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Ministro anuncia demissão após 15 anos no governo

O ministro fala à imprensa depois de anunciar que deixa o governo no final do ano. Keystone

O ministro dos Transportes, Energia, Comunicações e Meio Ambiente (DETEC), Moritz Leuenberger, anunciou sua demissão nesta sexta-feira (09/7).

Ele fica no cargo até o final do ano. Seu sucessor será eleito na sessão parlamentar de inverno, provavelmente dia 8 de dezembro.

A demissão de um membro do governo federal é uma das raras ocasiões em os meios políticos se agitam na Suíça. Os sete ministros (conselheiros federais) que formam o Executivo são eleitos pelo Parlamento a cada quatro anos e, com raras exceções, são reeleitos até que decidam sair.

Estabilidade e equilíbrio

É o caso do atual ministro dos Transportes, Energia, Comunicações e Meio Ambiente, Moritz Leuenberger, que anunciou sua demissão para o final do ano nesta sexta-feira (09/7) após 15 anos no governo em que sempre ocupou o mesmo Ministério.

Ele deveria ocupar a presidência rotativa da Suíça no ano que vem e justificou sua saída como forma de facilitar a preparação da presidência em 2011. Com a demissão de Leuenberger, a presidência no ano que vem deverá ser ocupada pela ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey.

Além da estabilidade no cargo, a escolha dos sete ministros do governo federal obedece ainda ao equilíbrio entre os principais partidos políticos. Moritz Leuenberger é do Partido Socialista (PS) e, portanto, o Parlamento deverá eleger outro socialista para substituí-lo, se o equilíbrio atual for mantido.

“Não busquem muitas razões táticas para minha saída; foi uma decisão pessoal minha”, disse Leuenberger na coletiva de imprensa em Berna em que anunciou sua demissão. Disse ainda que havia informado seus colegas ministros antes de anunciar que partia.

Em resposta à pergunta se sua demissão poderia prejudicar o Partido Socialista nas elelições legislativas de outubro de 2011, responde “acho que não”, e acrescentou que suas relações com o PS nunca foram tão boas como nos últimos tempos.

O PS elogia

O Partido Socialista acolheu com elogios a demissão de Leuenberger, principalmente seu engajamento pelos transportes públicos e pelo meio ambiente.

O comunicado assinado pelo presidente do PS, Christian Levrat, cita os projetos Ferrovia 2000, a construção dos novos túneis sob os Alpes e sua persistência em embarcar caminhões nos trens para atravessar os Alpes.

Críticas à direita e à esquerda

Como ocorre como outros membros do governo e muitos governos, o ministro Leuenberger também ficou entre a cruz e a espada em seu período de atuação no governo.

Os grupos de interesse ligados às rodovias criticavam seu ativismo pelo transporte público, que consideram como entrave à livre iniciativa.
Os ecologistas e antinucleares o consideravam muito moderado, permitindo que a Suíça fosse ultrapassada na promoção de energias alternativas e na luta contra o CO2. Outros dizem que ele não lutou o suficiente contra a energia nuclear.

Os sindicatos denunciaram o desmantelamento do serviço público (Correios, Swisscom, eletricidade). Ele também foi acusado de fazer o jogo da direita ao defender uma certa abertura do mercado fiscal.

Claudinê Gonçalves, swissinfo.ch

Moritz Leuenberger nasceu em 21 de setembro de 1946 em Bienne. Ele cresceu em Bienne, Basileia e Zurique. Após os estudos de direito, ele abre seu escritório de advocacia em Zurique, do qual se ocupa de 1972 até 1991.

Em 1969, ele entra no Partido Social-Democrata da Suíça. De 1972 até 1980, ele é presidente do partido na sua seção de Zurique, onde também exerce um mandato de vereador de 1974 a 1983. De 1886 até 1991, ele também é presidente da Associação Suíça de Locatários.

Em 1979, Leuenberger foi eleito ao Conselho Nacional (Câmara dos Deputados na Suíça). Ele se destaca na comissão de investigação criada após a demissão da ministra Elisabeth Kopp, prelúdio ao primeiro caso das fichas realizadas pelos serviços secretos helvéticos.

Em 1991, foi eleito ao governo do cantão de Zurique, onde tomou posse de um assento antes ocupado pelo partido União Democrática do Centro (UDC).

Em 1995, o Parlamento federal o elegeu ao posto de ministro no Conselho Federal. Até então, ele já ocupou duas vezes o cargo de presidente da Confederação Helvética (em 2001 e 2006).

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