Perspectivas suíças em 10 idiomas

Comitê Olímpico Suíço critica COI

Jörg Schild, presidente do Swiss Olympic. Keystone

O presidente do Comitê Olímpico Suíço (Swiss Olympic), Jörg Schild, acusa os organizadores das Olimpíadas de não aceitar críticas e propõe que os países anfitriões dos Jogos sejam obrigados a cumprir a Carta Olímpica.

A crítica suíça antecedeu a publicação do novo relatório da Anistia Internacional, segundo o qual a situação dos direitos humanos na China piorou nos últimos sete anos.

O ex-deputado liberal da Basiléia, Jörg Schild, que entre 1998 e 2004 presidiu a conferência dos comandantes das polícias estaduais suíças, provavelmente é o mais incômodo dos cartolas das Olimpíadas.

Em março deste ano, ele conclamou o Comitê Olímpico Internacional (COI) a tomar posição em relação ao conflito entre a China e o Tibete.

Na noite desta segunda-feira (28/07), diante das denúncias da televisão alemã de que, num documento interno, o COI orienta seus funcionários a “driblar” perguntas críticas sobre direitos humanos e liberdade de imprensa na China, Schild disparou mais uma farpa.

“Se as lideranças (do COI) não são mais capazes de receber críticas feitas com base em fatos, então alguma coisa não está correta”, disse o presidente do Swiss Olympic à rede de televisão ARD, da Alemanha.

Ele conclamou o COI a exigir de futuros países candidatos a sediar os Jogos que assumam o compromisso de cumprir a Carta Olímpica.

Segundo Schild, a pressão sobre países anfitriões, como a China, não seria necessária “se na hora da concessão dos Jogos ficasse claro que o país-sede se compromete por escrito com a Carta Olímpica (código que regulamenta o movimento olímpico), como também se exige dos atletas”.

Relatório da Anistia Internacional



As autoridades chinesas e o COI prometeram em 2001 que a situação dos direitos humanos melhoria na China. “Mas não houve melhora e sim uma piora”, conclui a Anistia Internacional (AI) no relatório “Olympics Countdown”, publicado nesta terça-feira (29/07).

O documento aponta especialmente as violações aos direitos humanos que ocorreram ou ocorrem justamente por causa da realização dos Jogos Olímpicos, de 8 a 24 de agosto em Pequim.

“Faxina geral”

A AI critica a expulsão de moradores de Pequim, cujas casas foram destruídas para dar lugar aos grandes projetos de construção civil, bem como a remoção de pessoas “indesejadas” das ruas da capital chinesa.

Além disso, a ONG aborda a situação no Tibete e em Sichuan (sudoeste da China), que se agravou em função de conflitos raciais e catástrofes naturais.

Segundo a Anistia Internacional, as autoridades chinesas reprimem principalmente advogados, que lutam com meios jurídicos contra abusos de poder, e ativistas, que tentam organizar os atingidos.

Essas pessoas seriam presas com base em assim chamadas “leis de interpretação variável” e acusadas, por exemplo, de “separatismo”, “subversão”, “distúrbios da ordem pública”, “ameaça à segurança estatal” ou “revelação de segredos de Estado”.

A AI relata também que muitos chineses encontram-se presos sem nenhuma acusação, sob o pretexto de uma “reeducação para o trabalho” ou “uma reabilitação após uso de drogas”. No ano passado, as autoridades teriam usado os Jogos Olímpicos como pretexto para abusar desse tipo de medida coercitiva.

O relatório da AI aborda também a questão da pena de morte (não há estatísticas oficiais acessíveis sobre o número de execuções) e a censura, especialmente na internet.

Diplomacia silenciosa



A AI conclamou os chefes de Estado e os funcionários do COI a abordar a questão dos direitos humanos nas visitas que farão em breve a Pequim. “A diplomacia demasiadamente silenciosa deles até agora não trouxe grandes progressos”, constata a ONG.

O Ministério chinês das Relações Exteriores rebateu as críticas da Anistia Internacional. “Quem conhece a China, não concorda com isso”, disse um porta-voz do ministério, em Pequim. Ele convidou a AI a olhar a China mais de perto para fazer uma avaliação “objetiva e justa”.

swissinfo com agências

A Suíça participa com 82 atletas das Olimpíadas 2008. A meta mínima é conquistar cinco medalhas.

Os oito dias de competição mais importantes para a Suíça serão:

Domingo 10 de agosto: Marcel Kauter, esgrima
quarta-feira 13: Sergei Aschwanden, judô; Fabian Cancellara, ciclismo; e Katrin Thürig, ciclismo
Sábado 16: Flavia Rigamonti, natação, 800 m
Domingo 17: Roger Federer, final de tênis; Katrin Thürig, ciclismo em pista
segunda-feira 18: triátlon femenino
terça-feira 19: triátlon masculino
quinta-feira 21: Bicicleta de Montanha, com Roger Rinderknecht e Jenny Fähndrich
Domingo 24: Viktor Röthlin, maratona

Mais lidos

Os mais discutidos

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR