Filme brasileiro ganha prêmio em Friburgo
O filme do cineasta brasileiro Chico Teixeira ganhou o prêmio mais importante do Festival Internacional do Festival Internacional de Filmes de Friburgo, o "Regard d'Or".
Os membros do comitê de jurados consideraram “emocionante” o filme que conta a vida íntima de uma família dos subúrbios de São Paulo.
Chico Teixeira recebeu não apenas o troféu, mas também 30 mil francos e a distinção E-CHANGER, um prêmio especial dado pelo jurado dos jovens.
Outro filme latino-americano também teve sucesso na 21a edição do festival em Friburgo: a película “El Outro”, do jovem realizador Ariel Rotter, que recebeu o prêmio do público e também uma menção especial da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica (FIPRESCI).
Boas surpresas
O evento em Friburgo também serviu para mostrar que o cinema africano está saíndo de uma longa fase de letargia. Três filmes do continente participaram da mostra competitiva, merecendo destaque da crítica.
O júri internacional outorgou o segundo prêmio mais importante para o filme intitulado “Roma wa la n’touma” (“Roma, mais do que vocês”), uma co-produção argelina-francesa-alemã de Tariq Teguia.
Já o documentário “Le cercle des noyés” (O Círculo dos Afogados), que fala dos presos políticos da prisão de Oualada, na Mauritânia ganhou três prêmios: do jurado ecumênico, da FIPRESCI, assim como o “Don Quijote”, concedido pela Federação Internacional de Clubes de Cinema.
“Junun” (“Demências”), uma produção tunisiana que aborda a difícil temática da psicose profunda que golpeia toda uma família, recebeu duas menções especiais da parte do jurado do público e do jurado ecumênico.
Duas outras obras asiáticas presentes no concurso foram recompensadas: “Love Conquers All” (“O amor sempre triunfa) com o prêmio “Oikocredt”; a película sino-britânica “Jin tian de yu zen me yang?” (Como você vai?) e a japonesa “Ichijiku no kao” (“Imagens de uma árvore de figoa), que recebeu uma menção especial do jurado de jovens E-CHANGER.
O filme “Sang Sattawat” (Síndromes em um século), película produzida na Tailândia, França e Áustria, foi reconhecida pelo jurado internacional com menção honrosa.
Grande prêmio para o Brasil
Patrick Leblanc, produtor francês do “A Casa de Alice” não escondeu que sentiu “emoção e alegria” após o anúncio de premiação do filme brasileiro.
Leblanc, que vive há quinze anos no Brasil, chegou em Friburgo para representar o cineasta Chico Teixeira. Este se encontra atualmente em Guadalajara, México, participando de outro concurso internacional.
“É um prêmio maravilhoso para o primeiro longa-metragem do Chico”, declarou Leblanc à swissinfo. “Os preparativos nos consumiram muito tempo, com trabalhos de filmagens de apenas seis semanas. O filme teve participação de atores não profissionais e um pequeno orçamento”.
O filme impressionou e cativou o público. “Esse é um filme de grande realismo, onde se sobressai a simplicidade com que o cineasta permite o espectador participar da história. A impressão é que podemos nos aproximar dos personagens e sentir até mesmo parte da família”, conta Charles Bourrier, presidente do jurados jovens, que concedeu também o seu primeiro prêmio à película brasileira.
A força do FIFF
Ao encerrar “uma edição de qualidade, onde todos os ecos são positivos”, Jean-François Giovannini, presidente do Festival Internacional de Filmes de Friburgo, se despedia do cargo depois de quatro anos na sua liderança.
O balanço da sua gestão é considerado pela crítica como “otimista”. “Ele deu passos firmes para transformar o festival em um evento de caráter nacional. Um exemplo está no fato dos filmes terem ganho legenda em alemão, uma atenção importante para a imprensa e o público da maior região lingüística da Suíça”, explica Jacqueline Veuve, uma das principais cineastas e documentaristas do país, que integrou o jurado internacional.
“Um dos fatores que dão força para o festival em Friburgo é permitir a expressão de diversidade, tanto geográfica como cultural”, declara Veuve.
Esse foi um aspecto essencial destacado também por Martial Knaebel que, durante quinze anos, foi responsável artístico do festival. Na ocasião ele anunciou sua saída no início do evento.
“Friburgo expressa diversidade num mundo polarizado, dando lugar para outros matizes. O festival também é uma prova que existem cineastas capazes de realizar trabalhos que fogem dos critérios comerciais”, enfatiza.
swissinfo, Sergio Ferrari
– Durante uma semana o FIFF exibiu um grande número de produções cinematográficas da Ásia, África e América Latina.
– Pouco mais de tinta produtores, cineastas e atores vieram a Friburgo.
– A partir do FIFF, vários dos filmes projetados encontraram canais de distribuição no circuito comercial do país.
Os organizadores do Festival Internacional de Filmes de Friburgo (FIFF) esperam ter ultrapassado a cifra de 25 mil espectadores.
As projeções de filmes para escolares também foram consideradas um sucesso: 7.400 estudantes e escolares de Friburgo e Berna participaram do programa.
A venda antecipada de ingressos antes da realização do festival também rendeu seus frutos: nesse ano quase não houveram filas.
A estratégia de venda por internet também foi bem-sucedida. Segundo os organizadores, 5% das entradas foram vendidas por esse canal, possibilitando a presença de um público maior vindo dos outros cantões.
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