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“Catástrofe humanitária” em Gaza

Exército israelense invadiu Gaza por terra no último sábado. Keystone

A ofensiva terrestre israelense desencadeou um caos na Faixa de Gaza. "Isso é uma catástrofe humanitária", diz o diretor local da Agência de Cooperação Suíça (DDC), Mário Carera.

O governo suíço voltou a pedir o fim da violência no oriente Médio. O Ministério das Relações Exteriores (DFAE) fez um apelo às partes conflitantes para que cessem as hostilidades.

“Tanto os disparos de mísseis pelo Hamas quanto a ação militar israelense precisam cessar para que acabem os sofrimentos da população civil”, afirmou o DFAE em nota divulgada neste domingo.

Para que possa ser garantida a ajuda humanitária, a fronteira de Gaza precisa ser novamente aberta e o bloqueio israelense tem de acabar, continuou o ministério.

O DFAE protestou contra o fato de as autoridades israelenses terem impedido o ingresso de uma equipe médica de emergência do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Faixa de Gaza. Através da embaixada em Tel-Aviv, o ministério tenta obter o mais rápido possível a autorização de ingresso para a equipe.

O governo suíço advertiu as partes em conflito de que devem “respeitar sem restrições o direito internacional, desde a proteção à população civil, passando pelo acesso às vítimas até a proporcionalidade dos contra-ataques militares”.

Caos em Gaza



Desde o início da ofensiva terrestre israelense, reina o caos em Gaza, informam organizações de ajuda internacional. “Isso é uma catástrofe humanitária”, disse diretor local da Agência de Cooperação Suíça (DDC), Mário Carera.

“Há dias caminhões com mantimentos não têm mais acesso à Faixa de Gaza, onde falta de tudo. Por causa da falta de combustível, não há mais água nem eletricidade”, disse Carera à agência de notícias suíça SDA.

“Os pedidos de cessar-fogo precisam ser ouvidos, a população civil não pode ser transformada em refém dos combates”, disse o chefe do escritório da DDC nos territórios palestinos.

Ajuda bloqueada



“Ao contrário do que afirma o governo israelense, Gaza encontra-se em uma crise humanitária”, diz a suíça Suzanne Leuenberger, da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).

Também Anne-Sophie Bonefeld, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), sediado em Genebra, informa que caminhões carregados com medicamentos e equipamentos médicos estão bloqueados na fronteira da Faixa de Gaza.

Na última sexta-feira (2/01), uma equipe médica do CICV foi impedida de ingressar em Gaza. Os dois médicos e duas enfermeiras deveriam prestar ajuda em cirurgias complicadas no hospital de Shipa.

“O CICV ainda dispõe de estoques de mantimentos em Gaza, mas, diante da atual situação, a distribuição corre perigo”, disse Bonefeld. “No momento, antes de mais nada, temos de proteger nossos funcionários”, acrescentou.

Israel: “Não há crise humanitária”



Já o Ministério israelense das Relações Exteriores insiste que continua permitindo a ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Na semana passada, teria sido autorizada a emtrada de 400 caminhões com mantimentos e 10 ambulâncias.

“O apoio continua sendo garantido. O fato é que na Faixa de Gaza não há crise humanitária”, afirma a embaixada israelense em Berna, em um comunicado.

Ajuda suíça



A Suíça ajuda os refugiados e o povo palestino desde a criação do Estado de Israel, há 60 anos.

Em 2008, a ajuda total à Palestina foi de 12 milhões de francos. Em 30 de dezembro, diante dos bombardeios israelenses, Berna decidiu liberar 4 milhões de francos adicionais a título de ajuda de emergência, através do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos.

swissinfo com agências

O Hamas, no poder em Gaza, rompeu recentemente o acordo de cessar-fogo com Israel – que impôs um bloqueio restrito ao seu território – e recomeçou o disparo de mísseis sobre o país. As Forças Armadas israelenses responderam com uma semana de bombardeios aéreos, seguida por uma ofensiva terrestre iniciada no último sábado. Mesmo assim, o Hamas continua lançando seus mísseis sobre Israel.

Segundo informações do Hamas, desde 27 de dezembro, o conflito armado supostamente causou a morte de 520 palestinos. O número de feridos chega a 2.400. Esses dados não são confiáveis; Israel proibiu a entrada da imprensa estrangeira em Gaza.

No final de semana, cerca de 100 mil pessoas participaram de protestos em todo o mundo contra a operação militar israelense em Gaza. Em Genebra, entre 300 e 400 pessoas participaram da manifestação.

Além de apoiar as agências da ONU, principalmente após o acordo de 1993, em Oslo, que possibilitou a criação da Autoridade Palestina, a Suíça tem seus próprios programas de cooperação na Cisjordânia, em Gaza e Jerusalém Oriental.

A DDC apóia parceiros locais que atuam na promoção dos direitos humanos, da boa prática de governança ou da agricultura, com destaque para a ajuda às mulheres e à juventude.

A Suíça permaneceu em Gaza após a ascensão do Hamas ao poder, em junho de 2007, mas nunca apoiou diretamente o movimento radical islâmico ou qualquer de suas organizações afiliadas.

swissinfo.ch

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