Pilotos de Fórmula 1: correr pelo mundo e viver na Suíça
Mais da metade dos 22 pilotos que costumam estar nas primeiras fileiras na largada dos grandes prêmios de Fórmula 1 vive na Suíça.
Além do “aposentado” heptacampeão mundial Michael Schumacher, outros aproveitam das vantagens oferecidas pelo país dos Alpes, que não se resumem aos incentivos fiscais.
Durante os grandes prêmios eles estão no centro da atenção da imprensa, dos comentaristas e dos fãs: os pilotos de Fórmula 1. Isso vale para todos, como o inglês Lewis Hamilton, quando levanta os braços depois de cruzar a linha de chegada, ou o brasileiro Felipe Massa, que costuma empurrar furioso os jornalistas se perde a corrida por um triz. Cada expressão facial dos desportistas é registrada pelas câmaras e transmitida por satélites ao mundo inteiro.
A Fórmula 1 é uma mistura de esporte de alto risco, glamour extravagante e bolsa de negócios. A cada duas semanas, os pilotos e suas equipes entram no frenesi dos campeonatos. Depois da corrida, eles só querem saber de uma coisa: descanso.
Hamilton, o novo “suíço
Para quase metade dos pilotos, a Suíça é o destino do lar. O mais recém-chegado é o inglês Lewis Hamilton. O vice-campeão mundial abandonou a ilha para se instalar em Luins, pequena comuna às margens do lago de Genebra.
Ele não é o único a transferir seu local de residência para o país dos Alpes. O campeão Kimi Räikkönen também saiu das florestas finlandesas para construir sua casa em Wollerau, em Schwyz, o cantão mais central da Suíça. Seu vizinho não é nada mais, nada menos do que seu colega na equipe da Ferrari: o brasileiro Felipe Massa.
Já o bicampeão mundial, o espanhol Fernando Alonso, preferiu a parte francesa da Suíça: sua bela mansão está em Mont-sur-Rolle, pequena comuna do cantão de Vaud, na parte ocidental do país. Seu vizinho cantonal é o piloto Heikki Kovalainen, que na Hungria (03/08/08) se tornou o centésimo vencedor de um GP de Fórmula 1. Ele vive em um lugar que, seguramente, quase não tem tráfego: o pequeno vilarejo de Coppet, localizado às margens do Lago de Genebra e não muito distante da cidade com o mesmo nome.
Paz e discrição
“Para os pilotos de Fórmula 1, a Suíça é, em primeira linha, interessante pela segurança e, em segundo lugar, pelos incentivos fiscais”, explica o ex-piloto Marc Surer. Aos 57 anos, o suíço é hoje comentarista do canal televisivo alemão Premiere.
Para Alonso, por exemplo, a questão era a impossibilidade de continuar vivendo na Espanha. “Sua casa e a dos seus pais eram literalmente cercadas pelos fãs. Ele não podia mais visitar nenhum restaurante sem ter admiradores ou jornalistas na sua cola. Na Suíça, pelo contrário, ninguém o incomoda. Essa paz é apreciada por muitos pilotos de Fórmula 1, como o alemão Michael Schumacher”, explica Surer.
Para Robert Kubica e Nick Heidfeld, a dupla de pilotos da antiga equipe Sauber, que hoje pertence à BMW, viver nas proximidades da base central em Hinwil é uma questão de “honra”. Enquanto o polonês se instalou diretamente no pequeno vilarejo, o alemão e sua família já preferem Stäfa, vilarejo da chamada “Costa Dourada”, à beira do Lago de Zurique.
Sossego
“Os incentivos fiscais são um fator interessante na escolha do local de residência na Suíça, mas, para muitos pilotos, o fundamental é a qualidade de vida”, justificou Heidfeld os motivos de sua mudança. Em sua opinião, os habitantes da região do lago são discretos e não costumam incomodar ninguém. “Depois de tantas viagens e estresse, adoro retornar ao sossego do meu lar, o lugar onde recarrego as minhas energias.”
Além da tranqüilidade e dos baixos impostos, existem outros pontos positivos na opinião de Surer. “Muitos pilotos viajam com o seu próprio avião e, por isso, precisam estar próximos de um aeroporto.” Esse critério de mobilidade explica porque os pilotos de Fórmula 1 se dividem em um grupo genebrino e outro zuriquense.
“Montanheses” só existem poucos: Jarno Trulli reside em Pontresina, aos pés do desfiladeiro de Bernina. Já o alemão Adrian Sutil escolheu um lugar pouco espetacular: Oensingen, no cantão de Solothurn.
Para os antigos heróis do volante, a mundana Mônaco era o lugar ideal para viver. Como as receitas do principado vêm principalmente do jogo, a questão fiscal não chega nem a ser tema: em Mônaco, os residentes oficiais não precisam pagar impostos.
Aspecto esportivo
Muitos se perguntariam a razão dos pilotos estarem trocando o principado pelos prazeres alpinos da Suíça. Dois fatores também explicariam essa decisão, ao lado do aspecto financeiro: a paisagem helvética e as exigências de condição atlética dos membros das diferentes escuderias.
“Os pilotos precisam praticar esporte todos os dias. Nesse sentido, a Suíça é um país ideal graças às suas montanhas e aos espaços verdes. Mônaco só oferece academias de ginástica. Lá, a pessoa precisa viajar até estar nos melhores locais de prática do esporte”, avalia Surer.
É por isso que Bernie Ecclestone, o empresário inglês que dirige o espetáculo da Fórmula 1, tem não apenas uma casa em Gstaad, vilarejo dos ricos nas montanhas de Berna, mas também um hotel. Entre uma corrida e outra, ele aproveita as pausas para caminhar pelas trilhas e deliciar-se com a beleza das montanhas. A Suíça precisa de uma melhor propaganda do que essas personalidades?
swissinfo, Renat Künzi
Michael Schumacher (sete vezes campeão do mundo de F1) vive há vários anos na Suíça.
Há pouco tempo ele e sua família mudaram-se para a nova casa em Gland, pequeno povoado no cantão de Vaud (oeste da Suíça).
A mansão dispõe de uma sala privada de cinema, estábulos, porto e um hélioporto.
Schumacher pertence ao exclusivo grupo de quatro mil estrangeiros que aproveitam dos incentivos fiscais dados na Suíça para pessoas de fortuna.
Kimi Räikkönen: Wollerau/SZ
Felipe Massa: Wollerau/SZ
Lewis Hamilton: Luins/GE
Heikki Kovalainen: Coppet/VD
Fernando Alonso: Mont-sur-Rolle/VD
David Coulthard: Villars
Nick Heidfeld: Stäfa/ZH
Robert Kubica: Hinwil/ZH
Jarno Trulli: Pontresina/GR
Sebastian Vettel: Walchwil/ZG
Adrian Sutil: Oensingen/SO
Sebastien Bourdais: Morges/GE
As corridas de carros em pista circular estão proibidas na Suíça desde 1955.
Porém os relacionamentos entre a Suíça e a Fórmula 1 são estreitos.
Isso graças a Peter Sauber. O fundador e chefe da equipe Sauber na Fórmula 1 vendeu sua empresa em 2007 para a BMW. Seu novo nome atualmente é BMW Sauber.
A empresa ainda está sediada em Hinwil, povoado ao leste de Zurique, onde trabalham atualmente 420 pessoas.
A BMW Sauber gera negócios para empresas helvéticas na ordem de 50 milhões de francos.
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