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Brasil elege presidente com Bolsonaro como favorito

Os candidatos Jair Bolsonaro (e) e Fernando Haddad afp_tickers

Os eleitores brasileiros vão decidir neste domingo (28) se serão governados nos próximos quatro anos pelo candidato da extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas, ou pelo esquerdista Fernando Haddad (PT), que tentou formar uma frente democrática para impedir a vitória de um nostálgico da ditadura militar (1964-85).

Bolsonaro, capitão da reserva do Exército, de 63 anos, foi o vencedor do primeiro turno, com 46% dos votos contra 29% para Haddad. A última pesquisa Datafolha, divulgada na noite desta quinta-feira (25), atribuem ao militar o favoritismo do eleitorado, com 56% contra 44% para o petista.

Seus eleitores deram mais atenção à sua promessa de combater a criminalidade galopante flexibilizando o porte de armas e às suas denúncias contra a corrupção do que às suas declarações misóginas, homofóbicas e racistas ou à sua falta de iniciativas importantes nos 27 anos em que atuou como deputado.

O vencedor do pleito deverá governar junto a um Congresso com partidos debilitados por escândalos e dominado por lobbies conservadores do agronegócio, das igrejas evangélicas e dos defensores do porte de armas.

O PT continuará sendo a primeria força da Câmara, apesar de ter perdido vários deputados, após ser um dos partidos mais atingidos pelas investigações sobre o esquema de propinas na Petrobras.

Esse escândalo levou à prisão seu líder histórico, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que cumpre desde abril pena de 12 anos e um mês.

Haddad, de 55 anos, foi nomeado candidato em setembro em substituição a Lula.

Sua projeção se deu com base nos milhões de brasileiros que se beneficiaram das políticas de inclusão social de Lula. Mas não conseguiu, superado o primeiro turno, mais que o “apoio crítico” dos principais dirigentes da centro-esquerda, que condenam o PT por suas manipulações político-financeiras durante os anos em que esteve no poder.

Quem for eleito substituirá em 1º de janeiro de 2019 Michel Temer (MDB), o presidente mais impopular desde o retorno da democracia, que assumiu o cargo em 2016, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, do PT, acusada de manipulação das contas públicas.

– A democracia em risco? –

Haddad prometeu lutar até o último suspiro para impedir que o fascismo se instale no Brasil; e da prisão, Lula pediu a superação de divergências entre “democratas”. “Não podemos deixar que o desespero leve o Brasil na direção de uma aventura fascista”, alertou.

Bolsonaro, que ainda usa uma bolsa de colostomia devido à facada que levou no abdômen durante um comício em setembro, fez campanha essencialmente nas redes sociais, sem participar de nenhum debate desde o atentado, alegando recomendação médica. Sua convalescença não abrandou em nada a violência de suas declarações.

“Ou vão pra fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, vociferou no domingo, em transmissão do pátio de sua casa, exibida em uma manifestação de apoio à sua candidatura na Avenida Paulista, centro de São Paulo.

Esse discurso “raivoso” levou Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo e membro da direção do PSDB, a anunciar que votaria em Haddad.

Goldman acredita que as instituições democráticas resistirão a um eventual governo de Bolsonaro. “Mas, sinceramente, não quero pagar para ver”, declarou.

Márcio Coimbra, coordenador de programas de pós-graduação em Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie (EUA), descarta que Bolsonaro possa tomar medidas “que afetem a democracia”. O Brasil, alega, tem “um Ministério Público forte, um Supremo forte e um Congresso aberto”.

“É possível que faça reformas da Constituição para adaptá-la à sua agenda, mas que não afetarão a democracia”, afirma.

– Duas idades de ouro diferentes –

Bolsonaro e Haddad se propõem a reviver tempos heroicos, embora diferentes.

O lema de campanha do PT, “O povo feliz de novo”, evoca a ‘idade de ouro’ dos governos de Lula, com uma economia pujante, impulsionada pelos altos preços das commodities.

O paraíso perdido de Bolsonaro é outro.

“Nós queremos um país semelhante àquele que nós tínhamos há 40, 50 anos atrás (sic)”, declarou em entrevista à Rádio Jornal de Barretos. O período a que se refere, de 1968 a 1978, foi o mais duro da ditadura militar, com perseguições e torturas de opositores. Mas também foi o início do “milagre econômico”, um projeto industrializador.

Na política externa, Bolsonaro demonstra o desejo de uma aproximação com o americano Donald Trump, incluindo um aumento da pressão sobre o regime socialista da Venezuela, em pleno marasmo econômico e social. Haddad, por sua vez, quer reforçar as relações Sul-Sul.

Se vencer, o guru econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, tentará lançar um programa de privatizações para reduzir a dívida e reativar a economia, que vem de dois anos de recessão e dois de fraco crescimento.

Mas diante das resistências em seu próprio campo, Bolsonaro precisou esclarecer que só privatizará atividades periféricas da Petrobras ou da Eletrobras e descartou a participação de grupos estrangeiros na geração de energia.

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