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Mercado financeiro suíço se reinventando

Suíça aposta nos primeiros criptobancos do mundo

Shop window stickers accepting bitcoin and conventional payments
A fusão de criptomoedas com a finança tradicional deu mais um passo adiante. © Keystone / Christian Beutler

Os co-fundadores do criptobanco Sygnum saudaram a concessão de uma licença bancária suíça como uma mudança de paradigma que pode abrir as comportas para a integração de moedas eletrônicas e outros ativos digitais no setor financeiro tradicional.

A SygnumLink externo, juntamente com a SEBALink externo, recebeu do órgão regulador financeiro da Suíça na segunda-feira, licenças provisórias de banco e negociante de títulos. Ambas as entidades se tornarão bancos de pleno direito uma vez que tenham completado algumas exigências regulatórias de rotina.

“Esta é a primeira vez que tais licenças são concedidas em todo o mundo, por isso a Suíça está desempenhando um papel pioneiro”, disse Manuel Krieger, CEO da Sygnum Switzerland, à swissinfo.ch. Ele também acha que os pioneiros incentivarão outros a dar o mergulho. “Agora temos uma responsabilidade como uma plataforma facilitadora para ajudar os bancos e outros atores financeiros a adentrar o mundo dos ativos digitais.

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Cut-out paper model of a blockchain

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“Isso tem implicações positivas para a Suíça e para a tecnologia de balanço distribuído [“distributed ledger technology”, a plataforma estilo blockchain em que as moedas criptográficas funcionam] internacionalmente”, acrescentou Mathias Imbach, que dirige a operação do grupo em Cingapura.

“As moedas criptográficas sairão da sombra se lidar com esses ativos puder ser feito de forma 100% compatível com todas as regras que um regulador estrito exige. Isso é uma mudança de paradigma”, acrescentou ele.

Reputação global

A Suíça tem sido um dos principais players na adoção global de ativos digitais “tokenizados” e tecnologia DLT. O país inclusive está em processo de atualização de sua legislação financeira para incorporar a nova tecnologia.

Essa é uma das razões pelas quais o Facebook decidiu abrigar sua fundação de criptomoeda Libra em Genebra. É também por isso que agentes estabelecidos, como a bolsa de valores suíça e a gigante das telecomunicações estatais Swisscom, estão se envolvendo com um número crescente de empresas iniciantes na Suíça.

Até agora, o setor de ativos criptográficos não conseguiu convencer completamente a Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro Suíço (FINMALink externo) de que poderia integrar de forma segura e confiável o mundo da criptografia e do financiamento convencional.

A Sygnum e a SEBA provaram agora que isso é possível para satisfação do regulador. A Sygnum até criou seu próprio código de pagamento digital, apoiado por francos suíços, que pode ser usado para concluir as negociações em sua plataforma.

Acredita-se que os benefícios de codificar todos os tipos de ativos financeiros em um formato puramente digital e negociá-los em ledgers DLT sejam múltiplos. Por não necessitar de intermediários, esse processo deve tornar mais rápidas e baratas a negociação e emissão de ações de empresas. A liquidação instantânea também eliminaria o risco de as negociações correrem mal enquanto aguardam alguns dias para serem concluídas.

Vozes críticas

“A DLT tem potencial para tornar toda a infraestrutura financeira mais estável e robusta”, disse Krieger.

Como acontece com todas as novas tecnologias não testadas em larga escala, há quem tenha dúvidas. Moedas criptográficas, como o bitcoin, foram proibidas em alguns países como potenciais instrumentos de crime e lavagem de dinheiro. Ao conceder as licenças, a FINMA exige que ambos os bancos criptográficos cumpram as regras anti-lavagem de dinheiroLink externo.

Os Estados Unidos estão liderando uma série de vozes críticas contra o projeto Libra do Facebook, temendo que ele acabe com o controle do sistema monetário. Instituições como o Banco de Compensações InternacionaisLink externo (BIS, chamado de Banco Central dos bancos centrais) também destacaram preocupaçõesLink externo sobre as moedas criptográficas.

Outros se preocupam que um sistema “mágico” de contabilidade digital que elimina a necessidade de contadores e bancos acompanharem o dinheiro pareça bom demais para ser verdade. No mínimo, dizem os detratores, ele entraria em colapso sob o peso de inúmeras transações de alta velocidade realizadas em todo o mundo todos os dias.

Mas, apesar das dúvidas, a Suíça parece determinada a manter-se à frente do jogo. Parte da razão, como explica Imbach, é o medo de ficar atrás dos concorrentes internacionais. “Outros países, como Liechtenstein e Luxemburgo, também tomaram medidas para adotar o DLT [embora ainda não tenham concedido licenças a nenhum banco criptográfico]. É crucial que a Suíça, pelo menos, se mantenha a par com eles”.

swissinfo.ch/ets

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