Cidade natal de Roger Federer prefere discrição
Por que a cidade natal do tenista suíço, uma das maiores estrelas mundiais do esporte, não aproveita da sua fama?
A questão é difícil de responder. O certo é que os habitantes associam Münchenstein mais com sua famosa galeria de arte do que com Federer. Uma reportagem sobre a legendária discrição suíça.
Uma probabilidade é que a maioria dos suíços não gosta muito de estar no centro das atenções. Eles não participaram das últimas grandes guerras mundiais, mantém o segredo bancário e, por muitas décadas, recusaram também sem membro da Organização das Nações Unidas (ONU). A adesão só ocorreu depois de muitos debates internos em 10 de setembro de 2002.
Talvez essas características expliquem porque o vilarejo, com um nome que só os suíços conseguem pronunciar, não aproveite da fama do seu mais famoso filho.
Lá não existe nenhum monumento dedicado a Roger Federer ou qualquer forma de símbolo dedicado ao campeão de tênis. Ele também não virou nome de rua, assim como não tem placa na casa onde nasceu ou alguma evidência da sua passagem pela pequena escola primária, localizada logo frente a sua antiga residência.
De fato, o turista que chega Münchenstein e pergunta para os habitantes locais onde cresceu Federer, percebe rapidamente que a resposta é sempre a mesma: eles movimentam os rostos para os lados ou os ombros, mostrando que não têm a menor idéia.
Mas esse não é o caso para a “Schaulager”, a antiga loja que se transformou numa das galerias de arte mais conhecidas na Suíça pelo fato da reforma ter sido planejada pelos famosos arquitetos suíços Herzog e de Meuron.
O mesmo vale para o “Park im Grünen”. Se Münchenstein precisa de uma corte, então ela é esse popular parque recreativo, com lagos idílicos, esculturas em tamanhos gigantescos e playgrounds para crianças.
Old Boys
“Nós precisaríamos fazer mais para honrar Federer, mas a Suíça é pequena demais para lidar com um superstar”, reflete Nick von Vary, presidente do Clube de Tênis Old Boys Basiléia, onde o campeão suíço aprendeu os primeiros truques do tênis.
“Normalmente o suíço mantém distância de celebridades. Não somos o tipo do povo que celebra essas figuras como os americanos”.
Porém se o turista insiste em visitar um verdadeiro “altar” de Federer, então ele precisa ir para o seu clube nos arredores da Basiléia. Lá estão sempre alinhados fotógrafos e até mesmo uma rua recebeu o seu nome.
Num desses dias, uma dupla de jovens jogadores fez fila para receber o autógrafo de Marco Chiudinelli, um membro do Clube Old Boys, que é 101.º no ranking ATP. Os dois cresceram juntos em Münchenstein.
Chiudinelli conta que Roger é uma inspiração para a população da área, apesar da sua relutância de mostrar esse orgulho para fora. Uma prova disso está no interesse crescente que o esporte provoca: trinta jovens acabam de se inscrever no clube de juniores.
Jogar como o Roger
“Alguns deles acreditam que se começam, eles poderão aprender a jogar como Roger”, avalia Madeleine Bärlocher, que coordenava o programa de juniores do clube quando Federer começou a jogar. Ela ensina até hoje os tenistas mais jovens.
A criança com o maior potencial de se tornar a próxima estrela do clube não é um garoto, mas sim uma menina de apenas seis anos, Viviane Handschin. Ela lança e bate na bola com garotos muito mais velhos que treinam com ela. A menina também treina quatro dias por semana para melhorar o estilo.
Porém seu pai diz que Federer não tem um papel muito importante no desenvolvimento do seu interesse pelo tênis. “Jogar bola” é a sua resposta quando perguntada o que faria se não tivesse uma raqueta nas mãos.
Se Federer teve realmente um impacto, então este foi através do crescimento da excelente fama do clube, que ajuda se manter como atraente empregador de treinadores talentosos.
Atualmente o francês Sébastien Ndoumbe é a pessoa encarregada de formar os mais jovens talentos do Old Boys. Antes de vir para a Basiléia ele trabalhou na Flórida, onde lecionou na prestigiosa Nick Bollettieri Tennis Academy.
Ele explica que o foco no seu país natal, a França, está na técnica, apesar da Suíça dar mais preferência para o “sentimento” do jogo.
O curioso é a dificuldade de encontrar esse “sentimento” do jogo de Federer no lugar que realmente marcou a sua vida…
swissinfo, Dale Bechtel
Muitas vezes vista como um subúrbio da Basiléia, Münchenstein é politicamente uma comuna independente.
Ela tem uma população de 12 mil pessoas e é um importante centro industrial na região, com oito mil empregos.
Quando está na Suíça, Roger Federer reside no vilarejo vizinho: Oberwil
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