Posição da Suíça irrita Israel
As operações militares de Israel na Faixa de Gaza violam o direito internacional humanitário. A denúncia é da Suíça e provoca a ira do Estado hebreu.
O embaixador de Israel na Suíça repetiu a swssinfo que seu governo considera essas críticas como “claramente desequilibradas”.
“Nós repeitamos a posição do governo suíço, mas discordamos. Essa maneira de ver é claramente desequilibrada”, declarou a swissinfo o embaixador de Israel em Berna, Aviv Shir-On. Ele reagia ao comunicado divulgado pelo Ministério suíço das Relações Exteriores.
Com a ofensiva do Tsahal (exército israelense) na Faixa de Gaza, a diplomacia suíça reagiu duramente denunciando uma “punição coletiva da população, proibida pelo direito internacional humanitário”.
O comunicado denuncia também a destruição pelas forças armadas israelenses da central elétrica que abastecia quase metade da população Faixa de Gaza, deixando 700 mil pessoas sem energia e sem água porque as bombas não podem funcionar.
«Eleitos… como Hitler»
Além disso, a diplomacia suíça julga que o “ataque ao escritório do primeiro ministro palestino e a detenção arbitrária de um grande número de representantes do povo e ministros democraticamente eleitos é injustificada”.
O embaixador israelense na Suíça não contesta que os representantes palestinos tenham sido democraticamente eleitos. “Mas o Hamas é um movimento terrorista, reconhecido como tal não somente por Israel mas também pelos Estados Unidos e pela União Européia”, explica Aviv Shir-On.
Para ele, mesmo eleitos democraticamente, eles “continuam sendo terroristas”. E acrescenta que “Adolf Hitler também começou por ser eleito democraticamente”.
Uma crise humanitária…
Longe dessas considerações, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foi o primeiro a lançar, sexta-feira passada, um apelo às duas partes para que o direito internacional humanitário fosse respeitado e que a população civil fosse poupada do conflito.
Como havia feito segunda-feira o Ministério das Relações Exteriores, o CICV também solicitou aos raptores do soldado isralense, que motivou a ofensiva, para que tratasse o soldado com “humanidade e respeito de sua dignidade”.
Terça-feira, 04 de de julho, a Comissão de Política Exterior do Senado se declarara “indignada pela indiferença geral acerca da situação catastrófica na Palestina, no plano humanitário e político”.
Entrevista pela Rádio DRS, a chanceler Micheline Calmy-Rey repetiu que não admitia a política de punição coletiva. La ministra julgou “horríveis” as condições de vida dos habitantes da Faixa de Gaza.
No mês passado, a DDC, órgão do governo suíço de cooperação ao desenvolvimento, havia liberado um milhão de francos suíços de emergência para a compra de remédios. Mais um milhão será liberado para abastecer a população com gêneros de primeira necessidade. Um técnico suíço será enviado para supervisar as operações humanitárias.
… mais não uma crise diplomática
As reações dos meios políticos suíços não signficam o início de uma crise diplomática entre Berna e Tel-Aviv.
Para o embaixador isralense Aviv Shir-On, as relações entre a Suíça e Israel “são suficiente fortes e não serão afetadas por esse caso”.
swissinfo
O Direito Internacional Humanitário:
– É um conjunto de regras que visam limitar os danos dos conflito sobre as pessoas.
– Esse direito é baseado nas Convenções de Genebra de 1949, que protegem os civis e os soldados feridos, doentes ou prisioneiros. Fundamenta-se também nas Convenções de Haya, que estipulam regras de conduta na guerra.
– Sediado em Genebra, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) promove e garante o direito internacional humanitário.
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