Voga do ecoturismo e turismo de aventuras
Os circuitos tradicionais levam sempre vantagem. Mas se nota crescente demanda de diversificação, como de turismo que respeite e preserve o equilíbrio do meio e o que envolve desfecho incerto e certo risco.
Sem abrir mão de qualidade.
O turista de primeira viagem que faz grandes trajetos, de custos relativamente elevados, limita-se geralmente aos circuitos tradicionais. Em relação ao Brasil, por exemplo, no roteiro de viagem figuram, com freqüência, Rio de Janeiro, Iguaçu, Salvador e Manaus.
Cresce, porém, a demanda de novas modalidades de turismo. E como constata Karin Luize de Carvalho, chefe da representação da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) em Frankfurt, na Alemanha, “essa demanda aumenta em função da globalização, da preocupação ambiental… Lugares que viram ícones, o turista quer visitá-los”.
A diversificação no setor do turismo evolui graças a fatores como facilidade de locomoção, encurtamento das distâncias e infra-estruturas adequadas. E hoje, uma das tendências, é a demanda de ecoturismo e turismo de aventuras, observa André Beraha, gerente de receptivo internacional da operadora Nascimento Turismo, uma das mais tradicionais do Brasil.
Potencial suíço
Karin constata o maior interesse de operadoras importantes pelo País. Uma delas, exemplica, é a Kuoni, da Suíça, que editou dois catálogos de quase 100 páginas – um em alemão e outro em francês – dedicados exclusivamente ao Brasil. E, realça, seguindo a nova linha que as autoridades brasileira procuram imprimir ao setor do turismo, “sem explorar clichês”.
“A resposta do mercado suíço, diz ainda, tem sido melhor que a do mercado alemão: 336 mil turistas alemães visitaram o Brasil em 2004 (últimas estatísticas disponíveis), mas a Alemanha tem uma população 10 vezes superior à da Suíça. Vê-se, então, que o potencial suíço é maior, até porque os turistas suíços dispunham apenas de um vôo direto regular e dois charters”.
De modo geral, o Brasil parece bem conceituado internacionalmente porque, como destaca Karin, “a taxa de retorno é uma das maiores do mundo”. E cita sondagem envolvendo 6 mil pessoas, 86% das quais manifestaram intenção de regressar ao País e, pasmem, 99% indicaram que recomendariam o Brasil a quem perguntasse.
Estatisticas eloqüentes
Presente na 30a. Travel Trade Workshop, em Montreux – encerrada dia 27 – André Beraha destaca que essa demanda é sempre acompanhada da exigência de padrões de qualidade.
“Nesse quesito, diz ele, o Brasil nos últimos dois anos tem começado a se adequar a tais exigências, oferecendo um turismo ecológico e de aventuras que não seja tão rústico ou que pelo menos tenha um conforto que satisfaça às necessidades do passageiro”.
Ao turista estrangeiro, e ao suíço em particular, sua empresa quer mostrar “as belezas do País – belezas naturais, geográficas, da pessoa… a receptividade, o calor humano e a alegria dos brasileiros”.
Karin de Carvalho tem verificado cada vez maior demanda de Brasil pelos suíços. O interesse é confirmado pelas estatísticas. Sinal dessa tendência é o salto no número de turistas do país dos Alpes em terras brasileiras: 70 mil em 2003; 84 mil em 2004.
Calcanhares-de-aquiles
Isto não quer dizer que o País seja um paraíso turístico. Entre os pontos fracos pode-se mencionar a violência que por vezes incide sobre o turismo e a pontualidade.
A inobservância de horários é algo impregnado no comportamento brasileiro, mais facilmente erradicável. Já a violência é particularmente ruim para imagem do País refletida no exterior, repercutindo desfavoravemente no número de entradas de turistas.
Um passo rumo à solução – que poderia ser apenas de longo prazo porque envolve também câmbios profundos na estrutura socio-política do Brasil – foi dado com o reconhecimento do problema da violência pelas autoridades.
“Nunca escondemos que temos problema nessa área”, reage Karin de Carvalho que aproveita a ocasião para criticar “um aproveitamente disforme pela mídia” de incidentes do gênero. Mas aponta maior envolvimento dos dos responsáveis na busca de solução.
Perfil do turista suíço
André Beraha relativiza um pouco o problema, lembrando que ele existe em todos os grandes centros do mundo, podendo sempre acontecer incidentes. Admite, porém, que “no Brasil há locais onde a questão é exacerbada e o governo tem que investir em segurança para convencer os turistas estrangeiros”.
Beraha lembra a existência no Brasil de áreas que estão livres desses crimes e onde o turista pode ir tranquilamente.
Quanto à pontualidade, ele acha que isso depende muito de operadora para operadora… Ele próprio acha inadmissível o descumprimento de horários.
E a respeito do perfil do turista suíço, comenta: “Ele é exigente, o que se promete ele vai cobrar de você… Se você disser que vai chover tal dia em tal lugar, ele mais ou menos, espera que esteja chovendo… Observa-se também que ele gosta de produtos de qualidade e não se incomoda em gastar um pouco mais desde que ele a tenha retorno”.
swissinfo, J.Gabriel Barbosa
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