Perspectivas suíças em 10 idiomas

“Importante é aprender o idioma”

Mulher com uma bandeja na mão e vista para as montanhas
O que mais Cristiana Pereira gosta no seu local de trabalho é a vista maravilhosa do terraço no restaurante alpino Sillerenbühl para os picos nevados das montanhas Albristhorn, Lohner, Wildstrubel e o Wildhorn. SRF-SWI

A Suíça é um bom país para ganhar dinheiro? Cristiana Pereira concorda. A jovem portuguesa chegou aos quartoze anos no país e hoje trabalha a quase dois mil metros acima do nível do mar. Porém o preço da integração é o esforço de aprender o idioma e se adaptar às condições do país..

O dia está perfeito. O céu azul sem nuvens, o sol despontando no céu, a neve precipitada na noite anterior, fresca e fofa, e as temperaturas levemente abaixo do zero. Condições perfeitas para esquiar. Os turistas instalados nos hotéis de Adelboden, uma conhecida estação localizada nos Alpes bernensesLink externo, esperam boas descidas sob o snowboard ou os esquis. Porém uma jovem portuguesa já está nas pistas, porém ela não vai descer a montanha.

Originária do vilarejo de Maia, na região Porto, Cristiana Pereira, tem 27 anos. Hoje acordou às seis da manhã para se preparar e chegar a tempo no trabalho, o restaurante alpino Sillerenbühl Link externolocalizado a 1.974 metros acima do nível do mar. O primeiro teleférico sai do vilarejo de AdelbodenLink externo uma hora antes de receber os primeiros esquiadores. Na gôndola embarcaram os cozinheiros, garçonetes e técnicos, que conversam em diferentes idiomas. Ao desembarcar, a portuguesa olha para os picos nevados das montanhas Albristhorn, Lohner, Wildstrubel e o Wildhorn que se apresentam majestosamente frente ao restaurante. “Olha como é bonito o meu lugar de trabalho”, afirma com orgulho.

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Adelboden é um típico vilarejo de férias na Suíça. O primeiro hotel foi construído em 1878. Se no início de 1900 viviam no local apenas 500 habitantes, hoje já são 3600, dos quais aproximadamente mil estrangeiros. Segundo a prefeitura local, quase todos os empregos estão ligados ao turismo, especialmente de inverno. Não é à toa que a principal preocupação seja o termômetro. Frio significa neve, neve turistas.

Dificuldades com o idioma

Cristiana chegou na Suíça aos 14 anos para se juntar aos pais. O casal já trabalhava há quase duas décadas em Adelboden. Como muitos outros portugueses, haviam deixado os filhos sob o cuidado dos avós na terrinha enquanto ganhavam dinheiro até poder trazê-los. Já instalada, seus pais a matricularam na escola do vilarejo. Era uma das poucas estrangeras na classe. A adaptação não foi fácil. “Não falava o dialeto suíço-alemão, mas a diretora da escola, que era chefe da minha mãe, achava que não seria problema para mim começar numa classe mais avançada. Mas não percebia nada”, lembra-se.

Um professor da escola achou que a portuguesa precisaria de melhores condições. Cristiana foi enviada então uma escola particular em Interlaken, a cidade mais próxima. O estabelecimento era especializado em formar crianças estrangeiras. “Acordava todos dias às cinco horas da manhã para conseguir chegar a tempo na escola. Mas a vantagem é que finalmente conseguiu aprender o alemão”, lembra-se, ressaltando que hoje domina vários idiomas, mas não o dialeto suíço-alemão, falado em Adelboden. “Eu entendo tudo, mas não falo.”

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As mãos que fazem as suas férias de esqui

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Como muitos filhos de imigrantes, a jovem portuguesa enfrentou o dilema de escolher uma profissão ao concluir o ensino básico. Tinha apenas dezessete anos. “Na Suíça você tem tantas possibilidades que é até difícil saber o caminho”, considera. Finalmente decidiu-se por uma formação profissional na área da gastronomia. “Eu arrumei um emprego em uma estação de esqui e gostei. O ambiente era tão bom, que chegava até a considerar os meus colegas como uma grande família.”

País dos diplomas

A formação profissional durou três anos e foi dividida entre o trabalho no restaurante e aulas teóricas, como é comum no sistema dual suíço. Cristiana nunca mais se esqueceu do momento em que se formou. “Chorei de felicidade, especialmente ao pensar como o meu pai, que já faleceu, ficou ao ver a filha segurando um diploma suíços nas mãos.”

