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Seydou Doumbia: “Brasil e Espanha são os favoritos”

Doumbia comemora seu primeiro gol pela seleção da Costa do Marfim contra a Alemanha (18/11/09). Reuters

Em entrevista à swissinfo.ch, o atacante costa marfinense Seydou Doumbia fala sobre as chances da seleção de seu país no "grupo da morte" da Copa do Mundo, onde enfrentará o Brasil, Portugal e Coreia do Norte.

“Com um pouco de sorte e muita garra, podemos passar à segunda fase”, diz. O atacante do Young Boys de Berna acredita também que a Suíça tem chances reais contra a Espanha, o Chile e Honduras.

Artilheiro pelo segundo ano consecutivo, Seydou Doumbia, de 23 anos, é a “superestrela” da Super Liga, o campeonato da primeira divisão do futebol suíço. Mas isso apenas até o próximo final de semana, quando disputa a final da competição contra o FC Basileia.

Infelizmente para seus fãs suíços, ele deixa o Youngs Boys no final da temporada e vai jogar no CSKA Moscou, onde assinou um contrato de cinco anos. Mas tudo indica que eles o verão na Copa do Mundo, quem sabe, até numa partida da Costa do Marfim contra a Suíça.

Swissinfo.ch falou com Doumbia, um dos 32 nomes na pré-lista do técnico Sven-Goran Eriksson para a Copa do Mundo, após uma sessão de autógrafos que ele concedeu na Feira da Agricultura, Comércio e Indústria (BEA), realizada ao lado do Stade de Suisse, onde o Young Boys disputa seus jogos em casa.

swissinfo.ch: Você está na Suíça há dois anos. O que acha do futebol suíço?
Seydou Doumbia: Quando eu estava no Japão (veja fixa técnica na coluna à direita), não conhecida nada do campeonato suíço. Quando cheguei aqui me adaptei rápido e agora acho que é um campeonato muito bom.

swissinfo.ch: Você estreou contra o FC Basileia e sua última partida pelo Young Boys será contra a mesma equipe, talvez pelo título de campeão suíço.
S.D.: Temos ainda dois jogos para terminar o campeonato. Por enquanto nós estamos na frente. Vamos dar tudo para sermos campeões este ano. (N.d.R.: A duas rodadas da final, o Young Boys lidera com 77 pontos contra 74 do FC Basileia).

swissinfo.ch: Na Suíça já faz bastante frio, mas a partir da próxima temporada você vai jogar em Moscou, mais frio ainda?
S.D.: Quando saí da Costa do Marfim para o Japão, cheguei lá no inverno e me adaptei. Quando cheguei aqui na Suíça também tive de me esforçar e me adaptei. Acho que em Moscou vou ter que lutar novamente para me adaptar, mas veremos o que vai acontecer.

swissinfo.ch: Você conhece muitos jogadores da seleção suíça. Quais são as chances da Suíça em um grupo só de “latinos” (Espanha, Chile e Honduras) na Copa?
S.D.: Eu acho que a Suíça poderá se sair bem. Já tem um tempo que a vejo jogar. Penso que, se os jogadores acreditarem realmente que têm chance, eles podem se classificar e, quem sabe, encontrar a Costa do Marfim na segunda fase (ele diz quartas de final).

swissinfo.ch: O que pode fazer a Costa do Marfim no grupo do Brasil, Portugal e Coréia do Norte, chamado “grupo da morte”?
S.D.: Penso que não vamos inventar o futebol. Vamos lutar para ganhar cada jogo, não importa a equipe que estiver diante de nós, para poder passar da primeira fase. Acho que todos os jogadores estão conscientes disso. Com um pouco de sorte e muita combatividade, podemos conseguir.

swissinfo ch: No Young Boys, antes de se tornar titular, você era usado pelo técnico como “trunfo”: ficava no banco, entrava e marcava. Na seleção da Costa do Marfim será a mesma coisa?
S.D.: Tudo é possível e eu ainda não sei o papel que vão me dar. Aqui eu tive que aceitar ficar no banco até me tornar titular. Na Costa do Marfim também terei de provar que mereço ser titular.

swissinfo ch: Falando dos adversários diretos da primeira fase, o que você acha do Brasil?
S.D.: O Brasil é o que é. Ninguém vai mudar isso. É um time que nunca perde na primeira fase, mas vamos tentar nossa chance e espero que dará certo para nós.

