Campanha luta contra violência doméstica
No Dia Internacional da Mulher, a seção suíça da Anistia Internacional lança em Berna a campanha intitulada "Em rota contra a violência doméstica na Suíça".
Uma caminhonete da ONG vai percorrer seis cantões com o objetivo de sensibilizar a população sobre o problema, sobretudo homens e jovens.
Para essa turnê, sobretudo nos cantões do Jura (oeste) e do Valais (sudoeste), a seção suíça da Anistia Internacional (AI) quer sensibilizar a população sobre a violência doméstica. O objetivo é de fazer pressão sobre as autoridades, para que elas combatam com mais afinco o problema.
– A violência doméstica não é vista por muitas pessoas como uma violação dos direitos humanos ou algo de grave – explica Stella Jegher, coordenadora da campanha.
Sem estatísticas
A realidade é que ocorrem diariamente milhares de casos no mundo. Muitas dessas mulheres morrem devido à violência doméstica. Só na Rússia seriam mais de 14 mil.
Na Suíça não existem estatísticas federais. A AI calcula que sejam 40 mortes de mulheres por ano. Apenas em fevereiro, a imprensa helvética publicou reportagens sobre quatro mulheres que foram assassinadas pelos seus maridos. No ano passado, 10 mortes sobre 14 registradas no cantão de Zurique ocorreram num contexto semelhante.
As ameaças, coação, golpes e violências sexuais entre as paredes do lar são o cotidiano de muitas pessoas. Na Suíça, as estatísticas mostram que uma entre cinco mulheres passa pelo drama. Atrás das fachadas nobres de muitas casas, os direitos humanos são violados diariamente.
Leis pouco eficazes
As leis contra violência doméstica fazem pouco efeito. Especialistas acreditam que medidas são necessárias, junto às leis, para garantir o respeito da integridade física e psíquica das mulheres: trata-se de investir mais dinheiro em centros de acolhimento para mulheres, em programas de educação contra a violência, formação de profissionais ou em prevenção nas escolas.
– Se você bate na sua mulher, então não é um homem – afirma Daniel Bolomey, secretário-geral da seção suíça da AI, lembrando uma frase utilizada constantemente pelos terapeutas.
– A contribuição dos homens contra a violência doméstica é essencial. Ainda são eles que dominam o mundo atual, politicamente e economicamente, mas é importante apoiar as mulheres que trabalham nesse setor.
Um cinto e uma faca
A caminhonete da AI representa um domicílio padrão na Suíça, mostrando a boa qualidade de vida e o aparente luxo. Mas nos cartazes surge o testemunho da violência doméstica: um cinto de couro, uma faca de cozinha, uma arma de fogo ou – símbolo do desespero – uma lâmina de barbear.
A exposição também mostra um visto de residência de estrangeiros junto com o título “Sem mim você não tem chance nenhuma nesse país”, fazendo assim alusão ao problema vivido por muitas estrangeiras que, casadas com suíços, aceitam a violência pelo medo de expulsão do país e separação dos seus filhos.
Um outro armário mostra também várias garrafas de álcool, um elemento muito presente no cotidiano da violência contra as mulheres e crianças.
Além de levar a exposição para diferentes lugares da Suíça, a caminhonete também transporta voluntários que irão organizar manifestações e outras atividades nas empresas, ruas e escolas.
swissinfo com agências
Segundo a Anistia Internacional (AI), centenas de mulheres morrem anualmente devido à violência no lar.
Na Rússia morrem aproximadamente 14 mil mulheres.
Na Suíça faltam estatísticas, mas a AI estima 40 mortes em 2005.
Na Suíça, uma mulher em cinco sofre violência caseira.
Desde primeiro de abril de 2004 a violência doméstica é um delito passível de prisão direta, sem que a vítima tenha que depositar anteriormente uma queixa.
O Centro Suíço de Prevenção da Criminalidade (CSPC, na sigla em francês) distingue quatro tipos de violência conjugal: física, psíquica, sexual e econômica.
St. Gallen é o primeiro cantão suíço a ter adotado uma lei que permite afastar o cônjuge violento do domicílio familiar.
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