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As bruxas dos Grisões

Sorcières volant sur des balais
"The Witches' Ride", de William Holbrook Beard, 1870. Wikimedia

Criaturas lendárias espreitam as montanhas... são silhuetas folclóricas de algumas das bruxas que existiam nos Grisões.

swissinfo.ch publica regularmente artigos do blog do Museu Nacional SuíçoLink externo que tratam de temas históricos. Os textos geralmente são publicados em alemão, francês e inglês.

A região alpina é particularmente rica em mitos e lendas. Aqui, o diabo foi desafiado; ali, uma criatura misteriosa vai atacar. Em outra encosta, um fértil pasto alpino foi transformado em um campo de pedras; ou lá em cima, um dragão guarda o cume. As bruxas também aparecem frequentemente nas narrativas fantásticas e folclóricas, sobretudo na região do atual cantão dos Grisões.

Um exemplo disso podemos encontrar na história de Sumvtig, um pequeno vale no Surselva, onde segundo conta-se, um caçador matou um urso. Em vez de sangue, o caçador se deparou com sopa de farinha e cerejas pingando do corpo do animal. O homem observava o cadáver do animal com incredulidade quando ouviu o sino da aldeia vizinha tocar. Pouco depois, o caçador ouviu dizer que uma mulher de “má fama” tinha morrido. Percebeu imediatamente que tinha matado uma bruxa que estava na forma de urso…

Gravure montrant une sorcière sur son balais
Uma bruxa se transforma em um animal. De “De laniis et phitonicis mulieribus”, de Ulrich Molitor, Reutlingen, por volta de 1490. © Albertina, Wien

As histórias de bruxas falam muitas vezes sobre feitiços, mulheres voadoras, rituais diabólicos e até sobre metamorfoses de animais. A perseguição às mulheres consideradas feiticeiras, alimentada pelo infame livro Martelo das Bruxas, do inquisidor Heinrich Kramer, causou um verdadeiro surto de violência.

A obra misógina, publicada em 1486, legitimou a “caça às bruxas” ao longo de 700 páginas. Beneficiado pelo aparecimento da imprensa, o livro se espalhou por toda a Europa e contribuiu para as dezenas de milhares de condenações à morte determinadas no final da Idade Média e no início do período moderno.

Un manuscrit représentant des sorcières
O “Martelo das Bruxas” na edição de Colônia de 1511. O livro, escrito por um monge dominicano, consolidou a imagem da bruxa e forneceu argumentos para sua perseguição. Ele se tornou a base para milhares de julgamentos de bruxas. Bayerische Staatsbibliothek

Os tribunais que condenaram todas estas vítimas à morte eram, na sua maioria, laicos. Estes julgamentos incidiam sobretudo sobre os feitiços, que, segundo o raciocínio de Kramer, eram a causa de danos materiais e, como tal, deviam ser julgados pelo Estado.

A maioria das acusações vinha da população em geral, motivadas por doenças, fome ou acidentes. Quando o destino se abatia, geralmente sem qualquer explicação lógica, as suspeitas de bruxaria eram os bodes expiatórios perfeitos. Eram acusadas de fazer um pacto com o demônio.

Dessin représentant une sorcière sur le bûcher
Em 1447, Anna Vögtlin foi queimada como bruxa na entrada da pequena cidade de Willisau por supostamente ter roubado uma hóstia. Schilling Chronik, Korporation Luzern

Com mais de 500 julgamentos documentados, os Grisões foram uma das regiões mais afetadas pela caça às bruxas na Europa. Uma das razões para esta virulência foi a ausência de uma jurisdição comum numa confederação com laços fracos, que só atuava de forma mais ou menos coordenada em matéria de política externa.

Neste contexto, as jurisdições locais assumiram o tema, abrindo a porta a uma mistura de condenações em que as banais disputas de vizinhança encontravam um desfecho penal. A figura da bruxa ilustra a influência que a lenda e a realidade exerciam uma sobre a outra.

Podemos facilmente supor que as histórias contadas na época levaram a uma série de julgamentos e condenações. Por outro lado, estes acontecimentos deram certamente origem a um número crescente de lendas. Um mecanismo literalmente diabólico…

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Quando as bruxas eram torturadas e queimadas

Este conteúdo foi publicado em Esse é o tema de uma exposição do Castelo de Chillon, a conhecida atração turística do país às margens do lago Léman. Um nariz adunco sob um chapéu pontudo, sentada em cima de um cabo de vassoura. É assim que a imagem popular retratava as bruxas na Idade Média. Elas chegariam ao número de 100…

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Andrej AbplanalpLink externo é historiador e diretor de comunicação do Museu Nacional Suíço.

(Adaptação: Clarissa Levy)

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