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Creche dá início a ajuda suíça em Nova Friburgo

Tratores trabalham na reconstrução da cidade. Prefeitura de Nova Friburgo

Nesta sexta-feira (1º de julho), a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro realizou em Nova Friburgo uma reunião com diversos empresários do município.

O encontro, co-organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), teve como objetivo dar um novo impulso às exportações de setores tradicionais da economia friburguense – como o têxtil e o moveleiro, entre outros – que foram severamente prejudicados pelos deslizamentos de terra e inundações ocorridos nos dias 11 e 12 de janeiro.
 
Essa é mais uma tentativa de tirar Nova Friburgo de uma crise que está prestes a completar seis meses sem solução satisfatória. Entre as cidades da Região Serrana tocadas pela tragédia, a cidade fundada por imigrantes suíços em 1819 foi a mais devastada e até hoje convive com áreas alagadas, em escombros ou repletas de entulho. O desejo dos empresários é estabelecer parcerias com colegas suíços, assim como de outros países, mas até agora a realidade vem esbarrando na aparente falta de disposição da Prefeitura de Nova Friburgo em angariar ou utilizar recursos vindos do exterior.
 
Enquanto as vias de cooperação institucional permanecem bloqueadas, outras frentes se abrem na busca pelo atendimento à população local. Tijolos de uma ponte permanente entre a Suíça e o Brasil, instituições religiosas (Caritas, ligada à Igreja Católica), políticas (Consulado-Geral da Suíça) e não-governamentais (Associação Fribourg-Nova Friburgo) se movem, cada uma a sua maneira, para fazer chegar aos friburguenses a ajuda dada pela população suíça.
 
Vencendo as dificuldades, o primeiro projeto concreto – nos sentidos próprio e figurado – a virar realidade com a ajuda suíça em Nova Friburgo desde a tragédia de janeiro será a construção de uma creche para 150 crianças na localidade de Córrego Dantas, que teve toda a infraestrutura de escolas e creches que possuía destruída pela força da enxurrada. Este é o primeiro projeto pré-aprovado pela comissão de avaliação de projetos criada pelo Instituto Fribourg-Nova Friburgo, figura jurídica que representa a Associação Fribourg-Nova Friburgo e a Casa Suíça (nome de fantasia) de Nova Friburgo.
 
“Algumas instituições têm nos enviado projetos. Nós pré-aprovamos o projeto enviado pela Associação de Moradores de Córrego Dantas e estamos agora em uma fase na qual nós devolvemos a eles o projeto pedindo mais detalhamento técnico, ou seja, um orçamento com a apresentação de todos os custos de forma detalhada”, afirma Maurício Pinheiro, que é diretor da Casa Suíça.
 
Para começarem, as obras de construção da creche dependem apenas da aprovação definitiva do projeto, o que deve ocorrer nos próximos dias. A pedido da Associação de Moradores, uma empresa de material de construção está fazendo uma avaliação de custos da obra. A estimativa é de que o custo total fique entre R$ 100 mil e R$ 150 mil reais: “A partir do momento em que o orçamento estiver pronto e o projeto definitivamente aprovado, nós enviamos uma cópia à Suíça. Se eles também concordarem, em 24 horas esse dinheiro estará disponível no Brasil”, diz Pinheiro.

Seminário de Prevenção

Outra ação de ajuda à Nova Friburgo inicialmente idealizada pelo governo da Suíça ainda não foi confirmada. Com indicativo de data para sua realização em novembro, provavelmente em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o Seminário sobre Prevenção serviria para que grupos especializados em intervenção em casos de catástrofe do Departamento de Assuntos Estrangeiros do governo suíço transmitissem seus conhecimentos a servidores públicos e à população. O evento, no entanto, ainda não foi confirmado.
 
“Estamos prontos para ajudar na organização do seminário. Existe toda a boa-vontade de nossa parte, mas existe uma maneira de proceder em casos de cooperação internacional e não seria correto agirmos sem receber um convite da Prefeitura de Nova Friburgo”, afirma o cônsul-geral da Suíça no Rio de Janeiro, Hans-Ülrich Tanner. Esse convite não aconteceu até agora. Em busca de uma solução diplomática, Tanner chegou a viajar à Suíça em junho para conversar com autoridades do Cantão de Fribourg.

Desconforto

Embora as autoridades suíças não digam isso, existe um desconforto evidente com a atuação da Prefeitura de Nova Friburgo na aplicação das verbas destinadas à reconstrução da cidade. A administração municipal parece pouco disposta ao diálogo desde que o Ministério Público Federal instaurou inquérito civil para determinar como foram gastos cerca de R$ 10 milhões doados pelo governo federal logo após a tragédia. O primeiro ofício do MP com pedido de informações à Prefeitura foi recebido em 25 de janeiro. Desde então, outros 19 ofícios já foram enviados sem que houvesse resposta.

Apesar das dificuldades, a ajuda suíça à Nova Friburgo não deixará de ser feita, no que depender da vontade de seus promotores: “Tanto a Associação Fribourg-Nova Friburgo quanto o governo suíço estão prontos e querem fazer ajuda humanitária. Isso nunca foi posto em xeque, afinal a suíça tem tradição humanitária. Os donativos recolhidos na Suíça com doadores particulares, instituições e cidades virão na medida em que os projetos forem sendo encaminhados” afirma Pinheiro.

Uma linha de financiamento de R$ 400 milhões aberta pelo BNDES para ajudar na reconstrução das cidades da Região Serrana atingidas pelas chuvas de janeiro está prestes a se esgotar, segundo informa o próprio banco.

No entanto, outras fontes de financiamento foram oferecidas pelo Banco Mundial, que através de seu braço financeiro – o IFC (Internacional Finance Corporation) _ pretende ajudar empresários locais a retomarem atividades que foram paralisadas.

Além disso, a presidente brasileira Dilma Rousseff e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciaram em junho um conjunto de obras de reconstrução das cidades atingidas. Com verba prevista de R$ 678 milhões, as obras serão bancadas por recursos federais, estaduais e privados e têm o objetivo conter encostas, construir pontes e dar nova moradia aos cerca de 32 mil desabrigados pela tragédia.

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