O canto alpino percorreu um longo caminho desde a época em que era usado por pastores para chamar seus animais ou se comunicar entre os povoados alpinos.
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Julie trabalhou como repórter de rádio para a BBC e rádios independentes em todo a Grã-Bretanha antes de entrar para a antiga Rádio Suíça Internacional (RSI), a predecessora da swissinfo.ch. Depois de freqüentar a escola de cinema, Julie trabalhou como cineasta independente antes de retornar à swissinfo.ch em 2001.
Hoje, quem quiser cantarolar um “iolerê hi-hu” tradicional precisa tomar algumas aulas de canto antes de se inscrever em um dos vários clubes de canto alpino espalhados pela Suíça. Agora, uma universidade em Lucerna foi um pouco mais longe, oferecendo um curso de bacharelado com ênfase em canto alpino.
O “grito” vocálico que se tornou parte do folclore suíço pode ser aprendido e aperfeiçoado em ateliês de canto oferecidos pela Associação Suíça de Canto Alpino em toda a região de língua alemã do país. swissinfo.ch visitou uma aula para iniciantes em Emmenbrücke, no cantão de Lucerna, para descobrir como as pessoas aprendem a cantar a melodia dos Alpes.
O grupo abaixo repetiu durante cinco noites como soltar cada vogal em um curso ministrado por Ursula Gernet, diretora de coral e solista de canto alpino. A maioria dos alunos já vem com uma boa compreensão da forma de cantar, aprendida com seus pais, antes de iniciar o curso.
O canto alpino também entrou em cena na Universidade de Lucerne de Ciências Aplicadas e Artes. Desde 2009, a universidade oferece cursos de bacharelado com especialização em instrumentos tradicionais, como o acordeão ‘Schwyzeroergeli’ ou o ‘Hackbrett’ na seção de música folclórica conduzida por Nadja Räss. No outono de 2018, a instituição acrescentou um curso de canto alpino ao seu repertório.
swissinfo.ch visitou a universidade e conversou com a estudante Dayana Pfammatter, que também dirige um coral de canto alpino no cantão do Valais, na região sudoeste da Suíça.
Os instrumentos tradicionais também estão renascendo em outras universidades europeias. Na Academia Sibelius, em Helsinque, os alunos aprendem a cítara finlandesa e na Universidade de Limmerick, na Irlanda, estudam o violino irlandês. Universidades e academias na Grã-Bretanha e na Dinamarca também oferecem cursos de música folclórica.
Academicismo
A antropóloga de música, Britta Sweers, do Instituto de Musicologia da Universidade de Berna, vê com bons olhos a introdução do novo curso de canto alpino em Lucerna: “Todos os formandos são músicos experimentais e gostam de tentar coisas novas com abordagens tradicionais, o que não seria possível se o canto alpino ficasse limitado a um contexto puramente tradicional”.
Ao mesmo tempo, Sweers acredita que ensinar o canto alpino em nível acadêmico poderia representar uma ameaça ao canto amador. “Existe o medo de que a escola de música estabeleça diferentes estéticas que sejam mais brilhantes, mais polidas e assim por diante, e que isso também altere os gostos do público e elimine aqueles que não têm esse tipo de formação acadêmica”.
Karin Niederberger, presidente da Associação Suíça de Canto Alpino, não tem tais receios. Ela insiste que não há rixa entre amadores e profissionais: “Eu não sei se um curso universitário beneficiará o canto alpino em geral – é muito cedo para dizer. Tudo o que posso dizer é que eu quero que o canto alpino se desenvolva mais em um nível amador, mas não quero que ele se torne muito sofisticado. O mais importante é que venha do seu coração. Deve ser natural e autêntico. É isso que queremos promover, além de regionalidades e dialetos”.
“O canto alpino em nível amador deve ser natural, autêntico e não muito sofisticado” – Karin Niederberger, Associação Suíça de Canto Alpino
Canto familiar
Niederberger está convencida de que a formação de cantores em um nível menos acadêmico é fundamental para preservar a tradição do canto alpino nas próximas décadas. Acima de tudo, segundo ela, é importante que o canto seja ensinado dentro das famílias e transmitido através das gerações.
Com um pouco de atenção, é possível ouvir técnicas específicas do canto alpino. Abaixo estão três exemplos, cantados por Ursula Gernet.
A Associação Suíça de Canto Alpino possui três ramos – canto alpino, trompa alpina e jogo de bandeiras, com um total de 21.000 membros ativos. O número de visitantes nos festivais federais de canto alpino, realizados a cada três anos, são a prova da contínua popularidade da música tradicional. A 30ª edição, realizada em Brig em 2017, atraiu 150 mil pessoas:
Adaptação: Fernando Hirschy
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Segundo a Wikipédia, o "iodelei (do inglês yodelling ou jodelling, às vezes escrito com grafia -eling, e este do alemão Jodeln, substantivo neutro, do verbo jodeln) é uma forma de canto utilizando sílabas fonéticas, criando um som que muda rapidamente e repetidamente. A palavra iodelei ou jodeln é uma palavra onomatopéia, ou seja, uma palavra cuja sonoridade imita a voz, ruídos de objetos ou animais. Esta técnica vocal é usada em muitas culturas, mas é principalmente conhecida na região dos Alpes, pois a região favorece o eco por seu terreno acidentando cheios de vales, lagos e rochedos".
O festival é organizado a cada três anos em uma diferente cidade da Suíça. Para a edição de 2014, que ocorre de 3 a 6 de julho, foi escolhida a cidade de Davos. Ela é organizada pela Associação Suíça de Cantores de Iodelei.
Durante três dias, a cidade alpina recebe amantes do estilo originários não apenas da Suíça, mas também de várias partes do mundo. Os organizadores esperam receber 180 mil visitantes, um número mais reduzido do que nos eventos precedentes. A razão está na escolha da região: o iodelei é menor popular no cantão dos Grisões do que em outras partes do país.
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