swissinfo ch: E Portugal, com Cristiano Ronaldo, um dos melhores jogadores do mundo?
Portugal está em grande forma atualmente, mas cabe a nós nos concentrarmos e lutar. A grande maioria dos jogadores da Costa do Marfim está na Europa, em grandes campeonatos. Então também temos essa força para enfrentar essas equipes. Em todo caso é o que esperamos.

swissinfo ch: Nesse grupo, o grande mistério é a Coreia do Norte. Para você que jogou no Japão, a Coreia do Norte também é um mistério?
S.D.: Conheço um pouco da mentalidade dos asiáticos. São times que correm muito e lutam em campo. É preciso ter muito preparo físico para contê-los. Acho que posso dar alguns conselhos a meus companheiros para enfrentá-los.

swissinfo ch: Com exceção da Costa do Marfim, quem é o seu favorito para o título?
S.D.: Para mim, os favoritos são Brasil e Espanha.

swissinfo ch.: Essa Copa do Mundo pode ajudar no desenvolvimento da África, como dizem os organizadores?
S.D.: Eu acho que sim. Primeiro porque todos os garotos que sonham com o futebol terão mais razões de lutar vendo uma Copa do Mundo na África. A África também terá a ocasião de adquirir outras experiências.

swissinfo.ch.: Sabe-se que todos os garotos, inclusive na África, sonham com glória e fortuna na Europa. O fato de estar jogando aqui lhe dá uma responsabilidade particular?
S.D.: Como todos os outros garotos, eu também sonhava em jogar em bons campeonatos. Primeiro eu joguei na Costa do Marfim, depois no Japão, na Suíça e agora vou jogar na Rússia. Mas meu sonho mesmo é ainda jogar na Inglaterra ou na Espanha. Toda vez que vou à Costa do Marfim, eu incentivo os jovens a batalharem como eu fiz. Mas digo sempre que também é preciso ter um pouco de sorte.

swissinfo ch: Você se engaja socialmente na Costa do Marfim?
Tenho projetos para ajudar crianças mas, por enquanto, ainda não comecei. Espero que dê certo e que um dia serão concretizados.

swissinfo ch: A Costa do Marfim era um país estável até o início dos anos de 1990, mas desde então está conturbada. Isso o preocupa?
S.D.: Passamos por momentos difíceis, com guerra e muitos mortos. Agora parece que está um pouco mais calmo e que as pessoas começam a compreender que é o dialogo que trará novamente a paz ao nosso país.

swissinfo ch: A Costa do Marfim é o maior exportador mundial de cacau, em grande parte industrializado por empresas suíças. Você gosta de chocolate suíço?
S.D.: Eu adoro e, como estou aqui, como bastante, mas não abuso.

swissinfo ch: Que imagem da Suíça ficará gravada na sua memória?
S.D.: Acho que o que me marcaria mais é ser campeão suíço, ganhar o campeonato. Ao mesmo tempo, eu deixaria algo importante aqui, o que seria fantástico. Afora isso, acho que são as boas relações no clube. Também fui muito marcado pela gentileza das pessoas, muito mais abertas do que dizem.

Geraldo Hoffmann e Claudinê Gonçalves, swissinfo.ch

Seydou Doumbia nasceu em 31 de dezembro de 1987, em Yamoussoukro, na Costa do Marfim.

Começou sua carreira profissional no clube costa marfinense AS Athlétic Adjamé, em 2003. No ano seguinte, conquistou o campeonato nacional pelo ASEC Mimosas e foi artilheiro com 15 gols marcados em 20 jogos.

Em 2006 e 2007 jogou no Japão, no Kashiwa Reysol e Tokushima Vortis (segunda divisão).

Em 18 de julho de 2008, estreou no Young Boys de Berna. Como “trunfo”, marcou 20 gols (nenhum no primeiro tempo) e foi artilheiro e eleito melhor da Super Liga na temporada 2008/2009 suíça.

Na atual temporada, lidera a artilharia com 29 gols, à frente de Marco Streller (FC Basileia), com 21.

Em 1° de julho de 2010, troca o Young Boys pelo CSKA Moscou, onde tem contrato até 30 de junho de 2015.

O valor de seu passe é estimado em 8 milhões de euros.

Doumbia estreou na seleção em 24 de maio de 2008, num partida contra o Japão. Atuou seis vezes pela equipe nacional até agora e marcou seu primeiro gol no amistoso contra a Alemanha, em 18 de novembro de 2009.

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