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Suíços aprovam desigualdade salarial

Os suíços só disseram "não" neste domingo de votações. Keystone

Os suíços recusaram, no domingo, a iniciativa visando limitar a diferença salarial entre os funcionários mais altos e os mais baixos dentro da mesma empresa. Outras duas questões levadas à plebiscito também foram rejeitadas nas urnas.

Além de prevenir remunerações excessivas, a iniciativa “1:12”, que limitaria o maior salário de uma empresa à 12 vezes o menor salário pago, também tinha a intenção de aumentar os salários mais baixos. Um objetivo que continua com outra iniciativa popular “Para a proteção de salários justos”. Lançada pela União Sindical Suíça (USS), essa iniciativa ainda deve ser tratada pelo Parlamento e prevê a introdução de um salário mínimo de 22 francos por hora, ou cerca de 4.000 francos por mês.

A iniciativa da USS “marcaria uma mudança total no processo de fixação de salários mínimos na Suíça. Até agora, eles sempre foram negociados entre associações patronais e os sindicatos dos setores econômicos, com base na produtividade e na capacidade das empresas em pagar o mínimo estabelecido”, observa o economista e colunista suíço Beat Kappeler.

De acordo com os dados mais recentes publicados pela Secretaria Federal de Estatísticas, o salário médio para um trabalho a tempo integral era de 5979 francos por mês, em 2010.

O salário mensal médio bruto dos executivos era de 10195 francos no setor privado e 16526 francos no público (governo federal) e 22755 francos para os altos executivos do setor privado e 21548 do setor público.

Um décimo dos trabalhadores ganhavam menos de 3953 francos por mês e um décimo mais de 10833 francos.

Gesto por parte dos grandes varejistas

“Não há tradição de salários regulamentados pelo Estado na Suíça. Além disso, ainda é difícil conseguir aprovar uma iniciativa que contenha dados precisos”, diz Bernard Degen, pesquisador em história econômica da Universidade de Basileia.

Segundo o especialista, o debate sobre o salário mínimo, no entanto, causou “uma certa sensibilidade” com relação os salários mais baixos. As estatísticas mostram que, nos últimos anos, o aumento dos salários mais baixos foi um pouco maior do que o salário médio baixo.

No setor varejista, onde são encontrados os salários mais baixos, os grandes supermercados decidiram, recentemente, aumentar os salários mínimos. O salário mínimo mensal passará para 4000 francos a partir de dezembro na rede de supermercados Lidl. Em janeiro, outras redes prometem aumentar seus salários mínimos. Os supermercados Denner devem pagar salários de 3975 francos por mês, enquanto que as duas maiores cadeias de supermercados da Suíça, Migros e Coop, pagarão 3800 francos. No concorrente alemão Aldi, o salário mensal já é de 4112 francos. Enquanto isso, nos salões de beleza – outra atividade tradicionalmente mal remunerada – o salário mínimo também deve aumentar, passando para 3600 francos.

Por outro lado, o governo do cantão de Neuchâtel (oeste) apresentou recentemente um projeto de lei visando introduzir no cantão um salário mínimo de 20 francos por hora. O governo estadual gostaria que a lei entrasse em vigor em 2015. Neuchâtel seria, assim, o primeiro cantão a implementar um salário mínimo. Este princípio foi contido em uma iniciativa cantonal aprovado em referendo há dois anos. Desde então, uma iniciativa semelhante também foi aceita em outro cantão de língua francesa, o Jura.

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Incentivos fiscais para famílias

Os suíços também recusaram receber ajuda do Estado para criar seus filhos. A iniciativa “Sim para as famílias”, proposta pelo Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão), que visava conceder às famílias incentivos fiscais se elas cuidassem de seus filhos em casa, abrindo mão das creches, foi rejeitada por mais de 60% dos votos.

O SVP defende um modelo tradicional da família e considera que os país que preferem ficar em casa para cuidar dos filhos deveriam ser colocados em pé de igualdade com as famílias que colocam seus filhos em creches e, portanto, têm direito a certos benefícios fiscais.

No entanto, a maioria dos partidos políticos, o governo, bem como a comunidade empresarial e organizações de defesa dos direitos da mulher se manifestaram contra a proposta. Eles afirmam que ela iria desencorajar as mulheres a trabalhar fora de casa, além de provocar sérias limitações nos gastos públicos.

Uma reforma da lei de 2011 já havia deixado de lado uma situação fiscal preferencial para as famílias que não precisam de instalações externas de puericultura.

O processo de criação de um novo cantão que unificaria o cantão do Jura e o chamado “Jura bernês”, no cantão de Berna, também foi recusado após um escrutínio regional.

Os cidadãos dos três distritos francófonos do cantão de Berna recusaram, no domingo, por mais de 72% dos votos, a união com seus “irmãos” do cantão de Jura, que foram 77% a votar “sim”.

Sinal vermelho para aumento do selo-pedágio

O aumento do selo-pedágio de 40 para 100 francos por ano também foi recusado pela maioria dos suíços. A proposta do governo, aprovada pelo Parlamento, pretendia recuperar 376 km de estradas cantonais com o aumento, que acabou sendo contestado pelos automobilistas suíços.

O selo-pedágio suíço não sofreu nenhum aumento desde 1995 e, para as autoridades, seria necessário novos investimentos em infraestrutura para adaptar as rodovias suíças ao aumento do fluxo de tráfego e melhorar as ligações entre as diferentes regiões do país.

Os adversários consideraram o aumento de 150% “absurdo”, além de não ser suficiente para resolver o problema cada vez mais importante de congestionamento nas estradas. Segundo os automobilistas, o aumento também teria “enormes consequências financeiras” para pequenas e médias empresas.

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