Friburgo, a cidade das pontes
Friburgo é um dos mais belos exemplos medievais na Europa, contornada pelos vestígios das suas muralhas e as curvas do rio Sarine, símbolo do seu caráter bilíngüe e seu papel de ponte entre duas culturas.
Esta cidade é a capital do cantão suíço homônimo e possui um dos mais bem conservados centros históricos da Suíça.
A primeira impressão de quem chega à Friburgo pela via terrestre é deslumbrar uma aglomeração medieval, que parece ter sido extraída dos contos de infância.
A data da sua criação foi estabelecida pelos historiadores no ano de 1157. Em 2007, para comemorar seus 850 anos de existência, o governo local programou em um recheado calendário de comemorações culturais. A primeira delas ocorre já em março.
“O festejo deve ter, à princípio, um caráter participativo da população”, explica um dos seus organizadores, o deputado Dominique de Barman.
Ele e outros membros do governo local vêm no evento uma boa de oportunidade de “reviver” a história de Friburgo, cidade surgida numa época em que o atual território suíço era governado por reis e imperadores germânicos dos séculos XII e XIII, apoiados por uma rede de feudos construídos por algumas famílias nobres como a dos Zähringen.
“A Friburgo suíça, irmã da Friburgo alemã”
O registro ficará para sempre na história da cidade suíça, como explica a guia da Secretaria de Turismo de Friburgo, María Muñiz. “Esta cidade foi fundada em 1157 pelo duque Berthold, da família Zähringen, a mesma que fundou Freiburg em Breisgau, na Alemanha.”
Berthold IV, o duque de Zähringen, escolheu o terraço aos pés do rio Sarine para estabelecer “uma nova cidade amuralhada. Ele a batizou de Friburgo, palavra que vem do alemão “frei” (livre) e “Burg” (castelo). O mesmo nome foi dado para sua cidade-irmã em Breisgau, Alemanha, fundada pelo seu pai, Konrad, em 1120.
Os Zähringen precisavam se defender dos seus rivais, razão pela qual eles criaram um sistema de fortificações que acabou dando o desenho arquitetônico para as cidades suíças de Berna, Burgdorf, Morat, Thun e, ao mesmo tempo, a própria Friburgo.
Ponte cultural
Os turistas que chegam em Friburgo por trem saltam na parte alta da cidade. Ao lado da estação está o escritório da Secretaria de Turismo.
“Estamos no ponto nevrálgico da cidade, na estação de trem do século XIX, a Secretaria de Turismo na Rua Romont, os negócios, a vida econômica na parte alta. A cidade se divide em várias partes, uma mas antigas e outras mais modernas. Aqui estamos em uma das mais modernas”, detalha Muñiz.
Friburgo é considerada uma das fronteiras entre as duas regiões lingüísticas da Suíça, a de expressão francesa e alemã.
“Friburgo é uma cidade bilíngüe na fronteira de duas culturas. Ela também é uma cidade que sempre esteve aberta à presença de outras culturas. Aqui temos muitos estrangeiros. Afinal, somos uma a cidade de pontes”, conta a guia espanhola, que vive em Friburgo há pouco mais de 40 anos.
A comuna de Friburgo, localizada em uma superfície de apenas 9,32 km², tem apenas 34.197 habitantes. Nas suas ruas se escuta tanto o alemão, falado por 7.500 pessoas, como o francês, o idioma de 22 mil dos seus habitantes. A estas línguas oficiais se somaram outras, pois um terço da população (11.155 pessoas) é composta de estrangeiros.
E sobre o interesse de Friburgo de viver as diferenças, como explica a guia Muniz, bastar ver os acontecimentos culturais mais destacados da agenda anual da cidade: ela se orgulha de ter um reconhecido festival internacional de cinema (primavera) e também um encontro internacional de folclore, que ocorre todos em todos os verões.
850 anos de existência
Para comemorar seus 850 anos de história, a comuna de Friburgo não quer poupar. O primeiro objetivo do programa é conquistar a população através da sua participação ativa nos diversos eventos. Por isso uma grande parte dos eventos ocorre à céu aberto ou nos espaços públicos culturais da cidade”.
“Muitos coisa vai ocorre nas comemorações do 850o aniversário. Um bom exemplo é a exposição marcada para ocorrer no Museu Arqueológico, cujo principal destaque serão objetos históricos únicos”, conta Muniz.
