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Suíça quer delimitar pesquisa sobre embriões

A controvérsia é grande sobre pesquisa em células-tronco do embrião humano swissinfo.ch

Pode-se utilizar embriões para aperfeiçoar remédios contra doenças incuráveis? Este um dos aspectos de intenso debate que emerge novamente no País.

A questão volta à atualidade com a publicação nesta semana, em Berna, de um relatório intermediário sobre o tema pelo Centro de Avaliação de Opções Tecnológicas (TA). Publicação acelerada porque já em meados de maio o governo suíço deve submeter à consulta um esboço de lei relativo a pesquisa sobre em embriões humanos. Assunto extremamente delicado tanto do ponto de vista ético quanto do ponto de vista médico.

Células multiplicáveis ao infinito

No centro do debate a utilização de células-tronco embrionárias, obtidas em 1998, por cientistas norte-americanos.
– “embrionárias” porque obtidas por um embrião em estado precoce, o que permite diferenciá-las facilmente;
– “tronco” porque estão à origem de outras descendências celulares de um indivíduo. Em outras palavras, essas células podem multiplicar-se ao infinito e substituir qualquer tipo de células humanas.

As pesquisas estão ainda em estado experimental. Mas pode-se apostar que farão avançar a passo de gigante a medicina regeneradora.

Elas abrem vastas perspectivas no domínio de enxertos de órgãos, tratamento de câncer, das doenças de Alzheimer e de Parkinson, bem como a esclerose múltipla.

No plano jurídico, a Suíça está atrasada

O problema é que o embrião morre quando se extrai esse tipo de células. No plano moral, isso levanta questões difíceis de responder.

Por isso certos especialistas, como os do TA, querem ampliar o debate sobre as células-tronco de embriões humanos às células-tronco adultas, menos expostas a controvérsia.

As pesquisas sobre embriões são autorizadas em países como Estados Unidos, Israel, Austrália e Grã-Bretanha. Mas são numerosos os Estados terminantemente exagero dessa “instrumentalização da vida”.

No plano jurídico, a Suíça está atrasada na pesquisa nesse setor. Como acontece com muitos outros países.

A Constituição suíça proíbe a clonagem e a criação de embriões humanos para fins de pesquisa. Mas nada diz sobre a utilização de embriões gerados pela procriação medicalmente assistida. Também não proíbe a importação de células tiradas de embriões.

Importação de células não é proibida

A controvérsia surgiu em setembro, quando, no País, o Fundo Nacional de Pesquisa Cientifica (FNS) decidiu financiar um projeto de células-tronco originárias de embriões humanos. O que não é interditado pela lei suíça.

Em 14 de março, após 2 anos de processo, o laboratório de biologia do envelhecimento dos Hospitais Universitários Genebrinos (HUG) recebeu células-tronco de um instituto norte-americano que havia dividido uma série de embriões humanos em 1998.

A questão suscitou tal debate que o FNS e a ministra da Saúde, Ruth Dreifuss, decidiram acelerar a elaboração de nova lei.

O Ministério trabalha atualmente com a hipótese de autorizar a pesquisa sobre embriões.

Mas diante da gravidade do problema, em vários meios, como as igrejas ou precisamente o Centro de Avaliação de Opções Tecnológicas, se procura privilegiar a pesquisa sobre células-tronco adultas.

Vários estudos têm sugerido que certas células retiradas de pessoas adultas poderiam ser reprogramadas para adquirirem as mesmas propriedades que as células-tronco embrionárias.

Ignoram-se, porém, muitas coisas sobre a maneira de essas células multiplicarem e se diferenciarem e, portanto, sobre a maneira de orientar sua diferenciação para conseguir o tipo de tecido desejado.

Para saber o que pensam os cidadãos do País, serão organizados seis debates em diferentes cidades.

Interesses em jogo

Note-se que em torno a esse debate estão em jogo gigantescos interesses econômicos. Ou seja, um mercado avaliado em mais de 21 bilhões de francos em 2005, que poderia chegar a 100 bilhões em 2010, segundo os autores do estudo.

Por seu lado, o grupo químico-farmacêutico Novartis deveria tomar posição sobre o assunto brevemente.

Swissinfo / Isabelle Eichenberger

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