Família guarda muitas boas lembranças da Suíça
Casal de portugueses se conheceu na Suíça onde nasceram os dois filhos “suíços”. A família voltou para Portugal em 1999 e tem um restaurante em Pombal.
Dizem ter aprendido muito na Suíça e deixado muitos amigos, sempre com um bocado de saudade.
António Simões veio para a Suíça em 1982. Maria da Saudade já estava no país dos Alpes desde 28 de janeiro de 1980. Eles não se conheciam.
António veio para trabalhar e trabalhou muito em cozinha de hospital, como pizzaiolo em restaurante restaurante italiano e em fábricas, “sempre com muitos italianos”, conta. Adaptou-se tanto que entrou nos bombeiros de Aadorf, não muito longe do Lago de Konstanz, que separa a Suíça da Alemanha e da Áustria. Também foi presidente da escola portuguesa de Frauenfeld, não muito distante da Aadorf onde vivia.
Desconhecidos
Maria da Saudade conta que veio para a Suíça com um prima, de brincadeira, de uma hora para outra. “Sabia da Suíça que tinha neve e fazia muito frio”. Mas tinha contrato de um ano em um restaurante de um asilo de idosos em Eschlikon (norte).
Trabalhou ali durante seis anos e meio. “Foi uma das melhores experiências da minha vida”, recorda-se Saudade. “Em três meses já falava o dialeto suíço-alemão”, acrescenta. “Aprendi com as velhinhas e foram elas que tricotaram o enxoval do meu Thiago”.
Portanto, a esta altura, António e Saudade já tinham se encontrado na Suíça e se casado em Portugal. Voltaram então novamente para a Suíça, agora com projetos comuns. Depois do Thiago nasceu Núrio. Em pouco tempo, apesar do português ser a língua da casa, os dois irmãos já falavam suíço-alemão entre eles.
Canais em alemão
No restaurante de que hoje vive a família em Pombal, Núrio da Silva Simões, 20 anos, conta à swissinfo.ch que “praticamente só vê canais de televisão em alemão, para ver se não se esquece do idioma que aprendeu na Suíça.
“Eu queria vim para Portugal, meu irmão Thiago (cinco anos mais velho) queria ficar. Meus pais decidiram. Eu integrei bem aqui, estou bem, mas acho que também estaria bem lá na Suíça. Não sei, eu gostava de lá.”
Núrio diz ainda que se lembra muito bem da escola, da neve, do esqui e do trenó. Lembra-se também da família de vizinhos italianos. “Os filhos deles vieram cá há dois anos”. Desde que a família voltou para a Portugal, em 1999, ele ainda não voltou à Suíça. “Tenho que lá ir para uma semana ou duas”.
Pessoa diferente
Além dos filhos, António e Saudade economizaram e construíram uma casa em Cotrofe, concelho de Pombal.
Mas a família não tinha intenções de voltar tão cedo a Portugal. “O plano era os filhos continuarem a estudar na Suíça, trabalhar e só voltaríamos depois da reforma”, contra Saudade. Voltaram em 1999, com uma promessa de trabalho que não foi cumprida.
“Não tenho nenhuma razão de queixa da Suíça, pelo contrário, ensinou-me muita coisa e a ser uma pessoa diferente em todos os sentidos”.
Maria da Saudade voltou à Suíça, a passeio, em 2007, e não gostou do que viu. “Já não era a Suíça que conheci; vi lixo no chão e até os amigos portugueses mudaram. Meus amigos suíços são os mesmos e me receberam como uma princesa”.
200 mil portugueses viviam na Suíça até o final de 2009
O grupo corresponde a 12% da população estrangeira.
A primeira presença portuguesa na Suíça ocorreu na metade do século 20. Eram estudantes e membros da intelectualidade do país, refugiados políticos. Eles concentravam-se em Genebra.
Hoje o principal motivo da imigração portuguesa é o trabalho.
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