Hospício do Gotardo é reaberto
A inclusão do antigo abrigo no passo do Gottardo na lista do patrimônio cultural europeu é comemorada oficialmente na Suíça.
A presidente suíça, Doris Leuthard, irá inaugurar o hospício reformado para funcionar como hotel em 1° de agosto, o dia nacional helvético.
O hospício (n.r.: estabelecimento onde se dá hospedagem e/ou tratamento gratuitos a pessoas pobres ou doentes; asilo, abrigo – Houaiss) foi construído provavelmente no século 13. Ele seria a mais antiga construção no passo do Gottardo e também a mais carregada de história.
Por várias vezes o prédio, que se situa a 2.100 metros de altitude, foi reconstruído e reformado. O escritor alemão Goethe já pernoitou por lá, assim como os compositores Mendelssohn ou Wagner. No seu lado direito foi construída no século 16 uma pequena capela.
Em 1963, o hospício abrigava um padre. Já no século 18, depois da queda de avalanches do Monte Prosa, ele foi reformado para se tornar um abrigo de monges capuchinhos e, posteriormente, expandido várias vezes.
No início do século 20, o prédio pegou fogo e foi quase inteiramente destruído e depois reformado. Porém o antigo hospício acabou sendo esquecido atrás de novas construções como a do Hotel São Gottardo – e ultimamente era parcialmente utilizado pelos empregados do hotel.
Memória
“Também nós, do cantão do Ticino, nos esquecemos dele”, concorda o senador suíço Dick Marty. Ele é presidente da Fundação
Pró São Gottardo, proprietária desde 1972 do antigo hospício e responsável pela mais recente e ampla reforma.
Segundo Marty, ela era necessária para dar o brilho do passado a um lugar com tanta força simbólica: “O São Gottardo é o verdadeiro símbolo da Suíça e não os pastos do Rütli, que mais representam um mito.”
O passo do Gottardo se transformou nos últimos anos em um gigantesco canteiro de obras (clicar nas reportagens acima). Porém seu símbolo continua sendo o antigo hospício. A dimensão europeia dessas obras está presente por todos os lados. O passo sempre foi um ponto de passagem no caminho entre o sul e o norte da Europa.
Patrimônio cultural europeu
Exatamente por essa razão a Secretaria Federal de Cultura incluiu o hospício do Gottardo, a catedral de São Pedro em Genebra e o castelo de La Sarraz na lista de patrimônio cultural europeu.
Esse selo tem por objetivo valorizar bens culturais, monumentos, conjuntos urbanos, sítios naturais assim como construções que representam testemunhos da história e da herança cultural europeia.
Há poucos dias a plaqueta azul com a inscrição “Patrimônio cultural europeu” está fixada na entrada do hospício. Este, depois de três anos de trabalhos de reforma, ganhou uma nova aparência e no final de julho estará aberto ao público como um hotel de três estrelas, com 14 quartos e 30 camas, assim com espaços coletivos no primeiro andar. Os quartos foram batizados com nomes de personalidades que já pernoitaram ali no passado.
Ele não será administrado de forma independente, mas sim como dependência do Hotel São Gottardo. Em 1° de agosto, dia nacional helvético, a presidente suíça, Doris Leuthard, fará sua inauguração oficial.
Reforçar a identidade do prédio
As reformas são de autoria dos arquitetos Quintus Miller e Paola Maranta, de Basileia.
Todos os quartos estão decorados com tons de madeira. Embaixo do frontão existe até uma suíte. As janelas duplas de vidro permitem apreciar a paisagem natural. Os banheiros são elegantes e estão revestidos com azulejos pretos.
A renovação do antigo hospício foi para os arquitetos um grande desafio, sobretudo em unir as tradições ao moderno. “Queríamos reforçar a identidade do edifício e por isso o elevamos em um piso”, explica Miller.
Cinco milhões investidos
A fachada sul, com suas pequenas janelas, lembram mais uma “marmota em pé e que olha em direção ao sul”.
A fundação Pro São Gottardo investiu aproximadamente cinco milhões de francos na renovação do antigo hospício. Este deve estar aberto apenas durante o verão, coincidiindo com a abertura do passo. No inverno, o acesso à região é bem mais difícil.
Porém Dick Marty tem um sonho: “Espero poder abrir o hospício durante algumas semanas do inverno, quando no passo tudo está mais tranquilo”. A viagem será um pouco mais complicada, pois o visitante necessitará de raquetes de inverno ou esquis de passeio.
Gerhard Lob, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)
A Fundação Pró-São Gottardo foi criada em 15 de novembro de 1972. Ela está sediada em Airolo, no cantão do Ticino, sul da Suíça.
Seu objetivo é “proteger a natureza em torno do passo do Gottardo e o hospício, como testemunha da nossa história nacional, da liberdade e independência suíças” (Art. 2 dos estatutos). Mas também “valorizar o Gottardo, a publicação de obras históricas, científicas e artísticas, além da coleta de minerais, documentos e provas da região” (Art. 3).
Fundadores da fundação são o governo suíço, os cantões do Ticino e Uri, a comuna de Airolo e as organizações “Heimatschutz” e “Pro Natura”.
A fundação comprou os prédios no passo: o antigo hospício e o Hotel São Gottardo.
Os Correios e uma loja foram renovados. Também foi construído um albergue da juventude.
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