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Max Frisch dez anos depois

Max Frisch morreu em 4 de abril de 1991 Keystone

Há dez anos morria Max Frisch, um dos maiores escritores de língua alemã do pós-guerra. Dramaturgo, romancista e ensaísta, Frisch estimava que se a literatura devia comover, tinha também que sua função de agitar e provocar. Nesse sentido a obra do escritor suíço não perdeu atualidade...

O escritor era voz da consciência suíça

Nascido em 15 de março de 1911, em Zurique, Max Frisch morreu aos 80 anos, aos 4 de abril de 199l. Aos 16 anos já começou a escrever, antes de iniciar estudos de língua e literatura alemãs. Volta-se para a arquitetura que retoma aos 25 anos e obtém diploma depois de trabalhar algum tempo como jornalista e repórter.

De 1939 a 1941 prestou serviço militar defendendo as fronteiras suíças, em plena época do nazismo. E nos seus primeiros passos no mundo literário predomina a estética antimodernista vigente no panorama cultural da Alemanha de Hitler. Na época Frisch deixa-se influenciar pela ambígua resposta suíça à ameaça nazista, “uma resposta que combinava uma latente xenofobia a uma idealização conservadora das virtudes do país”, como escreve um crítico suíço.

Mas 1945 marca uma ruptura e Max Frisch emerge como escritor e acaba se impondo no panorama literário alemão em que se destaca com o passar dos anos, com peças de teatro, romances e ensaios, como Don Juan ou o Amor da Geometria, Stiller, Homo Faber, Andorra, Montauk, Blaubart (Barba Azul).

O escritor era um atento observador da atualidade, intervindo com freqüência no debate político e cultural de seu país. Suas observações e críticas assumiram dimensão universal.

Ao tomar posição em 1965 sobre controvertida questão dos trabalhadores estrangeiros de que a Suíça queria tirar simples proveito econômico, escreveu um artigo que trazia uma manchete pertinente: “Buscavam braços, chegaram homens”.

Outro exemplo: em 1989, por ocasião da uma iniciativa (instrumento da democracia direta) pela abolição do Exército saiu com essa frase: “Suíça sem exército? Uma gargalhada ritual”.

A contribuição do escritor para o debate de idéias perdeu certamente um pouco de seu impacto. Nesse ponto o tempo é inexorável. Mas a morte de Frisch deixou um vazio não foi preenchido. E como escreve um observador: “Hoje, o discurso analítico e polêmico sobre a pátria e outros temas candentes está mais disperso e já não se concentra numa única voz”.

Entre as obras de Max Frisch:

– 1945 Nun singen sie wieder (e ainda cantam)
– 1946 Die chinesische Mauer (a muralha chinesa)
– 1953 Don Juan oder die Liebe zur Geometrie (Don Juan ou o amor sobre geometria)
– 1953 Her Biedermann und die Brandstifter (o homem honrado e os incendiários)
– 1954 Stiller
– 1957 Andorra
– 1964 Mein Name sei Gantenbein (meu nome seja Gantenbein)
– 1975 Montauk
– 1978 Triptychon (tríptico)
– 1982 Blaubart (Barba Azul)

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