos da igreja.
Em 2009, o Papa Bento XVI disse que os preservativos não são a solução na prevenção da Aids. Seu comentário de que a distribuição de preservativos pode até agravar o problema foi terrivelmente criticada.
(Adaptação: Fernando Hirschy)
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