Diplomas são valorizados na Suíça. Com a profissão reconhecida, é mais fácil encontrar emprego. Cristiana logo foi contratada por um restaurante no vilarejo de Frutigen, onde permaneceu quatro anos. Depois decidiu se juntar à família em Adelboden. Todavia, encontrar uma moradia não foi fácil. Nas estações de esqui os preços são mais elevados do que em outras regiões. Porém os contatos ajudaram. “Encontrei um apartamento por menos de mil francos ao mês de aluguel, o que nos permite de economizar dinheiro”, explica.

Ao meio-dia, o restaurante Sillerenbühl está lotado. Esquiadores de todas as idades estão sentados na grande varanda externa e fazem os pedidos. O movimento é intenso. Os hambúrgueres são grelhados e as batatas assadas saem do forno diretamente ao lado das pistas cobertas de neve. Cristiana corre de um lado para o outro trazendo os pratos ou recebendo novos pedidos. Seu namorado, também português e com quem compartilha o apartamento, trabalha ao lado, no espaço self-service, onde os clientes podem se servir com sanduíches, frutas ou bebidas. “Somos vários portugueses trabalhando aqui.”

Um portuguesa sobre esquis?

Num momento de pausa, uma pergunta desconcerta Cristiana. “Você sabe esquiar?”. Ela sorri, olha para as montanhas, e responde meio sem-graça. “Rentei algumas vezes, mas desisti. Não sou fã da neve. Prefiro o verão e a piscina”, confessa. Ela e o namorado folgam duas vezes por semana, sempre às segundas e terças-feiras. Nas horas livres, o casal aproveita para visitar outras partes da Suíça, sempre acompanhado pelo fiel cão.

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Por que o dinheiro do desemprego suíço é pago a Portugal

Este conteúdo foi publicado em No ano passado, a Suíça pagou subsídios de desemprego para 27 mil pessoas que vivem no exterior. O montante foi de quase 200 milhões de francos. A maior parte do dinheiro vai para as pessoas que vivem perto da fronteira com a Suíça, na França, Itália ou Alemanha, que perderam seus empregos na Suíça ou…

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A vida na gastronomia está ligada às diferentes estações do ano. Quando os turistas desaparecem, falta ocupação. É o momento em que os profissionais saem de férias. “São duas vezes, de abril à junho e outubro ao início de dezembro, dependendo da neve”, explica Cristiana. Se ela não consegue uma ocupação alternativa, solicita o seguro-desemprego. Se está livre, viaja de férias. “Gostamos de conhecer lugar quentes. No ano passado fomos à Ibiza.”

Questionada se pensa um dia em retornar à Portugal, a jovem não titubeia. “Amo meu país, mas sei que a situação econômica por lá não é muito boa. Os salários pagos na gastronomia não são muito bons”, lamenta. Na Suíça, ela ganha 4.200 francos por mês, o salário-base para uma garçonete com formação profissional. Fora isso recebe também uma participação nas gorjetas, “que são divididas entre todos os que trabalham no restaurante”. Com dois salários, Cristiana e seu namorado consideram que têm uma boa vida na Suíça e até sonham alto. “Gostaria de juntar dinheiro para comprar uma casa em Portugal”.

Seu futuro está na Suíça. Dona de um visto “C”, o de permanência no país e que dá todos os direitos com exceção de votar, não vê necessidade de se naturalizar. “Nasci portuguesa e assim continuo a ser”, brinca. Suas aspirações de futuro são claras: deseja continuar a trabalhar no restaurante no alto da montanha, onde não apenas se entende muito bem com os colegas, mas também com os nativos e turistas que frequentam o local. Aos parentes e amigos que lhe questionam sobre as oportunidades profissionais na Suíça, a receita é simples: “É preciso gostar de trabalhar e aprender os idiomas do país. Essas são as únicas formas de se integrar.

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Imigração para a Suíça continua aumentando

NúmerosLink externo divulgados pelo Departamento Federal de Estatísticas (BFSLink externo, na sigla em alemão) em 15.02.2019 mostraram que a imigração líquida dos cidadãos da União Europeia (UE)/Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) aumentou em quase 31 mil em 2018, um pouco mais que em 2017.

A imigração geral – que é gerenciada por cotas para estrangeiros de países terceiros (incluindo, por exemplo, os Estados Unidos) e limites temporários para alguns membros mais novos da UE – aumentou 2,9%, para quase 55.000 pessoas.

Isso significa que quase 2,1 milhões de estrangeiros – mais de dois terços deles da UE e países da EFTA – moravam na Suíça no final de 2018 (destes, cerca de 400.000 nasceram na Suíça). A população total do país é de 8,4 milhões.

Os italianos compõem o maior grupo de estrangeiros, seguidos pelos alemães e os portuguesesLink externo.

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