Proporção de suíços “privados de notícias” bate recorde
A proporção de pessoas no país consideradas "privadas de notícias" aumentou para 46%. Já a qualidade geral da mídia permanece elevada. Essas são algumas das constatações de um estudo que acaba de ser publicado pela Universidade de Zurique.
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O estudo anual foi divulgado hojeLink externo (21.10) pelo Centro de Pesquisa para a Esfera Pública e SociedadeLink externo da Universidade de Zurique. Entre suas conclusões, o relatório destaca que os consumidores de conteúdo das diversas unidades da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRGLink externo, na sigla em alemão), da qual faz parte a SWI swissinfo.ch, frequentemente também acessam a mídia privada.
De acordo com o “Anuário da Qualidade da Mídia na SuíçaLink externo“, 61% dos usuários da SRG consomem também mídia privada, enquanto apenas 38% das pessoas que não assistem aos programas da SRG fazem o mesmo. O estudo ainda aponta que jornais gratuitos e tabloides são consumidos com mais frequência pelos usuários da SRG do que pelos não usuários da rede pública.
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Esse comportamento se repete no ambiente on-line: apenas 4% dos entrevistados disseram consumir exclusivamente as notícias dos canais online da SRG, número bem inferior àqueles que acessam apenas mídias de tabloides ou notícias diárias (26%) ou apenas plataformas pagas (8%).
“A mídia pública claramente incentiva um maior consumo de notícias”, afirmou Linards Udris, vice-diretor de pesquisa, em uma coletiva de imprensa. Segundo ele, o estudo demonstra que há um uso complementar da mídia pública e privada, refutando a teoria de que a SRG exclui o consumo de outros meios. “A teoria do deslocamento não se aplica”, acrescentou Mark Eisenegger.
Problema de alcance
Apesar das conclusões positivas, o estudo também revelou uma diminuição do público tanto da mídia pública quanto da privada, com um aumento para 46% no número de pessoas consideradas “privadas de notícias” na Suíça. Esse segmento da população tende a se informar principalmente pelas redes sociais, explicou Udris.
Além disso, o anuário destacou uma crescente concentração de conteúdo midiático devido a restrições financeiras, especialmente em reportagens regionais, onde há uma reutilização mais frequente de artigos. O estudo considera essa perda de diversidade, sobretudo em nível local e regional, preocupante.
O relatório também sugere uma maior cooperação entre as mídias pública e privada para enfrentar o desafio imposto pelas grandes plataformas tecnológicas, que captam a maior parte da receita publicitária na internet. Segundo Eisenegger, esse é o maior obstáculo para a sobrevivência de ambos os setores.
Pouco disposição a pagar
Outro desafio identificado foi a falta de disposição dos consumidores para pagar por conteúdo, especialmente no setor online: 57% dos entrevistados afirmaram que não pagariam nada, enquanto 35% disseram estar dispostos a pagar menos de 10 francos (US$ 12) por mês.
O preço médio de uma assinatura online na Suíça é de 18 francos por mês. Contudo, o estudo não encontrou uma correlação significativa entre o uso de determinados tipos de mídia e a disposição de pagar.
Homens, jovens e pessoas com interesse elevado em notícias e política são os mais dispostos a pagar por serviços de notícias digitais.
Qualidade e confiança na SRG
O estudo revelou que a maioria dos entrevistados confia nos programas da SRG, que alcançaram uma média de sete pontos em uma escala de dez, seguidos pelos jornais Le Temps (6,8 pontos) e Neue Zürcher Zeitung (6,6 pontos). Já o tabloide Blick recebeu cinco pontos, ficando no mesmo nível das plataformas GMX e Yahoo News.
SWI swissinfo.ch obteve uma das melhores avaliações entre as 27 mídias online analisadas, com 7,4 pontos de um total de dez, ficando em segundo lugar.
As maiores notas foram atribuídas aos programas de rádio e TV da SRF, canal germanófono da SRG, que alcançaram 7,7 e 7,5 pontos, respectivamente. O programa “Echo der Zeit” liderou com 8,1 pontos, seguido pelo “Rendez-vous”, com 7,9 pontos. A TV privada foi classificada ao lado dos jornais por assinatura online, com 6,4 pontos.
Tabloides e jornais de massa ficaram na parte inferior da tabela, com notas de 4,6 e 5 pontos, mas o estudo acredita em melhorias a longo prazo nas áreas de relevância e diversidade, à medida que as mudanças no jornalismo focadas em qualidade ganhem força.
Ceticismo em relação à IA
O relatório também revelou que a população suíça é amplamente cética quanto ao uso da inteligência artificial (IA) no jornalismo. Quase três quartos dos entrevistados consideram os riscos da IA no jornalismo mais elevados do que em outras áreas, como política ou defesa.
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Quanto mais a IA interfere na produção jornalística, como na criação de textos ou imagens, maior o ceticismo. Segundo Daniel Vogler, vice-diretor da pesquisa, essa desconfiança pode explicar a relutância dos suíços em adotar notícias geradas por IA. No entanto, a maioria apoia o uso da IA em atividades como tradução, análise de dados ou pesquisa.
O anuário de mídia, publicado desde 2010, visa estimular o debate sobre a qualidade da mídia e aumentar a conscientização sobre a importância do jornalismo na sociedade. O estudo abrange todos os tipos de mídia, incluindo imprensa, rádio, TV, plataformas online e redes sociais, com base no relatório anual Digital News Report do Instituto Reuters da Universidade de Oxford.
Adaptação: Alexander Thoele
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