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Programas ocupacionais para refugiados prosperam

A equipe recolhe lixo em uma floresta de Lausanne. swissinfo.ch

Uma pilha de objetos quebrados e enlameados, entre eles uma velha máquina de café e um antigo cofre roubado, que deveriam ser jogados no lixo e que foram encontrados em um rio próximo à estrada.

O insólito tesouro foi dragado por uma equipe de requerentes de asilo empregados em um projeto de saneamento em Lausanne. Em 2011, houve um aumento nos programas de obras públicas para imigrantes em todo o cantão de Vaud (oeste).

“No início encontramos uma bolsa com algumas joias que foram entregues à polícia e na semana passada encontramos um scooter que tinha sido jogado no rio”, explicou o suíço Nathanaël Dépraz, assistente social, que vem coordenando o trabalho dos oito requerentes de asilo.

A equipe de voluntários – dois somalis, dois guineenses, um nigeriano, um gambiano, um iraquiano e um kosovar – foram selecionados para o programa de três meses financiado pela Secretaria Estadual de Migração de Vaud (EVAM) e pelas autoridades de Lausanne.

“O principal objetivo é ocupar o imigrante que tem poucas perspectivas de trabalho”, explica a porta-voz da EVAM, Emmanuelle Marendaz Colle.

“Eles não podem trabalhar ou não conseguem encontrar trabalho. Isto é como um trampolim para eles, uma primeira experiência na Suíça que lhes oferece um enquadramento para coisas como pontualidade e respeito das regras.”

O processo de asilo na Suíça leva, em média, 1400 dias. Requerentes de asilo que possuem um visto F (admissão temporária) ou N (à espera de uma decisão) podem trabalhar, mas os empregos ou são muito difíceis de obter ou exigem autorização oficial.

Síndrome da caixa de cartas

No entanto, Dépraz está contente com a forma como foram reunidos: “Todos têm diferentes perspectivas, o que poderia criar um desequilíbrio, mas, paradoxalmente, tudo funciona muito bem. Eles estão felizes de estar fora, isso muda a rotina deles e os faz sentir-se úteis”, disse.

Diallo Thierno, um estudante de direito de 20 anos, da Guiné, disse que não se importava de sujar as mãos: “Eu acho que é muito importante oferecer aos requerentes de asilo a possibilidade de trabalhar. Nós passamos dias sem fazer nada e nossas famílias esperam muito de nós”, conta.

Os organizadores dizem que os requerentes de asilo sofrem de uma “síndrome da caixa de cartas”, enquanto esperam ansiosamente por uma resposta de Berna ao pedido de asilo.

Eles dizem que o programa ajuda a combater a ociosidade dos requerentes de asilo, que pode tomar “caminhos negativos”, tais como o tráfico de drogas.

“Algumas pessoas me dizem: ‘Você está louco fazendo esse programa’. Respondo que prefiro ganhar dinheiro legalmente para alimentar minha família ao invés de fazer qualquer coisa por dinheiro”, disse Thierno.

Grandes expectativas

Dépraz admitiu que é difícil administrar as expectativas dos requerentes de asilo: “existe uma lacuna entre suas demandas e nossa realidade. Eles querem trabalhar e acham que dominam o francês, mas muitas vezes não falam bem o suficiente.”

Apesar da baixa remuneração para os padrões suíços – ganham 300 francos por mês para trabalhar 20 horas por semana, além do subsídio normal de 400 francos – o programa está tendo um bom resultado.

“Pode não ser muito gratificante colocar as mãos na lama, mas quando eles veem os sorrisos das pessoas agradecendo-lhes e perguntando sobre o que estão fazendo, isso dá valor ao seu trabalho”, disse a assistente social.

Os organizadores dizem que o programa pode oferecer um trampolim para um emprego de mais longo prazo.

“Não estamos falando de muitas vagas, mas se tudo correr bem a cidade está disposta a contratar uma ou duas pessoas, vamos ver”, espera Dépraz.

Interesse crescente

Florence Germond, secretária de finanças de Lausanne, que também é responsável por parques e florestas, disse que as autoridades estavam muito contentes com o programa e, se tudo correr bem, ele deve continuar.

Ela disse que o programa é uma importante contribuição dos imigrantes como parte de sua integração e para a comunidade local.

“Durante muito tempo esses programas ficaram mais na vontade, mas desde abril há uma aceleração real no número de projetos”, disse Marendaz Colle.

“Eles criam vínculos com as comunidades de acolho e apresentam uma outra imagem dos requerentes de asilo, não apenas como pessoas que estão sendo atendidas, mas como pessoas que querem fazer algo para a sociedade, o que é realmente importante para que os suíços mudem suas opiniões sobre os imigrantes.”

Uma pesquisa de opinião recente mostrou que as questões de imigração e de asilo são as principais preocupações dos cidadãos suíços. Desde os anos 1990 que a Suíça vem progressivamente restringindo suas leis sobre asilo e imigração.

De janeiro a maio de 2011, 8120 pessoas pediram asilo na Suíça.

A maioria dos pedidos de 2011 foram feitos por eritreus (1645), seguido por tunisianos (758).

Embora tenha havido um aumento de refugiados nos últimos meses, os números estão longe da alta de 1999, durante os conflitos nos Balcãs e no Sri Lanka.

Até maio de 2011, 38 mil pessoas estavam em busca de asilo na Suíça. Em 1999 eram 104 mil.

No final de agosto, 1.751.301 estrangeiros viviam na Suíça, representando 22,3 por cento dos residentes permanentes do país.

Adaptação: Fernando Hirschy

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