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FMI confirma sua previsão de crescimento mundial para 2024 a 3,2%

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) deixou nesta terça-feira (16) inalterada a sua previsão de crescimento global para 2024, antecipando uma melhoria na China e na Índia e confirmando previsões anteriores para as economias avançadas. 

Na terceira e última atualização do seu relatório anual, o FMI prevê um crescimento de 3,2% este ano e melhora ligeiramente a sua previsão para 2025 para 3,3% (+0,1 ponto percentual). 

Por outro lado, a economia da América Latina e Caribe piora ligeiramente. Crescerá 1,9% este ano (-0,1 pp) e 2,7% em 2025, estima o FMI. 

“A região realmente resistiu muito bem, como um todo, à crise da covid e aos choques subsequentes, tem sido resistente, por isso também foi uma das primeiras a responder às pressões inflacionárias”, explicou em coletiva de imprensa a vice-diretora do Departamento de Pesquisa do Fundo, Petya Koeva Brooks.

“Parte da desaceleração que vemos deve-se, na verdade, às políticas necessárias para reconstituir as reservas fiscais e combater a inflação”, acrescentou. 

A situação por país é muito diferente.

– Recessão na Argentina –

Os olhares estão voltados para a Argentina, país com metade da população na pobreza.

O prognóstico para este ano é sombrio, muito pior do que o previsto. O Fundo mantém uma projeção de contração de 3,5%, como havia antecipado em meados de junho, em comparação com os -2,8% previstos em abril, e uma recuperação de 5% para 2025.

A boa notícia para o país, com o qual o FMI tem um programa de crédito de 44 bilhões de dólares (238 bilhões de reais na cotação atual), é que a inflação continua diminuindo “muito significativamente”, afirmou em coletiva de imprensa o economista-chefe do FMI, Pierre-Oliver Gourinchas.

“Em 2023 foi cerca de 211% e em 2024 projetamos 140%” até o fim do ano, afirmou.

Isto se deve em parte ao drástico corte de gastos decretado pelo presidente ultraliberal Javier Milei. 

“Pela primeira vez em muito, muito tempo, o governo apresentou um orçamento equilibrado. A questão é se poderá continuar a fazê-lo no futuro, e é aí que o compromisso com o Parlamento e a tomada de medidas de alta qualidade no lado fiscal serão muito importantes e há sinais de que há avanços nesse sentido”, estimou Gourinchas. 

Reconhece, no entanto, que as medidas da Argentina têm “um impacto em termos de atividade econômica” porque “há menos gasto público, há falta de dinheiro”.

O relatório atualizado inclui dois países latino-americanos: o Brasil, para o qual prevê uma expansão de 2,1% (-0,1 pp) este ano e de 2,4% em 2025, e o México (+2,2%, ou seja, menos 0,1 pp) e 1,6% no próximo ano. 

A revisão em baixa para o Brasil em 2024 deve-se “ao impacto a curto prazo das grandes cheias” no sul do país, afirma o órgão financeiro.

A nível mundial, o crescimento permanece em uma tendência historicamente baixa a médio prazo, longe dos 3,8% registrados entre 2000-2019.

– Brecha notória –

“Temos duas áreas de preocupação”, alertou Gourinchas em declarações à AFP.

“Uma refere-se à trajetória orçamentária de um certo número de países onde as finanças públicas têm estado muito tensas (…) e a segunda às políticas industriais e comerciais, e ao risco de fragmentação geoeconômica”, explicou. 

A brecha entre as principais economias mundiais permanecerá significativa em 2024, com um crescimento previsto de 2,6% para os Estados Unidos, ligeiramente 0,1 ponto percentual abaixo da estimativa anterior, ante apenas 0,9% para a zona do euro (+0,1 pp que em março). 

Para a principal economia do mundo, “a nossa projeção não varia enormemente e não esperamos uma grande variação no caso de redução de taxas”, frisou Gourinchas. 

Na Europa, “a atividade continua mais forte nos serviços do que na indústria, o que significa que os países que dependem da indústria, como a Alemanha, estão um pouco atrasados”, explicou Gourinchas.

As previsões para a economia alemã permanecem, portanto, inalteradas (+0,2% em 2024). 

Na Espanha ocorre o contrário, com uma previsão de crescimento de 2,4% (+0,5 pp), permanecendo entre as economias europeias mais vigorosas. 

O Fundo está mais otimista do que em março especialmente para China (5%, +0,4 pp) e Índia (7%,+0,2%), graças à demanda interna e ao aumento das exportações. 

A Rússia permanece inalterada em 3,2% de expansão prevista para este ano.

els/jul/def/erl/cjc/aa/dd

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