O que fazer para não ficar doente?
Qualquer pessoa que viva na Suíça, independentemente da nacionalidade, é obrigada a ter um seguro básico de saúde e contra acidentes. A complexidade do sistema é geralmente um problema para recém-chegados e também suíços.
Em colaboração com o Departamento Federal de Saúde, a Cruz Vermelha Suiça e a Caritas Suiça apresentamos aqui um guia completo em português.
A quem me devo dirigir quando me sinto doente? O tratamento médico é gratuito ou deve ser pago? O que fazer numa urgência? Tenho direito a controles dentários pagos? Estas e muitas outras questões podem surgir no dia-a-dia, quando me sinto doente.
Este Guia da Saúde pretende auxiliar as pessoas que vivem na Suíça a orientarem-se no nosso sistema de saúde, fornecendo informações sobre a prestação de cuidados médicos e esclarecendo leis e regulamentos importantes, tais como o seguro de saúde e de invalidez. Nesta nova edição, para além da atualização do teor e da lista de moradas, foram também acrescentados alguns capítulos (p.ex. Medidas preventivas de saúde).
Os migrantes, familiarizados com outros sistemas de saúde, não conhecem muitas vezes bem o sistema suíço. Por essa razão, o seu estado de saúde é freqüentemente pior que o de grupos semelhantes da população suíça.
Mas esta situação tem de mudar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) exige igualdade de oportunidades para todos na área da saúde e é segundo este princípio que nos orientamos. A saúde é uma das mais importantes necessidades humanas. Todas as pessoas devem saber a quem se dirigir em caso de problemas de saúde, independentemente da sua origem ou situação de residência.
Contudo, o Guia da Saúde não se destina apenas a migrantes, mas também aos suíços. Àqueles que trabalham com migrantes e a todos que pretendem estar informados sobre o sistema de saúde suíço.
Prof. Thomas Zeltner
Diretor Departamento Federal da Saúde
O QUE FAZER PARA NÃO FICAR DOENTE?
Pode prevenir doenças através de medidas preventivas adequadas.
Através de medidas preventivas adequadas, referidas na gíria da especialidade como “prevenção”, podemos proteger a nossa saúde. Tal significa, em primeiro lugar, observar-se bem a si e ao seu corpo. Se as doenças forem detectadas a tempo, há maiores hipóteses de as curar. Um exemplo de medidas preventivas de saúde para a mulher são os controles ginecológicos regulares. Tomar medidas preventivas de saúde significa que nos preocupamos com a nossa saúde e nos informamos sobre o que não é saudável. É importante, por exemplo, comer muita fruta e legumes, movimentar-se bastante e realizar trabalhos pesados na posição correta, não fumar e beber pouco álcool.
Alimentar-se de forma saudável e movimentar-se de forma regular são passos importantes para a sua saúde. Isto inclui beber muito (cerca de 1–2 litros de água por dia), comer cinco vezes por dia legumes e frutas e, a cada refeição principal, ingerir alimentos que contenham cereais.
Deve comer, se possível, alimentos integrais e, por dia, uma porção alternadamente de carne, peixe, ovos, queijo ou outras fontes de proteínas, bem como leite e lacticínios. Deve utilizar pouco óleo e gordura ao cozinhar e consumir com moderação doces, salgados e bebidas energéticas (bebidas doces e alcoólicas).
Movimente-se de forma ativa (por exemplo, andar de forma rápida, andar de bicicleta, fazer jardinagem ou fazer as tarefas domésticas) no mínimo meia hora por dia. A falta de movimento pode provocar dores de costas, peso excessivo, problemas de metabolismo, e circulatórios e cardíacos.
