Suíça deve escolher seus imigrantes
A Suíça deve, no futuro, definir com clareza o perfil dos imigrantes que sejam "desejáveis" para o país. Critérios econômicos devem ter mais peso na avaliação.
Essa é a recomendação do Fundo Nacional Suíço, instituição suíça de apoio à pesquisa científica.
Especialistas do Fundo Nacional Suíço, uma instituição pública de apoio à pesquisa científica, publicaram na terça-feira os resultados de um estudo intitulado “Migração e relações interculturais” (ou através da sigla NFP39). Os pesquisadores chegaram a conclusão de que a Suíça precisa definir para o futuro uma política ativa de imigração.
“Nosso objetivo era de tornar a discussão sobre o tema imigração mais objetiva”, explica Werner Haug, presidente do grupo de especialistas NFP39. “Não temos uma receita geral, as nossas pesquisas trazem algumas recomendações”.
Flexibilização é recomendável
As medidas sugeridas pelo grupo, que devem ser adotadas pela suíça, devem estar centradas nos setores de formação profissional, educação, renda e integração social. Um compromisso de imigração voltado para o futuro deve apoiar-se em medidas de incentivo à integração, diminuição do número de asilados e a flexibilidade de abrir as portas para a imigração na Suíça, quando for necessário.
De acordo com o estudo, uma política ideal de imigração seria a possibilidade para a Suíça de escolher que tipo de imigrante ela precisa e quantos são necessários. O critério econômico teria, nesse sentido, um peso maior na escolha do melhor candidato.
Adotar modelo americano e canadense
Caso adote essa sugestão, a Suíça estaria acompanhando uma tendência adotada por países como os Estados Unidos ou o Canadá, que utilizam o sistema de pontuação para escolher seus imigrantes (que analisam o grau de formação escolar e universitária, saúde, capacitação profissional e conhecimentos de idiomas). Devido à política liberal aplicada em relação aos estrangeiros, aceitos nesses países, sua a integração é mais rápida e também mais fácil a nacionalização, do que na Suíça.
Como primeiro passo em direção a uma política migratória mais moderna, o Fundo Nacional Suíço sugere que os estrangeiros que já estão no país, os descendentes que nasceram na Suíça e os estrangeiros vindos da União Européia sejam integrados com mais facilidade.
Por outro lado, estrangeiros originários de outros países fora da União Européia devem ter acesso mais restrito à Suíça.
Hans-Rudolf Wicker, membro do grupo de especialistas e também professor de etnologia, qualifica o primeiro grupo de “imigrantes desejáveis”.
Solicitantes de asilo são importantes no mercado
Os solicitantes de asilo, que hoje em dia representam um grupo considerável dos nossos imigrantes que chegam à Suíça, têm o mesmo papel dos trabalhadores estrangeiros, que no passado vieram suprir a carência de mão-de-obra vivida pelo país. “Eles são, hoje em dia, fundamentais para a economia: existem mesmo setores que não podem mais funcionar sem eles”, afirma Wicker.
Esses setores são, sobretudo, o de limpeza, de saúde, trabalhos domésticos e na gastronomia. A prova disso é o fato de que esse grupo de estrangeiros estar ocupado nos setores onde os salários são os mais reduzidos. “Eles funcionam como um suporte para a conjuntura”, explica o professor Wicker.
Em diversos setores a Suíça já aplicou as sugestões apresentadas pelo Fundo Nacional Suíço, como na política de integração aplicada em Basel e em Berna, no artigo de integração na lei de estrangeiros, no preparo de uma nova versão dessa lei e na estratégia do governo federal de imigração e saúde.
swissinfo com agências.
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