Genebra homenageia brasileiro morto no Iraque

Sérgio Vieira de Mello é sepultado no Panteão de Genebra, reservado às personalidades que marcaram a história da cidade.
A Assembléia Legislativa de Genebra vai votar uma moção do governo atribuindo a cidadania póstuma a Sérgio Vieira de Mello. Em Lisboa, o brasileiro vai ter nome de rua.
“O atentado de 19 de agosto matou nosso pai mas ele não está realmente morto porque sua lealdade e seus ideais viverão para sempre em cada um de nós”, declarou Laurent, um dos dois filhos de Sérgio Vieira de Mello, durante a cerimônia.
Cidadania póstuma
Quase 800 pessoas assistiram ao sepultamento de Sérgio Vieira de Mello, morto no atentado de Bagdá, que também de tirou a vida de outras 22 pessoas. Antes, houve uma cerimônia na Igreja de São Paulo.
Entre os presentes estava o ministro das Relações Exteriores de Timor-Leste e prêmio Nobel da paz, José Ramos Horta, que declarou a Ana Nelson, repórter de swissinfo: “Eu vim de longe para homenagear Sérgio…o homem e o profissional.”
O brasileiro foi enterrado quinta-feira (28.8) no Cemitério dos Reis, um parque arborizado no centro de Genebra, reservado às personalidades que marcaram a história da cidade.
Para citar apenas alguns exemplos, ali estão os túmulos do teólogo Jean Calvino, do psicólogo Jean Piaget e do escritore argentino Jorge Luiz Borges.
O conselho administrativo de Genebra autorizou o sepultamento sob recomendação do Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan.
Na justificativa, as autoridades genebrinas afirmaram que a cidade tornou-se um marco para Sérgio Vieira de Mello desde que ele trabalhou no Alto Comissariado para os Refugiados e posteriormente como Alto Comissário para os direitos humanos.
Trabalho humanitário deve prosseguir
Quinta-feira à noite houve outra cerimônia no Centro Internacional de Conferências de Genebra.
Sexta-feira, em Genebra, na sede da ONU, ocorreu uma cerimônia em homenagem às 23 vítimas do atentado de Bagdá, com a presencça da ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey. Novamente, a ministra suíça falou da “coragem e da abnegação de Sérgio Vieira de Mello na busca da paz”.
O Parlamento do Cantão de Genebra vai votar brevemente uma moção do governo atribuindo a cidadania póstuma a Sérgio Vieira de Mello.
Em Portugal, a Câmara municipal de Lisboa, aprovou quarta-feira uma moção para o nome do brasileiro a uma rua da capital portuguesa.
O atentado de Bagdá colocou dúvidas entre os colaboradores das agências da ONU. “Ninguém mais está protegido; se atacam as pessoas que estão lá para ajudá-los, onde isso vai parar?” questiona Françoise Belmond, do programa das Nações Unidas para o meio ambiente.
“A morte de Sérgio é perda terrível para as Nações Unidas e um duro golpe nos direitos humanos”, afirma Bernardo Mariano, do departamento de migração.
“Mas devemos continuar a oferecer nossa ajuda aos que precisam mais e, assim, os esforços de Sérgio e de todos os que perderam a vida não serão em vão”, conclui Mariano.
swissinfo
– Sérgio Vieira de Mello foi sepultado quinta-feira, no cemitério dos Reis, em Genebra.
– Ele foi uma das 23 vítimas do atentado contra o prédio da ONU em Bagdá, dia 19 de agosto, onde tinha mandato de apenas 4 meses.
– Sérgio Vieira de Mello começou a trabalhar na ONU em 1969, no Alto Comissariado para os Refugiados, em Genebra.
– Esteve em missões humanitárias vários países africanos, na Ásia e nos balcãs. Foi ele quem dirigiu a missão da ONU em Timor-Leste.
– Desde setembro de 2002, Sérgio Vieira de Mello era o Alto Comissário da ONU para os direitos humanos, sediado em Genebra.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.