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“O meu Brasil”

Uma das fotos de Otto Weisser na série "Cores do Brasil". http://www.brasilea.com/

Fotos da vida brasileira tiradas por suíços em suas passagens pelo Brasil.

Esse é o foco da mostra “Mein Brasilien”, em exposição até dia 3 de março no Brasilea, fundação voltada para promover o intercâmbio cultural entre os dois países.

São trabalhos de 14 artistas que visitaram o Brasil e que registraram um pouco da cultura do país, com toda sua diversidade: cenas do agreste, do carnaval baiano, do morro da Mangueira e da cobiçada mulher brasileira.

Crianças do cerrado foram pegas pelas lentes do fotógrafo Stefan Hofmann. Desde 2001 ele comanda uma organização não-governamental em Campo Grande, no Mato Grosso, a Girassolidario, defensora dos direitos da criança.

O fotógrafo Onorio Mansutti, criador da fundação Kinder in Brasilien e agora coordenador do Brasilea, também exibe muitos dos contrastes do Brasil em suas fotos.

Baianas

O nordeste do país foi outro foco das lentes suíças. O fotógrafo Andreas Heiniger concentrou-se nos vaqueiros, fotos que farão parte de um livro e de uma outra exposição que o artista prepara para este ano.

Já a fotógrafa Mirjam Nogueira preocupou-se em retratar não só o que as baianas têm, mas no que crêem. Durante os dois anos e meio que morou em Salvador, Mirjam interessou-se pela diversidade religiosa local.

– Achei curioso como o candomblé convive harmoniosamente com o catolicismo – explica.

De acordo com ela, existem muitos ritos católicos ao lado dos de candomblé. Ela registrou também o carnaval, uma das festas mais populares da Bahia.

Até um interessante capítulo da história do cinema tem seu lugar de destaque na mostra. O artista Beat Presser exibe as fotos que fez do ator Klaus Kinski nas gravações do filme Fitzcarraldo, do alemão Werner Herzog. Na época, em 1982, Herzog ganhou o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes com o trabalho. Há mais de mil quilômetros de distância da civilização, Herzog conta a história de um irlandês, interpretado por Klaus Kinski, que quer construir um teatro de ópera no meio da floresta amazônica.

Mulheres

A beleza feminina inspirou o fotógrafo Otto Weisser, que trabalhou durante algum tempo para a Playboy e mostra uma série chamada “Cores do Brasil”.

A cor da pele também chamou a atenção do famoso fotógrafo de moda Peter Knapp, que brindou a mostra com sua série La couleur de ma peau. Ele fotografou os diferentes tons de pele de nove pessoas brasileiras: o resultado do trabalho está lá.

Já Christian Roth não se limitou a fotografar o Brasil, mas quis entender a cultura local. Em 1987, Roth morou por três semanas na favela da Mangueira para conhecer melhor as pessoas e suas vidas.

– O que mais me chamou a atenção foi a visão positiva e bem-humorada do brasileiro – diz.

No mesmo morro onde morou Cartola, o maior poeta e sambista do País, Roth conheceu um pouco da sabedoria popular: os ditos populares brasileiros. “Deus lhe dê em dobro o que me desejas” e “Deus salva, mas o médico manda a conta” são alguns dos muitos que ele traduziu para o alemão e juntou a suas fotos. Roth viu que só as lentes não eram capazes de mostrar com exatidão a alma brasileira – precisava do tempero do texto.

swissinfo, Lourdes Sola

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