Morte trágica de banqueiro continua um mistério
A misteriosa morte de Alex W. Widmer, chefe do banco privado Julius Bär, na noite de três de dezembro, continua provocando especulações na mídia helvética.
Enquanto familiares e o banco guardam sigilo sobre o caso, alguns jornais afirmam que o conhecido banqueiro se suicidou. As causas ainda são desconhecidas.
O anúncio curto e lapidar surgiu logo no site da empresa: “o conselho administrativo e o conselho executivo do grupo Julius Bär comunicam com grande pesar o falecimento inesperado de Alex W. Widmer, chefe-executivo do banco Julius Bär, na noite de quarta-feira (três de dezembro) para a quinta, aos 52 anos.”
Um porta-voz do banco negou-se a explicar as razões da morte, alegando questões pessoais. “O banco decidiu não comentar as circunstâncias da morte do Sr. Widmer. Isso é uma questão privada da família”, declarou Jan Bielinski. Através de um comunicado, Raymond J. Bär, presidente do conselho administrativo do banco, limitou-se a homenagear o executivo falecido. “Perdemos um grande amigo, um bom colega e um chefe carismático”, afirmou.
Especulações
Logo depois começaram as especulações na mídia helvética. Segundo o Blick “fontes dizem que o chefe do Julius Bär se enforcou no apartamento privado, onde vivia até a morte da sua esposa em março de 2006”. O jornal diário ainda cita um vizinho que diz ter observado uma forte movimentação de veículos frente à residência na tarde de quinta-feira, incluindo também da polícia.
Alex Widmer chefiava a instituição desde 2005, após ter trabalhado quase vinte anos para o Credit Suisse, o segundo maior banco do país. No Julius Bär ele dirigiu inicialmente o setor de banco privado até ser promovido, em novembro de 2007, chefe-executivo do banco e responsável por uma forte política expansionista. “Widmer era a essência de um banqueiro privado suíço”, publicava o banco no seu comunicado oficial sobre o falecimento.
Dentre suas realizações, o banqueiro abriu um centro em Singapura com 200 funcionários. Além disso, Julius Bär expandiu-se em Hong-Kong e outros locais na Ásia, Europa e na América Latina. Também na Suíça o banco abriu filiais em várias cidades. Um dia após a sua morte, Julius Bär inaugurava a de St. Moritz, uma das mais chiques estâncias de inverno do país.
Como escreveu NZZ online, a morte do banqueiro chocou os meios financeiros do país. Apenas um dia depois as ações do Julius Bär cairam 6% na bolsa de valores. Especulações chegaram a falar de possíveis problemas no banco devido a crise financeira. O fato é que, poucos dias antes do seu falecimento, Widmer havia dado uma entrevista à agência de notícias Bloomberg, onde anunciava que o banco iria frear seu plano de expansão devido à insegurança geral dos investidores e às perdas de fortunas pessoais vividas por clientes. Ao mesmo tempo ele anunciou um plano de corte de despesas, sobretudo na área de viagens e marketing. “Crescemos rápido demais. Não é possível as coisas correrem sempre bem”, declarou na sua última entrevista.
Tragédias pessoais
O Blick questionou em uma matéria as razões para o suicídio. “Nesses tempos, quando um banqueiro suprime a própria vida, surge a questão: será que foi a crise financeira que o levou à morte? Será que ele perdeu tanto dinheiro na bolsa, que não via mais saída?”. A resposta veio diretamente do banco. “Entre essa tragédia pessoal e a situação atual dos nossos negócios não existe nenhuma correlação”, reforçou o porta-voz Bielinski.
Para o jornal diário, Alex Widmer não era um típico banqueiro. “Com seus cabelos compridos, sempre penteados com gel para trás, e seus ternos listrados, ele chamava atenção. Mas era também muito bem sucedido. Sobretudo os negócios com os ricos e super-ricos eram o seu forte”. Em novembro ele havia apresentado os resultados atuais do Julius Bär, considerados pelos analistas como “bons” em comparação com o de outras instituições.
Colegas do banqueiro explicaram ao Tagesanzeiger que não sabem das razões que o levaram ao suicídio. “Mas era sabido que ele não estava muito bem”, declarou um ex-colega. Concretamente, Widmer já havia vivido uma tragédia pessoal com a morte da sua esposa, Vera Widmer, em março de 2006. Na época, ele mudou-se com seus três filhos (atualmente com 19, 18 e 15 anos) para outra cidade e até havia encontrado uma nova companheira.
A direção do banco Julius Bär foi reassumida por Hans de Gier, que havia deixado a direção do grupo em setembro de 2008 para dirigir a empresa afiliada GAM.
swissinfo, Alexander Thoele (com agências)
A sociedade Hirschhorn & Grob, a predecessora do Julius Bär, foi criada em 17 de outubro de 1890 em Zurique.
O banqueiro Julius Bär ingressou como sócio na empresa em 26 de dezembro de 1896. Cinco anos depois, ele assume o controle total rebatizando o banco com o seu próprio nome.
O Julius Bär administra fortunas privadas avaliadas em 405 bilhões de francos suíços (situação no final de 2007), o que faz o segundo banco privado maior administrador de fortunas na Suíça (o primeiro é o banco Pictet & Cie). Em 2007 o banco teve um lucro líquido de 1,14 bilhões de francos, um aumento de 31% em comparação com o ano anterior. No mesmo período, o número de empregados passou de 3.684 para 4.099
O banco abriu filiais em Wall Street (1940), Londres (1982) e em Hong Kong, três anos depois. Atualmente o Julius Bär tem, além das três primeiras, filiais em Dubai, Frankfurt am Main, Grand Cayman, Guernsey, Los Angeles, Luxemburgo, Milão, Stuttgart e Viena.
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