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Suíça enfrenta Nigéria na final do Mundial Sub-17

Os atacantes Haris Seferovic e Ben Khalifa comemoram a vitória sobre a Colômbia e a classificação para a final. Keystone

A Suíça goleou a Colômbia por 4 a 0, nesta quinta-feira (12/11), e vai à final da Copa do Mundo Sub-17 no próximo domingo contra a anfitriã Nigéria, que derrotou a Espanha por 3 a 1. É o maior sucesso do futebol suíço num torneio da Fifa desde 1924.

Treze dos 21 jogadores que participam do Mundial têm dupla nacionalidade. A equipe é considerada um retrato da Suíça multicultural e já é uma das duas melhores do mundo.

André Gonçalves foi um navegador português que, em 10 de maio de 1501, partiu do Tejo para uma expedição à costa brasileira. Mas André Gonçalves é também um jovem jogador português-suíço que, com a seleção sub-17 da Suíça, está conquistando o mundo do futebol.

O lateral-direito é um dos 13 binacionais da seleção helvética que disputa o Campeonato Mundial de Futebol Sub-17 na Nigéria (veja lista na coluna à direita). “Esta equipe tem uma mentalidade vencedora”, tem repetido o técnico Dany Ryser.

Essa descrição serve bem para o perfil de Gonçalves. “Ele sempre quer vencer”, diz o irmão Miguel Caetano Gonçalves, goleiro do FC Glarus, time da segunda divisão do futebol suíço.

Os suíços sub-17, campeões europeus em 2002, participam pela primeira vez de uma competição da Fifa nessa faixa etária. Para chegar à final, superaram potências do futebol, como Brasil, México, Alemanha, Itália e golearam a Colômbia, que havia eliminado a Argentina.

Na semifinal desta quinta-feira, com vantagem numérica em campo após a expulsão do colombiano Arias aos 13min, os suíços dominaram claramente a partida e poderiam ter vencido por um placar ainda mais folgado. Os gols foram marcados por Ben Khalifa (de pênalti), Haris Seferovic, Bruno Martignoni e Ricardo Rodriguez.

A classificação para a final do próximo domingo contra a Nigéria, anfitriã e atual campeã mundial sub-17, representa o melhor desempenho da Suíça em um torneio da Fifa desde 1924, quando ela ficou em quarto lugar no Campeonato de Futebol Olímpico em Paris.

Bom trabalho de base

Independentemente do resultado que alcançar na final, a equipe de Dany Ryser já conseguiu uma coisa: ela conquistou a torcida. Desde a vitória sobre o Brasil na primeira fase, ela domina o noticiário esportivo no país.

O sucesso da equipe tem mais de um “pai” e não caiu do céu. Seis talentos que brilham na Nigéria foram forjados nos três centros de formação da Associação Suíça de Futebol (ASF), em Payerne, Emmen e Tenero: Fréderic Veseli, Nassim Bem Kahlifa, Matteo Tosetti, Haris Seferovic, Pajtim Kasami e André Gonçalves.

Os centros destinados a talentos de 14 a 16 anos conciliam a vida escolar com os treinos e adotam três princípios de formação: a marcação por zona, o jogo ofensivo e futebol dinâmico.

O resultado é um balanço de 17 gols em 6 jogos (todos vencidos) no Mundial Sub-17, “um saldo que contrasta com o futebol inibido praticados às vezes por certas seleções helvéticas”, como escreve o jornal 20minutes.ch.

Segundo o futuro diretor técnico da ASF, Peter Knäbel, a formação de um jovem jogador custa entre 30 e 40 mil francos por ano, incluindo custos administrativos nas sede da entidade. O investimento dá retorno.

Retrato da Suíça multicultural

Mas a formação não é tudo. A força da equipe resulta de “uma mescla entre talento e personalidade”, diz Knäbel ao jornal Berner Zeitung. “Temos por ano 15 a 20 bons jogadores com os quais podemos formar uma boa seleção”, diz à swissinfo.ch Hansruedi Hasler, que há 15 anos é diretor técnico da ASF e entegrará o cargo a Peter Knäbel no final do ano.

Há 20 anos, as equipes de base da seleção suíça ainda não contavam com descendentes de imigrantes. Hoje 60% do plantel da sub-17 têm um histórico de migrante. Também a seleção principal está recheada de “secondos”.

“A Suíça é um clássico país de imigração. A integração social muitas vezes ocorre através do futebol, que em outras culturas é mais valorizado”, afirma Knäbel. Ele não se surpreende com o grande número de imigrantes na equipe.

“Ela é o retrato da realidade social n Suíça.” Para Knäbel, a seleção sub-17 personifica os valores modernos da Suíça. “Os jogadores têm orgulho de carregar a cruz (da bandeira suíça) no peito, são corajosos e extremamente modestos.”

Segurar os talentos

Três jogadores da equipe que disputa o Mundial na Nigéria já têm contratos com clubes ingleses: o goleiro Benjamin Siegrist (Aston Villa), o capitão Frederic Veseli (Manchester City) e Sead Hajrovic (Arsenal London). Pajtim Kasami joga no Lazio Roma.

Alguns dos binacionais já disseram que continuarão fieis à seleção suíça, ao contrário de dois talentos formados anteriormente pela ASF e que preferiram vestir a camisa de seus países de origem: Zdravko Kuzmanovic (Sérvia) e Ivan Rakitic (Croácia).

“A melhor proteção contra a persuasão por outros países é a classificação para um grande torneio. Temos de convencer os jogadores com histórico de migrante de que vale a pela jogar pela Suíça”, diz Knäbel.

Hansruedi Hasler acrescenta que pode muito bem imaginar que um dos três atacantes da sub-17 – Nassim Ben Khalifa, Granit Xhaka e Haris Seferovic – venha a ser convocado para disputar à Copa do Mundo de 2010 na África do Sul.

Geraldo Hoffmann (com colaboração de Renat Künzi), swissinfo.ch

Treze dos 21 jogadores da seleção suíça sub-17 têm dupla nacionalidade. Veja os países em que eles têm suas raízes:

André Gonçalves, Portugal
Fréderic Veseli, Kosovo
Granit Xhaka, Albânia
Haris Seferovic, Bósnia
Igor Mijatovic, Sérvia
Joel Kiassumbua, Congo
Kofi Nimeley, Gana
Maik Nakic, Croácia
Nassim Ben Khalifa, Tunísia
Pajtim Kasami, Albânia
Ricardo Rodríguez, Chile
Robin Wecchi, Itália
Sead Hajrovic, Bósnia

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