As drogas são substâncias com efeitos psicoativos, que alteram a disposição, os sentimentos, a percepção e a consciência. Alguns exemplos de drogas são: o tabaco, o álcool, medicamentos analgésicos, calmantes e soporíferos, e drogas ilegais, tais como maconha, cocaína, heroína, etc. O consumo de drogas pode levar a problemas físicos, psíquicos e sociais. A passagem do consumo por prazer ao hábito e à dependência faz-se com muita facilidade e é um processo complexo. Vários fatores influenciam o comportamento de dependência, por exemplo, a personalidade, o ambiente social, as condições sociais bem como o potencial de dependência de uma droga.
O que pode fazer no caso de problemas de toxicodependência na família? Um problema de toxicodependência que afete uma pessoa próxima é vivido com muito sofrimento. Não é só a pessoa afetada que sofre com a situação, mas sim também as pessoas que o circundam. Não hesite em procurar apoio no exterior. Os especialistas dos centros de aconselhamento e apoio a toxicodependentes na sua região podem dar-lhe um apoio e acompanhamento valioso. O aconselhamento é gratuito e os especialistas são obrigados a guardar segredo profissional.
Pode encontrar moradas dos centros de aconselhamento e apoio a toxicodependentes na lista telefônica ou dirigir-se ao seu médico de família.
TABACO
O tabaco é prejudicial para todo o corpo, e pode ter como efeito cancro, enfarte cardíaco, doenças pulmonares ou entupimento dos vasos sanguíneos. Um terço das mortes ocorridas atualmente deve-se ao tabaco. O ar contaminado pela fumaça do tabaco é também prejudicial para os não fumadores, em especial para as crianças. As crianças afetadas têm uma probabilidade duas vezes maior de ficarem doentes que as outras crianças – devido a otites médias, bronquite, pneumonia ou asma. A quantia de tabaco fumada não é indiferente! Se conseguir fumar um cigarro a menos por dia, estará já a contribuir para a sua saúde. É também benéfico para si e para as pessoas que o rodeiam se não fumar em espaços fechados.
Se quiser deixar de fumar, fale com o seu médico de família. Deixar de fumar tem grandes vantagens para a saúde: após um dia, o sangue já terá recuperado, ao fim de três meses os pulmões, após um ano os vasos sanguíneos e após cinco anos sem fumar o perigo de cancro terá diminuído e o corpo terá recuperado por completo.
ÁLCOOL
O álcool pode ter vários efeitos negativos. Há perigos imediatos e outros em caso de consumo acentuado e regular. Basta uma pequena quantidade de álcool para reduzir a concentração, a capacidade de reação e de julgamento, o que aumenta a propensão para o risco e, por conseguinte, o perigo de acidentes. Um consumo de álcool acentuado e exagerado é prejudicial para quase todos os órgãos humanos e provoca problemas sociais e psíquicos. A violência dentro e fora da família está também muitas vezes associada a problemas de álcool.
Se quiser consumir álcool sem riscos, deve cumprir as seguintes regras gerais: para adultos saudáveis não mais de dois copos normais por dia. Um copo normal corresponde à quantidade de álcool que geralmente é servida nos restaurantes. As mulheres reagem com mais sensibilidade ao álcool e não devem beber mais que um copo normal por dia. Não deve consumir álcool se conduzir um veículo, durante o trabalho, se tomar medicamentos, sofrer de uma doença e durante a gravidez e aleitamento. Se tiver problemas de álcool, não hesite em dirigir-se a um centro de aconselhamento e apoio a alcoólatras na sua região.
O aconselhamento é gratuito e os especialistas são obrigados a guardar segredo profissional. Pode consultar morada de centros de aconselhamento e apoio a alcoólatras na lista telefônica ou falar com o seu médico de família.
A melhor forma de se proteger contra o VIH/Sida e outras doenças de transmissão sexual (como clamídia, gonorréia e hepatite) é usar preservativos. Estes podem ser comprados em qualquer supermercado, nas farmácias e drogarias. Caso tenha questões, dirija-se ao centro de apoio contra a Sida cantonal ou fale com o seu médico. Caso suspeite estar infectado com o vírus VIH, consulte o seu médico ou um centro de apoio contra a Sida (Aids-Hilfe). Estes centros vão apoiá-lo na sua decisão de efetuar ou não um teste. Pode também obter aconselhamento e fazer um teste, de forma anônima, num centro de testes.
