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Teste para o populismo europeu

Populismo: o que significa?

matteo salvini in milan with people
O político italiano Matteo Salvini é considerado um representante do populismo na Europa. Copyright 2019 The Associated Press. All Rights Reserved.

O crescimento das forças populistas e da extrema-direita é observado em todo o continente europeu. Mas o que significa o termo "populismo"? Perguntamos aos acadêmicos. 

Cas Mudde, professor de ciências políticas na Universidade de Geórgia (EUA) afirma que o populismo é uma ideologia que separa a sociedade em dois grupos homogêneos e antagônicos: “os puros” vs. “elite corrupta”.

Margaret Canovan, uma acadêmica britânica já falecida e conhecida por sua análise das obras de Hannah Arendt, escreveu um livro chamado “Populismo” em 1981. Nele identificou sete tipos, ressaltando que o termo, em si, não poderia ser definido de forma sucinta.

Hans-Werner Müller, professor da Universidade de Princeton, também destaca a dicotomia “elite versus povo” e afirma que a retórica populista é notável pelo seu repúdio ao pluralismo político – qualquer um que não seja “o povo”, não deve ser levado em conta, afirma.

Para o site dicionário.com, populismo é “uma estratégia política baseada em um apelo calculado aos interesses ou preconceitos das pessoas comuns” (comum: “sem uma qualidade ou interesse especial; vulgar; não conceitual”).

Já para o site urbandictionary.comLink externo, populista é “um adjetivo usado por intelectuais snobes e elitistas basicamente para definir ‘o que os idiotas gostam'”. (idiota: “ser estúpido. Não muito inteligente, muito provavelmente de pouca inteligência”).

O jornal americano New York TimesLink externo usou o termo para definir políticos como Viktor Orbán (Hungria), Donald Trump (EUA) e Steve Bannon (EUA), dentre outros.

Steve Bannon, um consultor político que já fez parte do gabinete de Donald Trump, concorda: ele próprio já se declarou como um mensageiro – ou arauto – da “revolta populista”. Donald Trump fala mais de “povo”, do que “populismo”.

O guia de estilo da revista inglesa The EconomistLink externo, um bastião da imprensa liberal e outra publicação voltada a um público intelectual, não explica como utilizar o termo; mas tenta defini-lo com essas palavrasLink externo.

WeltwocheLink externo, uma revista semanal conservadora publicada na Suíça, considera populismo é “chavão” e um “termo do qual se abusa para utilizar em qualquer ocasião”.

O guia de estilo da swissinfo.ch não tem definição, mas um conselho: “use-o com moderação”.

Problemas no uso

O termo é mais frequentemente associado a retórica e políticas de partidos da direita, especialmente na Europa, um continente que viu nos últimos anos surgir um “surto populista”, mas que advém de forças de diferentes ideologias e orientações.

Os acadêmicos, no entanto, têm dificuldade em considerar que o populismo de esquerda também existe. Porém ele seria mais geralmente associado ao radicalismo econômico do que uma cultura de exclusão de outros grupos.

Alexandra Ocasio-Cortez, congressista na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos por Nova Iorque e uma conhecida ativista da esquerda, já foi considerada” populista”, mas se abstém de comentar as críticas.

Muitos acadêmicos e jornalistas dizem que o Partido do Povo Suíço (SVPLink externo, na sigla em alemão) é um clássico representante dos populistas. Por ser também o partido com a maior representação no Parlamento federal, a Suíça poderia ser considerada também dos países mais populistas da Europa.

Christoph Blocher, fundador do partido, empresário e ex-ministro declarou uma vez ao canal britânico BBC:  “Eu não sei o que é (populismo)”.

Uma pesquisa sobre as eleições suíças de 2014 descobriu que havia três principais partidos populistas no país: o SVP, a Liga do Ticino e o Movimento dos Cidadãos de Genebra.

O autor da pesquisa, Laurent Bernhard, diz que outro grupo não incluído também mereceria ser mencionado: o JUSO, o grupo jovem do Partido Socialista (PS), considerado bem mais esquerdista que o partido-mãe.

Tamara Funiciello, deputada-federal pelo PS e ex-presidente dos JUSO, concorda:  “Sim, somos populistas.”

O termo “populus” vem do latim e significa “povo” ou “nação”.

Segundo a Economist (novamente), “o uso generalizado do termo ‘populismo’ data da década de 1890, quando o movimento populista americano colocou as populações rurais e o Partido Democrata contra os republicanos, que eram mais urbanos.”

O visualizador de tendências NgramLink externo permite verificar a procura por palavras específicas em livros publicados entre 1800 e 2008. Ele afirma que a utilização do termo chegou ao seu auge em 1997.

Já o Google trendsLink externo, o sistema de análise de tendências do popular motor de busca, afirma que o uso do termo “populismo” bateu o recorde em janeiro de 2016, quando Donald Trump foi empossado como presidente dos EUA.

Alguns argumentam que “populismo” é um termo “vazio” quando aplicado à política. O excesso do seu uso pelos redatores banaliza seu significado e tira sua importância como crítica legítima a um determinado comportamento político.

Outros afirmam que é um termo útil para chamar a atenção para um fenômeno político particular de mensagens simplistas e ideologia excludente, que atualmente ganha força em muitos países.

Alguns argumentam que a mídia não deveria falar mais em populismo. Você concorda?

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Adaptação: Alexander Thoele

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