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Os suíços envelhecem

Os idosos acima de 80 poderão ser a maioria da população suíça, num futuro distante. Keystone Archive

Os resultados do Censo Populacional de 2000 foram publicados. Seus números são um raio-X da sociedade suíça, nesse início de milênio.

Dentre as revelações feitas, descobre-se que a população envelheceu e há cada vez mais pessoas inativas e menos ativos. A estrutura familiar e de relacionamento também viveu mudanças.

O Departamento Federal de Estatísticas é um órgão eficiente e diligente na Suíça. Não há um mês em que nenhuma pesquisa seja publicada, analisando todos os vincos da sociedade.

Nessa semana o relatório apresentado à imprensa é o resultado do censo populacional, uma pesquisa realizada durante o ano 2000. Esse mar de estatísticas apresenta um raio-X da sociedade e mostra como está sendo seu desenvolvimento.

Seus primeiros números revelam que, nos anos 90, o crescimento da população Suíça foi irregular. O grupo que mais aumentou foi o de idosos acima dos 80 anos (+17,4%), e o de pessoas entre os 45 e 64 anos (+14,8%).

A turma anciãos com mais de 100 anos de idade também viveu uma explosão: se em 1970, eles eram apenas 61, em 2000 já chegavam ao espantoso número de 787 idosos, composto em grande parte por mulheres (85,9%).

Os jovens raream

A crença de que a Suíça pode virar um país de aposentados é demonstrada nos números: eles mostram a diminuição do número de jovens do país.

A percentagem de crianças abaixo dos seis anos viveu uma redução de 6%. Quanto aos jovens entre 18 e 29, sua redução foi de 17,6%.

O Departamento Federal de Estatísticas explica essa queda, como sendo “um reflexo das baixas taxas de natalidades vividas entre os casais da geração 68 (o ano das revoltas estudantis) e também devido à interrupção, nos anos 90, da contratação de estrangeiros para trabalhar na Suíça”.

O processo de “envelhecimento” da sociedade parece ser freado apenas pelo sangue novo, que tem suas origens fora das fronteiras suíças. As estatísticas de 2000 mostram que o número de crianças estrangeiras, entre zero e cinco anos, teve um forte crescimento: 36%.

A Suíça conta hoje com uma população de 7.288.010 pessoas. Cerca de 22,9% habitantes têm entre zero e 19 anos. A maior parte (61,8%) tem entre 20 e 64 anos. Os idosos correspondem a 15,4% da população.

Ao contrário de 1990, hoje existem mais adultos na faixa etária de 40 a 64 anos, do que os jovens entre 20 e 39 anos. Hoje há mais pessoas que estão prestes a entrar no mundo do trabalho (jovens entre 15 e 24 anos), do que aquela de senhores, que já estão chegando ao pódium da aposentadoria (entre 55 e 64 anos).

Mais solteiros e divorciados

Outra interessante faceta da Suíça, que surge no censo de 2000, é a questão da vida social. Segundo o Departamento de Estatísticas, os suíços casam cada vez mais tarde e assumem novos tipos de parcerias nos seus relacionamentos.

A pesquisa dá um exemplo interessante: dos cidadãos de trinta anos, mais de 46% ainda não casou (em 1970, apenas 18% dos “trintões” ainda estavam solteiros).

Também no casamento, a Suíça parece viver uma grande mudança. Ao mesmo tempo em que as leis do divórcio foram liberalizadas nos anos 90, até o final da década houve um aumento de 38% no número de separações. “Na idade entre os 48 e 58 anos, 12,3% da população é de divorciados ou separados (em 1970 eles eram nessa faixa apenas 3,8%)”.

As mulheres na Suíça casam três anos mais cedo do que os homens. Aos 30 anos, mais de 59,3% delas já estão casadas (em 1990 eram 69%), sendo que apenas 42% dos homens já usam a aliança (em 1990: 57,4%).

Alta concentração de crianças e mulheres estrangeiras

Os estrangeiros têm um grande peso na sociedade: não só eles contribuem com seus impostos e trabalho, mas também na renovação da sociedade. 20,5% da população na Suíça não têm o passaporte da cruz.

A maior porcentagem de estrangeiros está no grupo de crianças. Mais de 25,8% dos meninos e meninas entre zero e cinco anos não são suíços (em 1990 eram apenas 18,7%).

O censo também revela o peso das mulheres nesse contingente. Cerca de 29,7% das mulheres entre 24 e 32 anos que trabalham e têm família na Suíça são estrangeiras (em 1990 o número era menor: 19,9%). Segundo o Departamento de Estatísticas, essa mudança deve-se a revogação das leis que permitiam uma mulher estrangeira adquirir a nacionalidade Suíça automaticamente, após o casamento com um suíço. Ao mesmo tempo, “a partir dos anos 90, a imigração para a Suíça passou a ser feminina”.

Migrantes, dupla-nacionalidade e nacionalizados

O censo de 2000 fez, pela primeira vez na história da Suíça, o recolhimento de informações sobre a dupla-nacionalidade e nacionalização. Esse é um ponto importante, sabendo que na Suíça a lei aceita cidadãos com duas ou mais nacionalidades.

A pesquisa revelou que 77,6% da população nasceu na própria Suíça, incluindo não só os próprios suíços como também os filhos ou netos de imigrantes. Desse grupo, mais de 93,8% já possui a nacionalidade suíça ou a dupla-nacionalidade.

O outro grupo também foi analisado: 22,4% da população nasceu em um outro país e imigrou para a Suíça. Desses, 29,3% já possuem o passaporte suíço ou a dupla-nacionalidade. Mais de 70% só têm o passaporte estrangeiro.

Como foi averiguado no questionário do censo 2000, 8,6% dos suíços nacionalizados têm a dupla-nacionalidade. Desse grupo, composto por 351 mil pessoas, mais de 70,9% vêm de países da União Européia (em ordem decrescente: Itália, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Espanha e Áustria).

swissinfo, Alexander Thoele

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