A magia de Locarno
O 56° Festival Internacional de Cinema de Locarno está mostrando, durante dez dias, mais de 450 filmes; 19 estão na competição pelo leopardo de ouro.
Sem querer competir com outros grandes festivais, o evento mostra pérolas do cinema como o primeiro filme sonoro, uma produção americana de 1927.
Esqueça o ambiente glamoroso dos festivais de cinema em Cannes, Veneza e Berlim! Os cinéfilos que viajam em massa para Locarno, a bela cidade no cantão do Ticino, onde os suíços falam italiano, não procuram estrelas ou estréias bombásticas de Hollywood.
“As descobertas feitas durante um festival como o de Locarno não interessam o mercado cinematográfico”, explica Daniel Hitzig, apresentador de um programa sobre cinema no canal de televisão suíça SF DRS. “Um diretor de Taiwan, que ganhe o prêmio máximo do festival, o Leopardo de Ouro, já pode ser esquecido no dia seguinte”.
Apesar dessa constatação, centenas de cinéfilos lotam os trens em direção ao Ticino. Para muitos, o ponto alto do evento é assistir um filme à céu aberto na conhecida Piazza Grande. Locarno é o maior festival de cinema da Suíça.
Vontade de descoberta
“Eu sempre me surpreendo com a curiosidade dos visitantes em relação a filmes não-convencionais ou desconhecidos”, afirma Antonello Catacchio, crítico italiano de cinema e freqüentador do festival de Locarno.
Locano é considerado “o menor dos grandes festivais de cinema”. Para muitos pequenos e médios produtores de filmes, o evento tem importância para seus negócios.
“Locarno oferece um bom nível para o lançamento de pequenas produções e conseguir a atenção da mídia”, revela o diretor iraniano Samir, co-proprietário da companhia de produções suíça Dschoint Ventschr e diretor do filme “Forget Baghdad”.
A mostra em Locarno compete, na realidade, com os festivais de cinema de Rotterdam (Holanda) e San Sebastian (Espanha), voltados para o circuito alternativo.
Sua vantagem é seu ambiente arejado e recreativo. “Locarno não é um festival para fazer negócios. As pessoas comparecem, pois elas se sentem bem aqui”, ressalta Samir.
Retrospectiva do jazz no cinema
Trata-se, realmente, de uma grande festa para pessoas apaixonadas pelo cinema. De 6 a 16 de agosto, os cinéfilos vão poder assistir filmes 50 filmes por dia, totalizando quase 450 películas. As exibições começam às oito e meia da manhã e só terminam à meia-noite.
Na mostra competitiva participam 19 filmes. Dois deles vêm da América Latina: “Dependencia Sexual, do diretor boliviano Rodrigo Bellot e “Los Guantes Magicos”, do diretor argentino Martin Rejtman.
Uma das grandes atrações do festival é também a retrospectiva “All that Jazz”, que exibe 116 filmes para mostrar as relações entre o cinema e o jazz. Trata-se de uma longa história, que começa em 1927 com o lançamento do primeiro filme sonoro realizado no mundo: “The Jazz Singer”, do diretor Alan Crosland.
Jim Jarmusch começou em Locarno
Nos anos 80, o Festival Internacional de Cinema de Locarno fez sucesso ao descobrir novos cineastas como o americano Jim Jarmusch, autor de filmes famosos como “Stranger Than Paradise” e “Down by Law”. Nessa época o evento ainda estava restrito a novos diretores e sua primeira ou segunda obra.
Nos últimos anos o festival se abriu e passou a apresentar cada vez mais filmes.
“Nosso forte são os filmes do Terceiro Mundo e de temas sociais. Locarno destaca-se por essa tradição”, afirma Irene Bignardi, diretora do programa do evento.
swissinfo, Raffaela Rossello e Hansjörg Bolliger
traduzido por Alexander Thoele
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