Friburgo também irá receber em setembro a chamada “Semana Medieval, um evento que ocorre todos os anos e que atrai um grande número de turistas. Esta é uma oportunidade única de retroceder no tempo, cujo cenário arquitetônico é a parte antiga da cidade e os atores, habitantes da cidade vestidos em trajes de época.
Construída sobre rochas
Friburgo foi construída sobre um terreno rochoso e cercado por escarpas de granito com até cinqüenta metros de altura. Por essa razão, ela também é conhecida por ser uma cidades das escadarias.
Há mais um século o trem funicular desce até os primeiros bairros da parte antiga de Friburgo. María Muniz acompanha os turistas ao local.
“Aqui temos um funicular que deve ter mais cem anos de existência. O governo pretendia encerrar suas atividades devido ao seu mau estado de conservação. Mas Friburgo sempre teve famílias patriarcas com muitos poderes e dinheiro. Se algo de grave ocorre, elas costumam se juntar e cotizar para resolver o problema”.
Por essa razão o trem continua a andar. Em dois minutos suas cabines gêmeas transportam aqueles que querem descer à parte velha, ou subir à parte moderna de Friburgo. “É um funicular muito apreciado. Uma jóia nesta cidade”.
Vista privilegiada
Em cima, localizado à esquerda da cabine do funicular, está o mirador, do qual se tem uma vista excelente dos primeiros bairros da cidade, das suas pontes que passam sobre o rio Sarine, das colinas e dos vales vizinhos.
“Aqui temos um panorama maravilhoso de Friburgo. Seus fundadores se encantaram por esse lugar, pois daqui é possível ver como Friburgo está num local privilegiado”, avalia Muñiz.
“Ela tem um monte de proteções naturais, sem necessitar de muralhas. Os Zähringen instalaram uma porta de controle, a Porta de Bourguillon do século XII, a Torre de Dürrenbühl, para controlar a saída em direção à Berna, depois a Torre Vermelha, a mais antiga, e não muito distante, a Porta de Berna, com a ponte levadiça.
A partir dali se vêm as pontes baixas que cruzam o rio Sarine (em francês) ou Saane (alemão). Por detrás do conjunto de tetos avermelhados dos primeiros bairros pode-se ver a última ponte coberta da cidade, a Ponte de Berna, de 1653; (a primeira foi construída em 1250). Apenas um dos muitos pontos de interesse da cidade de Friburgo.
swissinfo, Patricia Islas Züttel
Do século XV até o final de XVIII, a cidade de Friburgo tinha entre cinco e seis mil habitantes.
Em 1811 ela tinha 6.200 habitantes. No cantão viviam 74.200 pessoas.
Em 1910 já eram 20.300 habitantes. No cantão viviam 139.700 pessoas.
Atualmente Friburgo tem 34.200 habitantes (mais três mil pessoas com visto temporário de residência) e 250 mil habitantes em todo o cantão.
Graças às ondas migratórias do século passado, Friburgo é hoje o lar para aproximadamente 1.900 italianos, 1.200 estrangeiros de língua espanhola, 1.300 de língua portuguesa, 551 turcos, 270 de língua inglesa e 1.683 de outros idimas.
Friburgo forma parte de la Confederación Helvética desde 1481, como capital del cantón homónimo.
Es una ciudad de jóvenes: 10.000 estudiantes acuden a la Universidad de Friburgo, fundada en 1889.
Em 15 de maio: apresentação do livro “Friburgo, uma cidade dos séculos XIX e XX, coordenado pelo historiador Francis Python.
De 21 a 22 de junho: concerto de gala dos grupos de música de Friburgo, “La Concordia” e “La Landwehr”.
De 21 a 23 de junho: grande festa musical, com concertos gratuitos em vários espaços públicos da cidade.
De 23 de junho: espetáculo de fogos de artifício.
De 23 a 24 de junho: palestras e outros atos oficiais.
De 24 a 28 de junho: “CityHack2”, um espetáculo de som e luz promovido pelo grupo canadense SpaceKit (Canadá), em co-produção com a Belluard Bollwerk Internacional.
Em 29 de setembro: festa esportiva.
Em 31 de dezembro: encerramento.
O programa prevê a apresentação de dez projetos realizados por cidadãos da cidade como exposições, debates, competições esportivas, concursos de pintura e outras manifestações artísticas.
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.