O trem alpino de charme
O Glacier Express proporciona um dos mais espetaculares passeios da Europa: uma viagem pelos Alpes suíços ligando duas famosas estações de férias, Zermatt e St.Moritz.
Com o expresso mais lento do mundo, pode-se apreciar uma paisagem fascinante num percurso de 291 km.
Em média, 250 mil pessoas realizam esta viagem num trem que em quase constante sobe-desce – como uma interminável montanha russa – serpenteia por diferentes vales alpinos. Dizer que se trata de uma viagem fascinante e certamente inesquecível não é exagero, mesmo que isso pareça linguagem de agência de turismo.
Fizemos esta viagem, de Zermatt (sudoeste) a St.Moritz (leste), em setembro, num dia de sol radiante, no início do outono europeu. O prolongado espetáculo que desfila diante de nossos olhos é realmente grandioso. E temos tempo de admirá-lo porque a viagem dura 7 horas e meia e o Glacier Express anda, em média, apenas 30 km por hora.
Constantes surpresas
A cadeia montanhosa alpina revela sempre surpresas pelas suas múltiplas formas e seus picos cobertos de neve. Entre os passageiros é um tal de “olha-aqui-olha ali” sem fim: ora de trata uma geleira longínqua, ora de um vilarejo de conto de fadas (onde o verde do chão parece escovado – reforçando um clichê sobre a Suíça), ora de um pequeno rebanho de bovinos em lugares inesperados.
Vale dizer que o Glacier Express que nunca desce a altitude inferior a 585 m (Brig), atinge no ponto culminante a 2.033 m (passo de Oberalp). Surpreende até ver vacas pastarem nas montanhas no começo do outono em que as temperaturas ainda são agradáveis. (Em breve essas vacas estarão confinadas por cerca de 6 meses).
Ainda uma das experiências mais interessantes desse único expresso que atravessa boa parte dos Alpes é observar de perto o berço de dois rios europeus famosos, o Ródano e o Reno.
O impressionante, por exemplo, ver o majestoso Reno ainda como um modesto córrego antes que ele se avolume, delineie parte das fronteiras entre a Suíça e a Alemanha e a Alemanha e a França, antes de chegar à Holanda e desembocar no mar do Norte –
Espetáculo contínuo
Parece então não faltar motivo para explicar o entusiasmo dos passageiros, em particular dos que viajam em vagões de janelas panorâmicas. Robin, um inglês de Lincoln (Lincolnshire) não cansa de admirar as montanhas. Olha para umas e outras e diz que gostaria de subir todas elas.
Para saborear melhor o passeio com sua esposa, Lincoln resolveu fazer a viagem em dois dias, parando na metade do percurso. Mas no trem ele não cansa de dizer: “Great scenery” (paisagem magnífica). E surpreso com a generosidade da natureza exclama: “Se você parar de olhar durante 5 minutos não tem importância…”, insinuando que o espetáculo continua.
O australiano Julian confirma, dizendo que “a viagem magnífica, comparada com as outras que realizou em outras partes do mundo”.
Atoshi, japonês de Shizuoka, que acha tudo “amazing” (espantoso), realça que todo japonês sonha em vir a Suíça ver os Alpes, elogiando o “lindo verde” do panorama.
E se Chris, de Somerset, também destaca a beleza do cenário e a vastidão dos vales, seu compatriota Richard, de Newcastle-upon-Tyne (Norte da Inglaterra) acha o passeio não só “espetacular, mas melhor do que esperava”. Estima, porém, que a paisagem não é muito distinta da Escócia, com a diferença que as montanhas suíças são mais altas.
De Matterhorn a Piz Bernina
O interessante dessa viagem é que em cada estação do ano ela é diferente, com a natureza sofrendo as variações sazonais. Quem não conhece neve, o período mais interessante para viajardeve ser no inverno, quando apenas um trem circula entre Zermatt, no cantão do Valais e o cantão de Grisões (Graubünden) e vice-versa.
No verão, há cinco trens em direção a Zermatt e 4 em direção aos Grisões. Isso se explica pelo fato de 85% dos passageiros viajarem no período estival, lembra Helmut Biner, chefe de comunicação do Glacier Express.
Esse trem representa um trunfo importante. Liga Zermatt – provavelmente a estação mais cotada do sudoeste suíço, valorizada pelo famoso Matterhorn, montanha-símbolo da Suíça – a St.Moritz, o “resort” chique do leste, onde curiosamente se encontra outra montanha renomada, Piz Bernina.
Dado o número de passageiros que atrai, o Glacier Express traz benefícios financeiros importantes a toda a região, além de permitir rentabilizar o setor turístico nos Alpes, no verão, ou seja, um período de vacas magras.
swissinfo, J.Gabriel Barbosa
– O Glacier Express proporciona um passeio inesquecível pelos Alpes suíços. Cerca de 250 mil pessoas utilizam esse expresso de charme, apreciado em particular pelos alemães, os japoneses e os norte-americanos, além dos suíços.
– Em 2005, esse trem de charme completa 75 anos de existência. Tenha uma idéia do passeio, visitando o site abaixo.
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