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Como lutar contra as bactérias rebeldes

Cultura de Staphylococcus aureus, uma bactéria que causa grandes preocupações nos hospitais Keystone

Segundo um estudo do Programa Nacional de Pesquisa Científica, a maioria dos suíços está preocupada com o problema da resistência aos antibióticos.

Um portal de comunicação acaba de ser lançado para informar mas também conter a divulgação de falsas idéias sobre essa questão.

A resistência aos antibióticos é um problema conhecido pela maioria dos suíços.
Eles estão preocupados 40% querem saber mais sobre a questão, concluiram os pesquisadores mandatados pelo Programa Nacional de Pesquisa 49 (PRN 49)

Cada vez menos eficaz

O Instituto de Pesquisa GFS entrevistou mais de mil suíços. 80% dos interrogados acham que as resistências bacterianas constituem uma ameaça grave para a saúde. Quase o mesmo número de pessoas estima que os antibióticos são cada menos eficazes.

O estudo visava determinar como a população suíça considera a problemática da resistência bacteriana aos antibióticos. É importante por o combate às bactérias rebeldes depende também da higiene e de um consumo sensato de remédios.

Conhecimento parcelado

O portal de informações pensado pelo PRN 49 é formado por cientistas. Ele servirá para informar a mídia e as autoridades.

O dever de informação é importante nos meios científicos, garante Kathrin Mühlemann, epidemiologista na Universidadade de Berna. Ainda mais porque o conhecimento nessa área muito parcelado, cada um sabe um pouco.

A ciência sabe, por exemplo, que a vacina contra a gripe e as doenças infantís podem prevenir as infecções de pneumococos. No entanto, as mini-epidemias não desaparecem e as taxas de resistência aumentam, principalmente entre as crianças.

Questão de sobrevivência

«Ainda temos a situação sob controle”, garante Kathrin Mühlemann. De fato, os pneumococos ainda não resistem a todos os antibióticos e é possível, portanto, recorrer a meios mais eficazes.

Mas estes são menos precisos, portanto, não atacam diretamente a infecção. “É um círculo vicioso porque criam-se novas resistências”, explica a pesquisadora.

As famosas bactérias de hospitais são mais preocupantes. A mais freqüente e mais temida é a Staphylococcus aureus (MRSA).

“Devemos lutar, às vezes, para salvar a vida do paciente. Várias vezes por ano, somos confrontados a casos de resistência a todos os antibióticos conhecidos”, afirma Kathrin Mühlemann.

O Staphylococcus aureus provoca infecções da pele e contaminação do sangue que pode ser fatal para certos doentes mais fracos.

O conhecimento se perde

Frente a essa situação, a inovação em matéria de novos produtos é lenta. Outro membro do PNR 49, Patrick Francioli fala de um certo desinteresse da indústria farmacêutica em desenvolver novos antibióticos eficazes.

“Por enquanto, não é grave mas o que vai ocorrer dentro de alguns anos, quando teremos uma necessidade real?” questiona o médico o médico-chefe do Centro Hospitar do Cantão de Vaud (CHUV).

Francioli lembra que lançar um novo remédio leva dez anos, em média e que, com o tempo, o conhecimento é perdido.

Problemática sem fronteiras

Em matéria de resistência bacteriana aos antibióticos, a Suíça continua ainda está entre os países menos afetados. Mas a situação se agrava até porque porque as bactérias ignoram as fronteiras.

Como a gripe, troncos de resistência podem aparecer em qualquer lugar do mundo e se expalhar como uma epidemia. O viajannte é o agente propagador ideal. Os animais também são vetores de bactérias resistentes.

Mas o essencial não é isso. Kathrin Mühlemann tem a convicção de que “o problema da resistência aos antibióticos está na própria medicina humana como o excesso de prescrição de antibióticos, as medidas de higiene mal aplicadas, etc.

Criar um centro nacional

Mas os dados disponíveis atualmente não são suficientes para ter uma idéia clara da situação na Suíça. O PRN 49 deve permitir justamente isso e melhorar as possibilidades de diagnóstico.

O projeto, iniciado em 2001, vai durar cinco anos e foi financiado (12 milhões de francos suíços) pelo Fundo Nacional de Pesquisa Científica. Fala-se na criação de um centro nacional de vigilância às resistências aos antibióticos na medicina humana (SEARCH).

Diretor do departamento de epidemiologia e doenças infecciosas na Secretaria Federal de Saúde Pública (OFSP), Pierre-Alain Raeber gostaria que esse problemática fosse inscrita na agenda política do Parlamento.

swissinfo, Antoinette Schwab
Tradução: Claudinê Gonçalves

1007 foram interrogadas para a pesquisa PNR 49.
Mais de 70% se dizem preocupadas pelas resistências bacterianas aos antibióticos.
Mais de 40% querem ter mais informações
As bactérias só têm os antiobióticos como inimigas.
O PNR 49 começou em 2001 por um período de cinco anos.

– A grande maioria dos suíços acha que a resistência das bactérias aos antibióticos é uma ameaça para a saúde.

– Um sistema de informação científica foi elaborado no programa PNR 49, para destinado à mídia e às autoridades.

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