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Aliança parlamentar quer monumento central para o Holocausto

Politiker
O deputado-federal Alfred Heer (esq.) e o senador Daniel Jositsch. Keystone / Anthony Anex

Mil suíços e suíças foram internados em campos de concentração durante a II Guerra Mundial. Quatrocentos e cinquenta não sobreviveram ao Holocausto. Os suíços do estrangeiro reclamam há anos a construção de um memorial central. Agora o pedido chega ao Parlamento em Berna.

O projeto de leiLink externo será votado nas duas câmaras do Congresso suíço. O senador Daniel Jositsch (Partido Socialista) e Alfred Heer (Partido do Povo Suíço) o apresentaram nesta semana. A principal exigência do projeto ao governo federal: “A construção de um memorial oficial para as vítimas do nacional-socialismo”.

Os autores justificam assim a proposta: “As gerações futuras precisam saber o que aconteceu no passado. Assim estarão conscientes da fragilidade da democracia e do Estado de direito e dos riscos advindos do racismo e discriminação”. O projeto foi assinado por mais de um terço dos parlamentares do país, dentre eles 106 deputados-federais e todos os chefes de frações partidárias e líderes partidários.

Gysin
Remo Gysin, presidente da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE). Keystone

A classe política apóia a causa, nascida de um debate realizado na Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE). Foi em 2018 em Visp, cantão do Valais, durante o congresso anual do órgão. Naquele momento foi aprovado a proposta de construçãoLink externo de um monumento “central” para as vítimas suíças do Nacional-Socialismo.

Remo Gysin considera-se hoje “muito satisfeito com a ação dos dois parlamentares em Berna”. O presidente da OSE foi autor da ideia, para o qual se engajou intensamente nos últimos três anos. «O grande número de pessoas que assinaram o projeto de lei mostra a diversidade das pessoas que gostariam de ter um lugar para lembrarmos das vítimas do nazismo”, declara.

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O projeto de construção do memorial, intitulado “Swiss Memorial to the Victims of National Socialism” será levado ao Conselho Federal (Poder Executivo) e ao público nas próximas semanas” e prevê a construção de um “memorial em espaço público apoiado pelo Estado, onde também haverá ofertas educativas e informativas.”

Segundo a rádio pública SRFLink externo, existem atualmente 54 memoriais de vítimas do Holocaustos na Suíça, dentres eles, um no vilarejo de Riehen (cantão Basileia campo) ou no Cemitério Judeu de Berna, a capital do país. Outros são apenas placas memoriais como a encontrada no vilarejo de Büren an der Aare, onde se faz referência a um antigo campo de internamento localizado nas proximidades. Porém a maior parte das pessoas desconhece esses locais”, critica a revista semanal judaica “TachlesLink externo“.

Gedenkstätte
Lembrando as vítimas do nazismo que no passado viviam em Zurique. As chamadas “pedras memoriais” são colocadas frente às suas antigas moradias. Keystone / Ennio Leanza

Ao contrário de muitos outros países, não existe na Suíça ainda um monumento oficial. Porém, considera a revista, o país precisa “ocupar esse espaço com a construção de um memorial, monumento, museu ou instituição educacional.”

Como explicam os autores do projeto, o objetivo do monumento central é, principalmente, homenagear todas as vítimas do nazismo: todas as pessoas perseguidas e privadas de direitos e mortas; também judeus, suíços, membros das minorias, da oposição ou os refugiados que chegaram na fronteira da Suíça e viram as portas do país fechadas a elas. O memorial destina-se também a lembrar dos suíços que protegeram essas pessoas perseguidas. A proposta é não só homenagear as vítimas do nazismo, como previa inicialmente a OSE.

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A ideia conquistou apoio: 100 personalidades, grupos sociais, políticos e empresariais defendem hoje a causa, dentre elas a Federação Suíça de Comunidades Judaicas, o Grupo de Trabalho Suíço Cristão-Judaico e o Arquivo da História Contemporânea, Anistia Internacional, representantes das igrejas nacionais e inúmeros artistas e historiadores.

Não é a primeira vez que o projeto de memorial central foi levado ao Parlamento. Já em 2018 o Conselho Federal foi questionado pela OSE sobre a ideia. Na época, o governo respondeuLink externo: “A administração federal está aberta à proposta”.

A proposta apresentada pelos parlamentares obriga agora a uma resposta por parte do Conselho Federal. O governo federal deve discutir com os representantes dos cantões (estados) sobre a localização do monumento. Remo Gysin sugere Berna, devido à sua “imagem”.

Adaptação: Alexander Thoele

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