Uma vida de choro e bossa
O flautista e saxofonista Rodrigo Botter Maio sempre viveu de música. Ele acaba de lançar seu 7° CD, o primeiro gravado no Brasil. Já havia gravado cinco CDs na Suíça e um na Itália.
Ele já gravou cinco CDs na Suíça, onde vive desde 1991 e um na Itália.
Flautista, saxofonista e compositor, Rodrigo Botter Maio está lançando seu 7° CD, inteiramente dedicado ao choro. “Um gostinho de Brasil” tem quatorze faixas. Doze são composições suas e duas são os clássicos “Carinhoso” (de Pixinguinha) e “Arrasta-pé” (de Valdir Azevedo), ambas rearranjadas por ele.
Começo com a flauta doce
“Aproveitei minha estadia de seis meses no Rio de Janeiro, no ano passado, e gravei esse disco lá, com músicos cariocas da cena do choro. Foi uma experiência ótima”, afirma.
Dos 7 CDs gravados até agora, Botter Maio canta em apenas um: “Palavras de Amor”, de 1997. Os demais são de música instrumental.
“Meu sonho de criança era ser flautista numa grande orquestra. Estudava música clássica mas, no intervalo, ficava tocando bossa nova com um ou outro aluno”, explica o músico.
Rodrigo começou com a flauta doce e foi logo incorporado ao grupo dos dois irmãos mais velhos Ricardo (cantor, compositor e pianista) e Rogério (contrabaixista).
Aos 14 anos começou a estudar flauta transversal e aos 16 decobriu o saxofone ouvindo Vitor Assis Brasil. “Nosso primeiro grupo instrumental era o “Dando umas banda” e tocávamos em bares e clubes em Campinas”, recorda.
Projeto a longo prazo
Em 1987, através de uma conhecida austríaca, os Botter Maio se inscreveram na Universidade de Música de Graz, na Áustria, prestaram exame e foram aprovados. Venderam tudo o que puderam no Brasil e vieram para Graz.
Rodrigo tinha então 19 anos e, enquanto estudava, criou o grupo “Jazz Via Brasil”, um projeto que existe até hoje.
Depois de dois anos em Graz, passou um ano em Roma e dois anos e no Colégio de Musica de Berklee, em Boston, estudando música. Nessa época, conheceu a esposa atual e mudou-se para a Suíça, em 1991.
“Essas escolas foram muito importantes. Você encontra músicos com outras formações e horizontes e isso enriquece muito. O fato de ter estudado, ler e escrever música facilita muito, agiliza, embora existam ótimos músicos que nunca estudaram”, afirma Rodrigo.
Na Suíça, instalou-se em Zurique, a maior cidade suíça, recompôs o “Jazz Via Brasil” e começou a tocar.
“O Brasil é um país de cantores mas aqui há mais receptividade para a música instrumental. Além da música clássica, existem os clubes de jazz e as pessoas sabem que essa música existe”.
Prestígio do músico brasileiro
Nos primeiros anos, ele conta que tocava com mais freqüência porque a maioria dos clubes e bares tinha música ao vivo. Atualmente, a situação está mais difícil para os músicos por várias razões: a invasão da música eletrônica, dos DJs, a crise econômica, o CD pirata e a internet, entre outras.
“Acho que o jazz está perdendo prestígio e existe um anti-americanismo no ar. Os Estados Unidos têm uma parte de responsabilidade nisso, com essa cultura massificada em que todo mundo faz tudo igual. Você pega um disco de qualquer lugar e parece que foi tudo feito em Nova York. Isso também faz vender menos a boa música”.
Quando à música brasileira, Botter Maio afirma que ela continua se expandindo cada vez mais e que o músico brasileiro é muito respeitado fora.
Em paralelo, Rodrigo nunca deixou de dar aulas e publicou inclusive um “song book” didático para as aulas particulares e “workshops” que continua promovendo em Zurique.
swissinfo, Claudinê Gonçalves, Zurique
Discografia:
– 1993
rbm & jazz via brasil group
BeBop Brasileiro
BMM
– 1994
rbm & jazz via brasil group
A Caminho de Casa
BMM 1002
– 1997
rbm & jazz via brasil group
Amores Eternos
BMM 1005
– 1998
Palavras de Amor
BMM 1006
– 1999
rbm acid jazz brasil project
Messages from the Past
BMM 1008
– 2000
rbm & jazz via brasil group
Ao Vivo em Macerata
Philology W158
– 2004
regional de choro brasileiro
Um gostinho de Brasil
BMM 1011
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