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“O milagre de Durban”

Festa da torcida suíça em Zurique, após a vitória espetacular sobre a Espanha. Keystone

No país em que ocorreu o "milagre de Berna" na Copa de 1954, a imprensa vê a vitória da Suíça sobre a Espanha por 1 a 0 na estreia na Copa 2010 como o "milagre de Durban" e festeja os jogadores da seleção como "heróis nacionais".

O primeiro triunfo dos suíços contra os espanhóis em 105 anos foi comemorado com festas e carreatas nas ruas de todo o país. No bares, jorrou muita cerveja e os estoques de vuvuzelas no comércio estão esgotados.

“O 1 a 0 em Durban, à beira do Oceano Índico, é o maior sucesso da história do futebol suíço (…) e é, sobretudo, um grande triunfo para Ottmar Hitzfeld, o grande estrategista, que montou a equipe para conter o jogo de passes curtos da Espanha”, avalia o diário Tages-Anzeiger, der Zurique.

“Obra-prima mágica”, é a manchete do jornal NZZ, também de Zurique. “Os suíços não poderiam ter escolhido uma oportunidade melhor para a primeira vitória contra um grande país do futebol. Nenhum palco é mais respeitado do que o teatro da Copa, e nenhum time recebeu tantos louros antes do torneio como a seleção espanhola”, observa o diário.

“Imediatamente”, acrescenta o NZZ, “há quem diga que quem bate a campeã europeia bate qualquer equipe. Mas, cuidado. Com uma sensação no início do torneio, ainda não foi ganho nenhum outro jogo. Com certeza, ela chama atenção, provoca respeito, dá um impulso, o que levou o Camarões (1990) e Senegal (2002), após vitórias sobre os defensores do título Argentina e França, à quartas de final”.

O diário gratuito 20 Minuten afirma que, com o 1 a 0 sobre a Espanha, “a Nati escreve história do futebol. E que jogo! Que batalha! Que vitória!”. O jornal destaca uma declaração do técnico espanhol Vicente Del Bosque: “A Suíça teve uma grande recompensa pelo futebol que jogou”.

Passaporte suíço para Hitzfeld

O autor do gol, Gelson Fernandes, o goleiro Diego Benaglio e o técnico Ottmar Hitzfeld são festejados como “heróis”. O diário sensacionalista Der Blick “dá graças a Deus que o técnico extraterrestre tenha pousado na Suíça”. O jornal conclama as autoridades a dar o passaporte suíço a Hitzfeld.

Na parte francesa da Suíça, o Le Temps, de Genebra, traz a manchete : “Coragem, lucidez, oportunismo: a Suíça ganha o direito de sonhar”.

“Muito à vontade no papel de adversários subestimados, os suíços não tiveram qualquer complexo contra os campeões da Europa”, afirma o jornal. “A preparação física, psicológica e tática confirma a reputação de vencedor do técnico Ottmar Hitzfeld.”

Com a manchete “A Suíça pode sonhar”, o 24 Horas, de Lausanne, destaca que “um treinador fora do comum, um goleiro excepcional e uma defesa de ferro” permitiram que, “pela primeira em sua história”, a Suíça derrotasse a Espanha e agora pode, “mais do que nunca”, crer em seu futuro.

“A Espanha de sempre”

A vitória da seleção suíça é comentada também pela imprensa dos países adversários da equipe no Grupo H do Mundial: Espanha, Chile e Honduras.

“A Espanha de sempre”, é a manchete do jornal espanhol Marca. Segundo o diário, “os espanhóis abusaram do tika-taka, esquecendo a verticalidade. Tiveram azar e falharam em nove oportunidades claras. E, ainda por cima, o árbitro nos prejudicou: o gol foi irregular e não deu um pênalti em Silva”.

O diário esportivo classifica a derrota como “humilhação”. “Não se trata mais de vencer o grupo e sim de uma luta pela sobrevivência, porque agora a Espanha precisa de duas vitórias.”

“A inesperada, desmerecida e constrangedora derrota para os modestos suíços destrói todos os planos prévios”, escreve o portal espanhol elmundo.es. “Seguem-se dias de tensão, que podem culminar numa luta de vida ou morte contra o Chile para o espanhóis.”

Para o El País, “um equívoco conceitual deixou a Espanha em uma situação angustiante, por ser inesperada e porque agora corre o risco de que se inflame o velho fatalismo espanhol, que parecia banido. No pior momento, a seleção interpretou mal a finalidade do controle da bola, enrolou muito, ficou na retórica e um atropelado gol suíço a derrubou da rede. Então, às pressas, sem a calma que a distingue, não encontrou respostas e se rendeu ao azar”.

O portal La Tercera.com, do Chile (próximo adversário da Suíça), escreve: “O favorito não mostra nada na hora da verdade”. E o jornal hondurenho La Tribuna: “A Suíça foi um relógio”.

Geraldo Hoffmann e Claudinê Gonçalves, swissinfo.ch

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