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Santos Dumont apreciava Montreux

Fonte em homenagem a Santos Dumont, em Glion, perto de Montreux. swissinfo.ch

O ilustre pioneiro da aviação realizou pelo menos dois períodos de tratamento de saúde em clínica da região de Montreux.

E um dos vestígios de sua passagem é uma fonte na charmosa comuna de Glion.

Já em 1910, com apenas 37 anos, no auge da glória, Santos Dumont achava que havia realizado tudo o que desejava. Havia construído e testado balões e aeroplanos, 20 ao todo. Graças a seus inventos, voar já não era nada de muito excepcional, pois centenas de pessoas já o faziam.

Mas fora das luzes de ribalta, o inventor estima-se esquecido. É quando se teriam manifestado os primeiros sinais de depressão, com sintomas que chegaram também a ser atribuídos a esclerose múltipla.

Andanças

Seja o que for, com o tempo, seu estado depressivo se agrava, principalmente quando o genial pioneiro constata que seus inventos viram máquina de guerra.

Verifica-se, porém, que mesmo com menos vontade de viver, Santos Dumont não pára, numa época em que o avião ainda não havia diminuído as distâncias, sendo o navio indispensável nas viagens intercontinentais.

Em 1914 vai ao Brasil, volta à França no mesmo ano e, mais tarde, viaja aos Estados Unidos, Argentina, Chile…

Duas temporadas em clínica suíça

Em 1926 está na Suíça para cuidar da saúde. No registro de entradas da Clínica Valmont, em Glion (comuna que domina Montreux, à qual pertence), consta que Alberto Santos Dumont se internou no estabelecimento no dia 30 de setembro de 1926.

Na Clínica Val-Mont (como era chamada na época), ele ocupou o quarto n° 30. No livro consta também o endereço de Santos Dumont (av. Paulista Villarès 105, São Paulo), o dia da baixa (22 de dezembro) e a cidade para a qual viajou ao deixar a clínica (Lausanne).

Sinal de que o estado de saúde do paciente continuava insatisfatório é o registro, no mesmo livro, de que Santos Dumont se interna novamente, na mesma clínica, em 22 de janeiro de 1927 (quarto n° 7), ficando no estabelecimento até 4 de abril.

O endereço no Brasil continua sendo o mesmo, mas desta vez, quando sai, o registro indica que o ilustre personagem parte para Gstaad, interior do cantão de Berna. Na época, Gstaad não era ainda um badalado vilarejo como nas últimas décadas.

Residência em chalé

Os ares de Glion-Montreux e certamente o tratamento no sanatório, que empregava as técnicas mais modernas, parecem ter feito bem a Santos Dumont. Podem também ter exercido alguma influência na cura a beleza e a tranqüilidade da região: acostada à montanha e 600 metros mais alta que Montreux, a comuna de Glion, proporciona uma vista deslumbrante sobre o Lago Léman, tendo os Alpes como “pano de fundo”.

Resta que pesquisa mais profunda poderia determinar outras possíveis estadas do pioneiro da aviação na região de Montreux. Os arquivos da cidade dão alguma pista nesse sentido.

Igualmente os arquivos da empresa Cartier – que tem ligações com Santos Dumont e uma linha de relógios Santos, em homenagem ao pioneiro da aviação – indicam que depois da permanência na Clínica Valmont, de Montreux-Glion, “ele passa a morar na Villa Ribaupierre (um chalé) onde fica de 1927 a 1932”.

E esse chalé, segundo nos informou uma historiadora dos arquivos municipais de Montreux, era propriedade dos Cantacuzene, família de aristocratas russos.

Projeto de morar em Glion-Montreux

Outros dados biográficos sobre o invento dão conta, porém, de que, por exemplo, em 1927 ele volta à França, vai ao Brasil no ano seguinte e em 1930 se interna em sanatório de Orthez, sudoeste francês. Em 1931, Santos Dumont passa por Biarritz, já quase na fronteira com a Espanha, antes de voltar definitivamente para o Brasil, onde morre (ou mais provavelmente se suicida) no ano seguinte.

Se esteve em Glion-Montreux foi es-po-ra-di-ca-me-nte, nesses cinco anos que lhe restaram de vida.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

– Cinco anos antes de morrer, Santos Dumont realizou duas curas em clínica de Montreux.

– Nas duas vezes esteve quase 2 meses no estabelecimento.

– O pioneiro da aviação considerava “um oásis de paz”, a região, onde tinha projeto de morar.

– Uma praça e uma fonte Glion-Montreux homenageiam o inventor.

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