Curso de culinária reúne imigrantes de dez países
O curso é gratuito e destina-se a melhorar o nível de formação e a valorizar a mã-de-obra estrangeira na gastronomia suíça.
A reportagem de swissinfo acompanhou um dos cursos de formação dos parceiros sociais na indústria hoteleira e de restauração, na cozinha do Hospital Sanitas, em Kilchberg, perto de Zurique.
Os cursos denominam-se “Progresso”, têm a duração de cinco semanas, são gratuitos e estão abertos a todos aqueles que trabalham no sector da cozinha, serviço às mesas ou na área profissional de economia doméstica na Suíça.
Tudo é gratuito
A formação, materiais didácticos, refeições e estadia são completamente gratuitos. Falamos com os instrutores do curso, Heinz Koller e Winfried Weissenbach, chefes consagrados de cozinha, que manifestaram o seu contentamento pelo empenho de todos os participantes.
O curso “Progresso”, realizado de 21 a 26 de setembro, contou com a participação de 20 pessoas, de 10 nacionalidades, cinco dos quais de Língua Portuguesa.
Os alunos ficam assim profissionalmente valorizados com sua participação nestes cursos e é uma mais valia em todos os aspectos.
Os cursos dão especial atenção à teoria, pela parte da manhã. Ao meio-dia, os alunos têm que confeccionar pratos pre-estabelecidos, divididos em três grupos: cozinha fria, cozinha quente e sobremesa.
Na parte final do curso, os alunos ficam sujeitos às repetições e aos exames. São divididos entre os dois professores, para que possam aproveitar ao máximo.
São os próprios alunos que escolhem e confeccionam os pratos para depois servirem o que fizeram ao almoço. É uma forma de interpelarem da melhor maneira o que aprendem durante o curso e que lhes vai servir na sua vida profissional.
O curso Progresso será oferecido de novo no próximo ano, conforme informou o responsável pela Hotel&Gastro Formation, Michael Berger. Os cursos Progresso são realizados em todo território helvético e este ano contam já com cerca de 50 semanas de curso.
A experiência do chefe Weissenbach
“Penso que estes cursos são muito interessantes para estes alunos porque aprendem aquilo que lhes falta para o seu dia-a-dia no seu local de trabalho. Devo referir que as pessoas estão muito empenhadas e que estão a cozinhar já num nível muito elevado, o que lhes dá também uma enorme auto-estima”, afirma o professor.
Ele acrescenta que não só os alunos como também os seus empregadores aproveitam dos conhecimentos transmitidos pelos cursos, porque podem ter pessoas especializadas a seu serviço.
Depois, caso estas pessoas deixem o seu actual de trabalho e procurem um novo posto, têm nas mãos um certificado de formação e podem dizer que possuem habilitações para o fazer, opina o chefe.
Dez nacionalidades não é problema
Os participantes podem ainda pensar num outro curso no futuro? “Sim”, responde Weissenbach. “Algumas pessoas talvez digam que este curso modular é suficiente, outros talvez queiram ainda progredir para um nível superior e podem fazê-lo.”
Quanto à questão dos participantes serem oriundos de dez diferentes nacionalidades e da língua comum nos cursos, o chefe afirma que, “de uma forma geral nos comunicamos em alemão. E fazemos de modo que todos entendam o alemão. Mas não é só com a comunicação oral, também é a compreensão com as diferentes religiões e as diferenças culturais que as pessoas têm”.
Ele explica que, até agora, “não temos tido qualquer tipo de problemas.”
O curioso é que em cada dia que passa as pessoas têm mais confiança e dão o seu melhor. “Confesso que, pessoalmente, tenho uma grande satisfação em trabalhar com estas pessoas.”
A cozinha é um bom exemplo de união, afirma o chefe. “Encontrámos um mundo diferente e para toda a gente na cozinha e eu não tenho qualquer problema com nisso, antes pelo contrário”, conclui Weissenbach.
swissinfo, Adelino Sá
Rafael Rebelo, natural de Fafe, 43 anos, trabalha no Restaurante Costa Blanca, em Dietikon:
Estou aqui com muito entusiasmo. Este curso é muito importante dado que aprendemos muito e a qualidade do nosso trabalho é depois valorizada.
Hilário Coelho, natural de St° Tirso, 39 anos, trabalha no Hotel Fly away, em Kloten:
Cheguei à conclusão que necessitava de uma valorização profissional para provar que sou cozinheiro. Estou muito contente dado que estou a aprender novos métodos de cozinha e o convívio com os outros colegas é uma experiência muito enriquecedora porque aqui estão pesso de todo o mundo.
Júlio Filipe Ribeiro, 23 anos, natural de Vila Real, trabalha na cozinha da fábrica de chocolates da Lindt:
Comecei a trabalhar há cerca de três anos num restaurante, a lavar caçarolas. De facto é muito bom dado que me estou a valorizar e posso evoluir através deste curso.
Participaram ainda neste curso:
António Ferreira, 40 anos, natural de Braga, trabalha no Centro de Reabilitação de Seewisdorf.
Qudia Pascoal, 43 anos de idade, natural de Angola, trabalha no SV de Wintherthur.
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