Das medidas preventivas de saúde fazem também parte as vacinas. Com as vacinas podem evitar-se várias doenças infecciosas. O Departamento Federal da Saúde recomenda as vacinas contra a difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, meningite e laringite (através de Haemophilus influenzae), sarampo, papeira, rubéola e hepatite B. Podem ser necessárias outras vacinas, por exemplo, no caso de viagens para o estrangeiro. Pode, em qualquer altura, recuperar as vacinas em falta. Na Suíça, as vacinas são geralmente dadas pelos/as pediatras e médicos/as de família. Se tiver outras questões sobre vacinas, dirija-se ao seu médico.
Saúde psíquica
A alegria de viver e boa disposição são partes essenciais de uma boa saúde psíquica. As boas relações na família, trabalho, tempos livres e escola podem reforçar o seu bem-estar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um “estado de completo bem-estar físico, psíquico e social, e não apenas a inexistência de doenças e enfermidades”. Para além dos aspectos físicos, são também importantes para o homem os aspectos sociais e psíquicos da saúde.
As doenças psíquicas são as doenças mais freqüentes. Uma em cada três pessoas sofre, pelo menos uma vez na vida, de doenças psíquicas. Muitas pessoas conseguem superar sozinhas essa crise. Uma em cada dez pessoas tem, no entanto, de ser tratada numa clínica psiquiátrica. Na Suíça há um sistema de cuidados alargado para o tratamento de problemas psíquicos. Se necessitar de ajuda, fale com o seu médico de família. Este pode arranjar-lhe um tratamento adequado ou, se necessário, receitar-lhe medicamentos.
Direitos e deveres do paciente
Se estiver doente, tem direito a dar a sua opinião quanto ao tratamento médico. O médico tem de informá-lo na consulta sobre o diagnóstico, o tratamento planeado, outras possibilidades de tratamento e os riscos inerentes ao tratamento da sua doença. Só desta forma pode dar a sua opinião. É importante que coloque questões para perceber tudo muito bem. É também importante que o médico entenda bem aquilo que o paciente diz e pergunta.
Os médicos estão sujeitos a guardar sigilo profissional. Todas as informações que lhes são fornecidas têm de ser tratadas com confidencialidade e só podem ser transmitidas a terceiros com o consentimento dos pacientes.
Se estiver doente e necessitar de cuidados médicos, é do seu interesse colaborar com os médicos.
Só é possível tratar convenientemente uma doença se entender e for entendido pelos médicos, pessoal de enfermagem, assistentes sociais ou outro pessoal médico. Os equívocos ou barreiras lingüísticas dificultam muitas vezes o entendimento no consultório médico, no hospital, no serviço social ou noutro local.
Podem evitar-se equívocos recorrendo-se a uma mediação intercultural (tradutores). O tradutor deve ter uma formação adequada e não deve fazer parte da família do paciente.
Os familiares ou amigos não são as pessoas indicadas para servir de tradutores, pois agirão de uma forma emotiva, que pode resultar em traduções erradas. Apenas em casos excepcionais – em caso de urgência, as crianças, familiares ou o pessoal do hospital podem servir de tradutores
TENHO DIREITO A UM/A TRADUTOR?
Não, na Suíça não tem direito a um tradutor.
Uma vez que na Suíça (ainda) não existe o direito a um tradutor, cabe-lhe a si contratar um. Existem várias agências que disponibilizam bons tradutores. Muitos dos grandes hospitais na Suíça têm um serviço de tradução. A forma de pagamento dos tradutores na Suíça (ainda) não tem uma regulamentação uniforme. Informe-se previamente sobre possibilidades e sobre o pagamento.
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