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Suíça prepara sucessão de Federer

O Centro Nacional de Tênis de Bienne vai se expandir em 2011. swisstennis.ch

Depois de Federer, o dilúvio? Não é o que deseja a Federação Suíça de Tênis, que pôs a promoção de jovens talentos como prioridade para os próximos anos.

Com pouca reserva, a Suíça quer, antes de tudo, promover a qualidade do enquadramento e de suas infraestruturas.















Em dezembro de 2010, René Stammbach, presidente da Federação Suíça de Tênis, e Hans Stöckli, prefeito Bienne, iniciaram as obras para aumentar o Centro Nacional de Tênis. Em pouco mais de um ano, um novo complexo, que inclui quadras e salas de aula, deve ser realizado na cidade.

Custo: 6 milhões de francos, dos quais 1,5 milhão a cargo da Confederação. A nova infraestrutura vai beneficiar os dez aspirantes a Federer que já estão treinando em Bienne, mas também jovens atletas estrangeiros inscritos na nova “Swiss Tennis Academy”. Com os lucros obtidos pela academia – o custo de treinamento e alojamento é de cerca de 36 mil francos por ano – a Federação pretende financiar parte do custo de preparação de seus futuros campeões.

“É um novo começo, diz René Stammbach. As novas estruturas vão permitir aos jovens treinar e viver sob o mesmo teto. Atualmente, eles perdem quase duas horas por dia no deslocamento entre casa, escola e salas de treinamento.”

Um consultor de primeira

A Federação também tem investido no enquadramento, contratando os serviços de uma empresa de consultoria de primeira. Gunthard Heinz, ex-jogador profissional convertido em treinador de sucesso, será responsável pela supervisão do trabalho de seis técnicos da Federação. “Cada treinador precisa de uma visão externa sobre seu trabalho. Quando estava treinando Steffi Graf, perguntava sempre aos colegas o ponto de vista deles”, diz Heinz Günthardt, que acaba de terminar sua colaboração com a jogadora da Sérvia, Ana Ivanovic.

Focalizar a qualidade em vez da quantidade é o credo dos líderes do tênis suíço. “A Rússia e a França estão desenvolvendo conceitos em PowerPoint que se aplicam a centenas de jogadores. Na Suíça, isso não serve para nada. Temos, no máximo, 3 ou 4 talentos capazes de fazer parte da elite. Devemos acompanhá-los atentamebte e proporcionar-lhes as melhores oportunidades de desenvolvimento, seja em Bienne, Zurique ou em outro lugar. O objetivo é atender as necessidades específicas de cada jogador”, afirma o técnico.

A médio prazo, esses talentos serão capazes de voar por conta própria no circuito internacional. E por que não imitar os jogadores de maior destaque que a Suíça produziu na última década? Dois jogadores número um do mundo, Martina Hingis e Roger Federer, mas também outros que não têm nada do que se envergonhar na comparação internacional, como Stanislas Wawrinka e Patty Schnyder.

“Tênis Atlético”

“Essa constelação original e bem-sucedida criou grandes expectativas entre o público. Temos que ser mais realistas no futuro”, alerta Severin Lüthi, capitão da equipe da Suíça na Copa Davis e treinador de Roger Federer.

René Stammbach espera que com a expansão do centro nacional e o padrão dos treinadores, “a Suíça possa contar, daqui a 5 ou 7 anos, com jogadores capazes de defender as cores do país na elite da Copa Davis”. Se de um lado ele acredita que Roger Federer deva ainda garantir o serviço “pelo menos durante cinco anos”, por outro, Severin Lüthi diz estar mais preocupado com a continuação: “Eu não vejo nenhum novo jogador com potencial para integrar a equipe nacional”.

Assim, o melhor membro da equipe A de Swiss Tennis, que inclui os nove melhores jogadores da Suíça com menos de 18 anos, está classificado em 783° lugar a nível mundial. “O tênis está cada vez mais atlético. A entrada no ranking dos 100 é feita agora aos 23 anos”, disse Heinz Günthardt, relativizando.

Atrair jovens

Para ter elementos que se destaquem, é importante poder contar com uma base sólida. Durante dez anos, o número de juniores em formação aumentou ligeiramente de 12926 para 14613, a evolução é ainda negativa para as meninas (4678 para 3871). É espantoso, se levarmos em consideração que a Suíça viveu, durante esse tempo, ao ritmo das façanhas do melhor jogador de todos os tempos.

É difícil para Severin Lüthi encontrar uma explicação para um fenômeno que segundo ele não é único: “Muitas federações passam por esse mesmo tipo de problema. A variedade dos esportes disponíveis é tão grande que cada vez menos jovens se concentram só no tênis”.

Swiss Tennis reconhece, no entanto, certas “fraquezas” a nível de recrutamento. A partir de 2011, a Federação irá organizar um “dia nacional do tênis” que deve permitir aos clubes alistar novos membros. A campanha publicitária em torno do evento, anunciado para 27 de agosto, terá como ícone um tal de Roger Federer.

Grupo Mundial. Relegado para a segunda divisão após a derrota na Copa Davis contra o Cazaquistão, em setembro, a Suíça vai enfrentar Portugal ou a Eslováquia, em julho de 2011. Em caso de vitória, ela disputa, em setembro, os jogos de barragem para retornar ao grupo mundial.

Vem ou não vem? Os resultados da seleção suíça vão depender muito da participação ou não de Roger Federer. “Ele prometeu que nos daria uma resposta em breve para que possamos planejar melhor esse evento”, disse Severin Lüthi, capitão da equipe. Nenhum prazo foi fixado para Federer anunciar sua decisão. Em caso de desistência, o enquadramento será reduzido para diminuir os custos suportados pela Federação.

Bacia de prata. Uma discussão “positiva” de mais de duas horas aconteceu em outubro, à margem do torneio de Estocolmo, entre Roger Federer, Severin Lüthi e René Stammbach, presidente da Federação, que não cansa de repetir seu desejo de ver a Suíça ganhando a Copa Davis.

Complicado. Com o rebaixamento da equipe suíça, “o sonho de ganhar a competição ficou ainda mais distante”, disse René Stammbach. Acrescentando: “Se a equipe quer vencer, deve fazê-lo antes de 2015”. Severin Lüthi diz que é muito difícil planejar tal vitória. “Espanha, Sérvia e França têm um contingente mais cotado do que o nosso. Na fase atual que estamos passando, isso vai continuar sendo mais um sonho do que uma meta”.

Adaptação: Fernando Hirschy

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