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Suíça nega ser base de atividades das Farc

Suíça nega que seja palco de atividades ilegais de membros das Farc. Keystone

O embaixador da suíça na Espanha, Jean-Philippe Tissières, rechaçou a acusação de que seu país seja palco de atividades ilegais de membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Ele também destacou que o mediador suíço Jean-Pierre Gontard, acusado de cumplicidade com as Farc, sempre agiu de forma correta e transparente com as autoridades colombianas.

Em carta aberta publicada nesta quarta-feira (06/08) no El País, Tissières rebateu as acusações do governo colombiano, publicadas em 30 de julho pelo jornal espanhol, segundo as quais existe na Suíça um grupo de apoio às Farc.

“A Suíça converteu-se, segundo o governo colombiano, na principal base das Farc na Europa. O motivo é muito simples: por não estar na UE (União Européia), não outorga à guerrilha a classificação de organização terrorista. Não só isso: tampouco tem atuado, pelo menos até agora, contra os membros do grupo armado que residem em seu território”, escreveu o El País.

Tissières garante que as autoridades suíças “interviriam imediatamente em caso de surgirem indícios concretos de atividades criminosas de pretensos simpatizantes das Farc na Suíça”.

Em sua carta, o diplomata explica também a legislação da Confederação Helvética referente às organizações coletivas.

“Ao contrário dos Estados Unidos, a ordem jurídica suíça não prevê, em princípio, nenhuma proibição de organizações. Em casos excepcionais, a fim de salvaguardar a segurança interna ou externa do país, as autoridades suíças podem decretar disposições individuais”, afirma.

Ele acrescenta que a Suíça raramente recorre a esse dispositivo constitucional, que, por exemplo, foi usado para proibir o Partido Nazista alemão (NSDAP), em 1936, e a Al-Qaeda, em 1991.

Nenhuma atividade ilegal

Na reportagem intitulada “Colômbia crê que na Suíça há um grupo apoio aos guerrilheiros”, o El País mencionou também que, segundo a polícia colombiana, “na Suíça vive o principal delegado das Farc na Europa, Lucas Gualdrón, um colombiano de 39 anos, que reside em Lausanne com o título de professor de Filosofia” e suposto traficante de armas.

“Além de Gualdrón”, continua o jornal, “a inteligência colombiana localizou em Lausanne, Zurique e Genebra pelo menos outros cinco membros da comissão internacional das Farc, que se ocultam atrás de ONGs”.

Sobre isso, o embaixador suíço assinala: “Atualmente, nossas autoridades não têm conhecimento de nenhum comportamento penalmente relevante ou de atividades de supostos expoentes das Farc na Suíça”.

Trabalho transparente de Gontard

Quanto ao papel desempenhado por Jean-Pierre Gontard, mediador suíço entre o governo colombiano e as Farc, contra o qual a Justiça colombiana abriu inquérito para apurar sua suposta participação na entrega de um pagamento de resgate à guerrilha, Tissières esclarece em sua carta:

“Investido de um mandato geral para Colômbia há um ano, Jean-Pierre Gontard desempenhou um papel cujo perfil e objetivos tem sido sempre plenamente conhecidos, como também reconhecidos pelo governo colombiano, em particular no marco dos esforços de facilitação da Suíça, e mais adiante também da França e da Espanha”.

“Cabe mencionar que essa transparência com as autoridades colombianas sobre a atividade do senhor Gontard tem sido sempre válida tanto para seu mandato geral, como para cada uma de suas missões, as quais eram, cada vez e escrupulosamente, objeto de um mandato em separado”.

A Colômbia acusa o mediador helvético de haver entregue ao principal grupo rebelde do país os 500 mil dólares do resgate de dois funcionários da empresa suíça Novartis em 2001.

“Jean-Pierre Gontard contribuiu consideravelmente para a libertação de dois reféns, participando efetivamente das negociações entre a empresa privada suíça que os empregava e as FARC”, escreve Jean-Philippe Tissières.

“Tal missão baseava-se em um mandato direto. Jean-Pierre Gontard não entregou dinheiro algum como pagamento de resgate no marco dessa missão”, garante o embaixador suíço.

swissinfo, Iván Turmo

A ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, visita a Colômbia e o Brasil de 11 a 15 de agosto.

A visita ocorre num momento de tensão nas relações entre a Confederação Helvética e a Colômbia, que completam 100 anos.

No dia 12, ela visitará projetos de ajuda humanitária e de promoção da paz em Medellín.

No dia 14, em Brasília, assinará com o ministro Celso Amorim um protocolo de intenções para uma parceria estratégica entre a Suíça e o Brasil.

Nos dois países, Calmy-Rey se reunirá também com empresários suíços.

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