Ex-diretores de Swissair são absolvidos
O tribunal penal do distrito de Bülach, perto de Zurique, absolveu os 19 ex-diretores da extinta companha aérea Swissair. Eles eram acusados de ter provocado a falência da empresa por omissão e erros de gestão.
Aos acusados, que negaram todas as acusações, o tribunal ainda atribuiu indenizações de três milhões de francos suíços. O caso não terminou porque ainda haverá um processo civil, em fase de instrução.
Quase seis anos depois da falência da companhia aérea Swissair, o veredicto saiu quinta-feira (07) no maior processo da história econômica da Suíça.
Ao todo, 19 acusados, todos membros da direção da companhia, compareceram ao tribunal distrital de Bülach, entre janeiro e março de 2007.
Quase todos ainda pertencem ou pertenceram à elite econômica suíça dos anos 90. Durante os 29 dias de audiência, seus advogados de defesa defenderam a absolvição e uma indenização.
Por seu lado, o Ministério Público do Cantão de Zurique pediu penas de prisão de 6 a 28 meses e multas de 38 mil a mais de 1 milhão de francos suíços.
No veredicto, o júri deu razão total à defesa.
Últimos patrôes absolvidos
O tribunal, presidido pelo juíz Andreas Fischer, de fato anunciou a absolvição dos três últimos patrões do SAirGroup, Mario Corti, Philippe Bruggisser et Eric Honegger.
Principal acusado e último patrão da companhia, Mario Corti era o único que incorria uma pena de prisão. Ele também foi o único que aproveitou a ocasião do processo para explicar-se públicamente. Os demais acusados decidiram calar-se.
Contra Mario Corti, o promotor pediu 28 meses de prisão, 6 deles em reclusão, e multa de 1,08 milhão de francos. Entre as principais acusações estavam gestão deslear e falsificação de dados. No veredicto de quinta-feira, ele não só foi absolvido como receberá uma indenização de 488 mil francos suíços para as despesas de advogado.
Quanto a Philippe Bruggisser, instigador da estratégia expansionista da companhia, freqüentemente considerado com o verdadeiro responsável pela falência da Swissair – ele dirigiu o grupo de 1997 a 2001 – ele incorria 15 meses de prisão e 150 mil francos de multa.
Por fim, o promotor pedira penas de oito meses de prisão e 90 mil francos de multa para Eric Honegger. Presidente do conselho de administração da SAirGroup e diretor de janeiro a março de 2001, o antigo diretor de Finanças do cantão de Zurique também foi absolvido da acusação de fraude fiscal.
Cinco anos de processo
Os oito ex-administradores da Swissair – Vreni Spoerri, Thomas Schmidheiny, Lukas Mühlemann, Gaudenz Staehelin, Andres Leuenberger, Bénédict Hentsch, Antoine Hoefliger e Gerhardt Fischer – também foram absolvidos pela justiça.
O mesmo ocorreu com os diretores de finanças Georges Schorderet e Jacqualyn Fouse. Um havia sucedido ao outro durante as semanas que levaram à imobilização da frota em outubro de 2001. O ex-responsável da divisão de impostos, Andreas Simmen, e a ex-responsável do departamento jurídico da SAirGroup Karin Anderegg Bigger, também foram absolvidos.
O presidente do tribunal Andreas Fischer, justificou a absolvição de todos os acusados por razões jurídicas. No momento dos fatos, os administradores e os responsáveis do SAirGroup fizeram transações que eram economicamente justificáveis. Segundo a corte, seus esforços visando sanear a companhia foram “finalmente em vão”, e devem ser elogiados.
Por sua vez, o professor de direito penal Daniel Jositsch disse que “não ficou supreso” pela absolvição geral. “O papel do ministério público não é de escrever a história da da tragédia Swissair. Seu dever é unicamente formular acusações de atos potencialmente delituosos penalmente”, declarou à televisão suíça DRS.
O Ministério Público pode recorrer contra o julgamento junto ao Tribunalp Cantonal de Zurique nos próximos dez dias. A instrução do processo penal Swissair durou quase cinco anos e contém 4.150 pastas de documentos.
A questão todavia não está encerrada. Está em curso atualmente a instrução de um processo civil contra os ex-dirigentes da Swissair.
swissinfo com agências
A falência da Swissair foi a mais importante da história econômica da Suíça. Foi também um dos maiores desastres econômicos da Europa.
Quase 4 bilhões de francos de dinheiro público e privado foram injetados para tentar salvar a companhia da bancarrota. Parte dela sobreviveu atravês da Swiss, criada mediante uma fusão da Swissair com companhia reginal Crossair, em 2002. Atualmente a Swiss foi absorvida pela alemão Lufthansa.
A falência da Swissair provocou a perda de 9.000 postos de trabalho.
Em sua fase de liquidação, 13 mil credores se inscreveram para receber 49 bilhões de francos suíços. A solicitações foram aprovadas para um montante de 9,7 bilhões mas só haviam 1,6 bilhão no caixa.
Os 19 ex-dirigantes da falida companhia aérea que compareceram ao Tribunal de Bülach foram absolvidos.
Mario Corti receberá uma indenização de 488.000 francos suíços.
Jacqualyn Fouse: 230.000 francos.
Lukas Mühlemann: 196.000 francos.
Bénédict Hentsch: 192.000 francos.
Vreni Spoerry: 187.829 francos.
Eric Honegger: 99.000 francos.
Jan Litwinski: 32.560 francos.
Andreas Simmen: 18.000 francos.
Philippe Bruggisser: 80.000 francos, mas deverá participar nas despesas do processo.
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