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Grávida brasileira atacada por skinheads em Zurique?

PVO em foto divulgada pela família

Segundo informações do Consulado Brasileiro em Zurique, a advogada brasileira PVO., 26 anos, foi atacada na noite de segunda-feira em Zurique por três pessoas aparentando serem skinheads, que a teriam torturado e deixaram ferida próximo a uma estação de trem.

A Polícia de Zurique está investigando o caso e promete à tarde o primeiro relatório.

O crime teria ocorrido por volta de sete horas da noite de segunda-feira (10.02) na estação de trem de Stettbach, na periferia leste de Zurique. A advogada, que trabalha na maior cidade da Suíça para a empresa dinamarquesa de transporte marítimo de contêiner A.P. Moller-Maersk, voltava para a casa e havia acabado de desembarcar, quando foi repentinamente abordada por três homens.

A empresa confirmou à swissinfo que PVO é sua funcionária. Segundo suas descrições publicadas na imprensa, eles teriam a cabeça raspada, trajavam roupas pretas e um deles teria uma suástica tatuada na cabeça.

Depois de levada a uma área arborizada e deserta, ela foi espancada por dois dos agressores e teve parte das suas roupas retiradas. O terceiro sacou um estilete e começou a fazer cortes em várias partes do seu corpo, dos quais se distinguem nas fotos as letras “SVP”, sigla da União Democrática do Centro, partido da direita nacionalista e o mais forte da Suíça.

Os três fugiram depois do crime, deixando-a prostrada no chão. PVO ligou para o namorado suíço MT, pai das crianças e com quem ela mora, de um banheiro público, que a levou ao Hospital Universitário de Zurique.

A brasileira, que estava grávida de gêmeos em 11 semanas, foi hospitalizada e pode ter perdido os fetos. Fotos publicadas na imprensa mostram os sinais de tortura.

Como informa o “Diário de Pernambuco”, a brasileira foi levada para o Hospital Universitário de Zurique, onde foram tratados seus ferimentos. Os cortes não foram profundos, mas a violência dos golpes levou ao aborto. Os médicos avaliam agora se será necessário tirar a placenta da gravidez interrompida, procedimento conhecido como curetagem. PVO continua em observação médica e vêm sendo acompanhada pelo namorado e os pais, que chegaram há pouco do Brasil.

Pressão por esclarecimento

Logo depois do suposto crime, o Consulado do Brasil em Zurique foi contatado pelo governo do Estado de Pernambuco – o pai de PVO é também advogado e assessor do deputado federal e ex-governador de Pernambuco Roberto Magalhães – para localizar a brasileira e oferecer-lhe ajuda.

“Eu consegui encontrá-la e pude saber que já estava fora de perigo. Obviamente ela estava muito chocada e nervosa depois do ataque. Agora estamos aguardando os primeiros resultados das investigações feitas pela Polícia de Zurique”, explica a consulesa-geral Victoria Cleaver.

A Polícia de Zurique confirmou à swissinfo que PVO apresentou queixa-crime depois do ataque. “De fato o caso ocorreu e foi imediatamente reconhecido como delito oficial, o que nos obriga a abrir investigações. Estamos juntando e analisando todos os fatos para apresentar ainda hoje o primeiro relatório”, declara René Ruf. Hoje à tarde as autoridades zuriquenses irão publicar um comunicado, dando as primeiras informações sobre o inquérito.

As autoridades brasileiras explicam que há indícios fortes que comprovam o caráter xenófobo do crime. Em contato com a Polícia de Zurique, elas exigiram rigor nas investigações. “Espero que o crime seja esclarecido o mais rápido possível”, reforçou Cleaver. Ela não escondeu um certo espanto pela pouca cobertura da imprensa suíça para o caso. “Acho estranho que os jornais sempre publiquem os casos de brasileiros ou outros estrangeiros quando estão envolvidos em delitos”, questiona-se a diplomata.

Agências de notícias e o blog do jornalista brasileiro Ricardo Noblat, o primeiro a publicar o caso, informaram também que a a consulesa não foi bem tratada inicialmente pela polícia zuriquense. Victoria Cleaver teria sido aconselhada a falar com a vítima se quisesse informações sobre o crime. A própria vítima teria sido ameaçada por um investigador suíço, que teria duvidado da veracidade dos relatos. “Se você estiver mentindo, poderá ser presa”, revelou Paulo aos jornalistas.

O ataque à brasileira ocorreu um dia após o plebiscito de domingo (8.02), no qual os eleitores suíços decidiram pela continuação dos acordos de livre circulação de mão-de-obra com a União Europeia. O referendo surgiu a partir de uma proposta da União Democrática do Centro e de outros dois partidos da direita nacionalistas, considerado por alguns analistas como xenófobos.

swissinfo, Alexander Thoele (com agências)

O racismo é um delito penal na Suíça, previsto no artigo 261 bis do Código Penal. A Comissão Federal contra o Racismo (CFR) registrou 355 denúncias entre 1995 e 2006 junto às autoridades competentes.

Em quase metade dos casos, depois de exame detalhado dos casos, as autoridades, não tinham provas suficientes para a abertura de processo.

Até o final de 2006, 57 casos foram levados a tribunais superiores, 24 deles até o Supremo Tribunal Federal (TF).

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