Ministra visita vítimas de uma guerra esquecida
A primeira visita oficial de um membro do governo suíço ao Sudão começa pela província de Darfour, onde ocorre uma guerra étnica.
A ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey também será recebida pelo governo sudanês, em Cartum.
Micheline Calmy-Rey inicia sua viagem ao Sudão pela região oeste do país, na província de Darfour, onde a chanceler visita os acampamentos de refugiados.
Desde fevereiro do ano passado, movimentos rebeldes e forças do governo de Cartum estão em guerra, o que já provocou o deslocamento de mais de um milhão de pessoas.
“A crise humanitária em Darfour é aguda e a ministra quer verificar pessoalmente essa situação e encontrar autoridades locais e representantes das organizações humanitárias”, afirma um membro da delegação suíça.
Calmy-Rey é acompanha pelo diretor da Divisão de Desenvolvimento e Cooperação (DDC), Walter Fust, e pelo diplomata Joseph Bucher, especialista do Sudão.
Uma paz difícil
A Suíça desempenhou um papel central na trégua entre o regime muçulmano que governa o país e os rebeldes da região sul, cristã e animista, em guerra há mais de 20 anos.
Mesmo com essa trégua, não foi possível evitar um novo conflito em Darfour, na região oeste, perto da fronteira com o Tchad. Alguns analistas falam do componente étnico desse conflito em que as forças árabo-muçulmanas do governo perseguem a população negra do Darfour, forçando-a a fugir para o Tchad.
Na capital Cartum, a ministra suíça das Relações Exteriores vai falar das relações bilaterais dos dois países e do processo de paz. Mas o ministério das Relações Exteriores não confirma que a Suíça vai oferecer sua mediação no conflito de Darfour.
A ameaça da fome
No início do mês, durante uma reunião da ONU, em Genebra, a ministra Calmy-Rey lançou um apelo à comunidade internacional por um engajamento maior e mais rápido em favor das vítimas de Darfour.
Nessa ocasião, o coodenador da ONU para questões humanitárias (OCHA), Jan Egeland, acusou as milícias árabes financiadas pelo governo de Cartum de praticarem uma política de limpeza étnica contra a população negra, confimando a análise de outros especialistas.
Segundo a ONU, cerca de 2 milhões de pessoas nessa região precisam de assistência urgente e de comida. A crise humanitária extense-se ao Tchad vizinho onde 150 mil sudaneses se refugiaram.
“As operações humanitárias atuais não conseguem atender toda a população do Darfour ameaçada pela fome”, afirma a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Por outro lado, a ONU adverte que a estação das chuvas, que está para chegar, vai complicar a distribuição da ajuda humanitária, além do risco de favorecer as epidemias como a malária, a meningite e a reubéola.
swissinfo, Anna Nelson
Tradução: Claudinê Gonçalves
– A Suíça doou 6,4 milhões de francos a organizações humanitárias ativas em Darfour.
– Entre elas estão o Programa Alimentar Mundial, o Alto Comissariado para os Refugiados, a Cruz Vermeelha Internacional e ONGs suíças.
– O governo suíço promete aumentar as doações para 10 milhões ainda este ano.
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